PERSONALIDADE

Em visita à reitora Márcia Abrahão, escritora espanhola falou sobre a necessidade de manter a defesa dos direitos humanos

 

Pilar del Río é uma dessas figuras cativantes à primeira vista. Franzina e simpática, a escritora espanhola, que preside a Fundação José Saramago (e é viúva do autor português), envolve a todos com seu jeito extrovertido, falante. E faz disso uma estratégia para divulgar algo que lhe é muito precioso: a Carta Universal dos Deveres e Obrigações das Pessoas.

Pila Del Rio e reitora Márcia Abrahão encontraram-se nesta quinta (18), no gabinete da Reitoria. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

O documento nasce das inquietações de Saramago em vida, ratificadas por Pilar. “Para nós, na Fundação, uma das coisas mais centrais é a questão dos direitos humanos. Setenta anos após a Declaração Universal, teríamos que ter avançado muito mais em conquistas sociais. Mas o que os governos fazem é pouco, mas também o que nós, cidadãos, fazemos é pouco”, disse ela, durante visita à reitora Márcia Abrahão, na tarde desta quinta-feira (18).

Em Brasília para participar do encerramento do XVI Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic), Pilar explicou que a Carta dos Deveres foi pensada como uma continuidade da Declaração Universal. “Tentamos colocar questões que não foram contempladas, até porque a Declaração é de 1948”, destacou. “Direitos humanos deveriam ser conteúdo obrigatório dos planos de educação de todos os países”, defendeu.

A reitora lembrou que o assunto tem mobilizado a comunidade acadêmica. Em 2017, a Universidade instituiu um Conselho de Direitos Humanos e, no ano passado, adotou como tema da campanha institucional UnB Mais Humana. “Seria uma honra se pudéssemos estabelecer alguma parceria ou acordo com a Fundação, para que vocês viessem apresentar a Carta de Deveres à comunidade da UnB”, disse Márcia.

Pilar vem levando o documento a diversos lugares do planeta e já o apresentou, inclusive, para a Secretaria-Geral da Organização das Nações Unidas e para o Conselho de Direitos Humanos da entidade. Também tem parceria com a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) para disseminação do conteúdo.

RESISTÊNCIA A gestora da UnB e a escritora espanhola também falaram sobre o difícil momento vivido pelas universidades públicas. “Estamos em uma época em que precisamos convencer as pessoas, o governo, de que a educação é importante, que as universidades trazem retornos substanciais à sociedade”, comentou a reitora.

Reitora fez uma selfie com a escritora espanhola. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

“Vemos afirmações como ‘a Terra é plana’ ou ‘vacinas são desnecessárias’, que revelam um ataque à racionalidade, aos dois últimos séculos de humanização”, acrescentou o vice-reitor, Enrique Huelva, também presente na visita. Além deles, participaram da conversa as professoras Ana Rossi, assessora da Vice-Reitoria, e Rozana Naves, diretora do Instituto de Letras.

Márcia resgatou, ainda, a fundação da UnB, uma Universidade “combativa desde sua criação”. “Neste momento, temos atuado com muita cautela, com consciência de nossa responsabilidade e papel. Estamos abertos a discutir propostas, mas também trabalhando na defesa da autonomia universitária”, disse a reitora, em referência ao programa Future-se, apresentado pelo Ministério da Educação nesta semana.

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