INTERNACIONALIZAÇÃO

Evento promovido pela Embaixada dos Estados Unidos debateu o tema com representantes de diversas instituições de ensino brasileiras

“Ministrar a disciplina em inglês e expôr os alunos a metodologias de ensino utilizadas nas escolas de negócios globalizadas contribui para o intercâmbio internacional ou para uma pós-graduação no exterior”, analisa o docente do Departamento de Administração (ADM/Face), José Márcio Carvalho. No registro acima, os participantes do seminário sobre internacionalização na educação superior. Foto: Arquivo pessoal

 

A Embaixada dos Estados Unidos convidou professores de várias instituições de ensino superior brasileiras para seminário sobre internacionalização na educação superior, com foco em English as a Medium of Instruction (EMI) – da tradução em português, Inglês como Meio de Instrução. A Universidade de Brasília foi representada pelos docentes da Faculdade UnB Gama (FGA/UnB), Suélia Fleury e Gilmar Beserra, junto a José Márcio Carvalho, do Departamento de Administração (ADM/Face). O evento ocorreu em São Paulo, entre os dias 28 de fevereiro e 2 de março.

 

O objetivo do encontro foi a discussão de metodologias com o uso do inglês como ferramenta de ensino. Para Virgílio de Almeida, chefe da Secretaria de Assuntos Internacionais (INT) da UnB, a participação dos docentes foi uma oportunidade para a troca de conhecimento e aprendizagem com especialistas.

 

“Adotar o inglês como meio de instrução é fundamental para o processo de internacionalização de qualquer instituição de ensino superior no século XXI. Além de tornar os cursos da UnB mais acessíveis e atrativos para estudantes estrangeiros, essa prática também promove a diversidade cultural e o intercâmbio de conhecimentos entre a comunidade acadêmica”, completa.

 

EXPERIÊNCIA – A docente Suélia Fleury apresentou no evento uma linha do tempo a respeito da aplicação das técnicas EMI nas disciplinas que leciona. Atualmente, a professora ministra Anatomia e Fisiologia Humana na graduação utilizando parcialmente o inglês, enquanto aplica totalmente o idioma em Tópicos Avançados em Sistemas Mecatrônicos, na pós-graduação.

 

“O convite surgiu para eu explicar as minhas experiências, e abordar os desafios da implementação no campus de Engenharia [FGA/UnB]. Quando os alunos estudam, por exemplo, o processo de condução ou análise de um circuito eletrônico e começam a usar termos em inglês, necessito revisitar as leis e conceitos no idioma estrangeiro. Porque o discente aprendeu esses termos em português, e não consegue correlacionar de forma rápida. É nesse momento que é preciso um redimensionamento da disciplina com relação ao conteúdo”, contextualiza Suélia Fleury.

A docente Suélia Fleury durante apresentação no evento sobre metodologias de uso de inglês como ferramenta de ensino. Foto: Arquivo Pessoal

 

A professora ressalta que a disciplina da pós-graduação acontece nas sextas-feiras, à noite: “é o último dia letivo da semana, em um horário tranquilo, com menor fluxo de pessoas circulando no campus. E, por consequência, os estudantes se sentem confortáveis para treinar o idioma estrangeiro em voz alta, sem vergonha de errar”.

 

O docente José Márcio, que aplica o inglês como instrumento de aprendizagem na disciplina de graduação Negócios Internacionais há mais de dez anos, apresentou sua experiência na área. “Compartilhei os sistemas utilizados para as aulas expositivas, métodos de estudos de caso usados pelos alunos para apresentar a origem e evolução das grandes multinacionais, e as práticas de leitura e discussão de artigos científicos relevantes para o conteúdo específico que ministro”, conta.

 

O professor também acompanhou mostras de professores especializados com o método EMI e atividades sobre trabalho com estudantes de diversos níveis de proficiência em inglês e abordagens para encorajar o uso do idioma nas aulas. “Houve dinâmicas com docentes de quase todos os estados do Brasil, nas quais dividiram suas experiências de ensino”, relembra.

 

Segundo o professor Gilmar Beserra, a aplicação de um idioma estrangeiro no ensino melhora a proficiência e aumenta a confiança para a comunicação em inglês dos discentes, além de ampliar um conjunto de possibilidades em termos de recursos nos meios acadêmico e profissional. “Aumenta a diversidade sociocultural, pois a oferta de disciplinas em inglês atrairá mais estudantes de outros países, e permitirá a interação e troca de experiências no ambiente acadêmico”, avalia.

 

Gilmar está implementando as técnicas EMI na disciplina que leciona, e segue a recomendação de fazer a transição para o idioma estrangeiro lentamente. O próximo passo é ministrar algumas aulas em inglês. “Dependendo do resultado e suporte da instituição, a ideia é atingir uma disciplina 100% em inglês”, planeja.

 

O evento foi finalizado com reflexões sobre as próximas etapas para facilitar a implementação das técnicas EMI nas instituições de ensino superior no Brasil. Suélia Fleury destacou a necessidade de a Universidade direcionar atenção a esse tipo de metodologia, pois é um diferencial dentro dos cursos de graduação e da pós. “Quando migro da aula usual para aplicar as técnicas EMI, que utilizam um ensino dinâmico, é necessário um preparo de conteúdo que requer uma atenção maior”, observa.

 

“Por causa da importância dessas práticas, para que as universidades brasileiras façam parte do processo de internacionalização da educação superior – que acontece em nível mundial –, as instituições em geral precisam fornecer o suporte necessário para apoiar os professores que estão tomando essa iniciativa”, diz Gilmar Beserra.

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

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