FORMAÇÃO

Iniciativa treinou mais de 60 profissionais e estudantes em técnicas de prevenção e manejo de crises, ampliando os conhecimentos sobre a prevenção ao suicídio

O curso é realizado de forma gratuita e, ao final, os participantes respondem uma avaliação que versa sobre os aspectos da formação. Os comentários, que ajudam a aprimorar o curso a cada ano, sugeriram a realização da prática de role-play (simulações de eventos). Foto: Arquivo pessoal

 

Saúde mental é um tema amplamente debatido na atualidade, ainda mais no Setembro Amarelo, mês da campanha de prevenção ao suicídio. Com o objetivo de formar multiplicadores capacitados para atuar de forma preventiva em situações de risco elevado, o Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos (Caep/UnB) realizou o Entrelinhas Acompanha - Curso de atualização em prevenção do suicídio e manejo de crise suicida.

 

O curso, que está na quarta edição, tem crescido desde a criação, em 2021. Inicialmente online, se tornou presencial em 2023, quando contou com 53 participantes. Este ano, o número aumentou para 61. A formação tem 40 horas de duração, distribuídas em cinco semanas e meia, com dois encontros presenciais de duas horas por semana e atividades complementares.

 

Nesta edição, além de psicólogos e estudantes de Psicologia, a formação contou com a participação de psiquiatras, enfermeiros e profissionais da segurança pública, como bombeiros e negociadores do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

 

Entre a vasta gama de temas abordados, estão fatores de risco, proteção, manejo de crises e preparo prático e emocional dos profissionais. Um diferencial, segundo os participantes, foram as estratégias para que os profissionais cuidem de si, enquanto auxiliam os outros.

 

Para a psicóloga Elisa Reifschneider, responsável pelo projeto, “a formação vai além do ensino técnico, integrando esses aspectos essenciais no atendimento a crises suicidas”. Ela enfatiza que o “curso tem um conteúdo bem técnico, fundamentado em evidências científicas e estudos diversos”.

 

NOVIDADES – “A presença de profissionais de áreas afins tem enriquecido o curso, trazendo novas perspectivas que complementam a formação”, destaca Elisa. Segundo ela, outras inovações deste ano foram a inclusão de seis monitores, formados por estudantes e psicólogos, e a realização da prática de role-play, que simula situações de risco para treinamento dos participantes.

Clique para ampliar. O conteúdo programático aborda temas como distribuição dos suicídios no Brasil, manejo de crise, preparo do profissional e comunicação segura. Imagem: Divulgação

 

“Participar como monitora foi uma experiência enriquecedora. Consegui entender algumas práticas, pensar em questões éticas e repensar muitas coisas, pois participamos de forma mais aprofundada do curso”, afirma Sofia Nishiyama, egressa em Psicologia pela UnB. Ela atuou como paciente no role-play, interpretando um homem mais velho e divorciado.

 

“Foi interessante essa nova perspectiva. Isso me ajudou a perceber, na vida profissional, como é importante investigar com empatia as histórias e pistas sutis que as pessoas revelam sobre seu estado mental e seus sentimentos”, comentou Sofia.

 

EXPERIÊNCIAS – O curso de prevenção e manejo de crises suicidas foi uma experiência transformadora para muitos dos participantes. “Estar no curso foi de extrema importância para minha trajetória acadêmica e profissional, especialmente por lidar com um tema que ainda é tabu e fonte de preconceitos na sociedade”, comentou Kamila Guimarães, estudante de Psicologia da UnB.

 

Ela destacou o ambiente acolhedor e o aprendizado profundo sobre o tema, bem como a segurança adquirida para enfrentar questões relacionadas ao suicídio nas práticas clínicas futuras.

 

João Victor Carneiro, psicólogo recém-formado pela UnB, elogiou a abrangência do curso e alertou sobre os riscos de uma abordagem inadequada nas campanhas de conscientização. “É importante valorizar a vida ao invés de dizer que a pessoa não deve morrer”, enfatiza.

 

Ele foi um dos três voluntários que participaram da dinâmica de role-play como terapeutas. As estudantes do Centro Universitário UDF (UDF) e do Centro Universitário Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), Júlia Stephany e Angélica Pires, respectivamente, também participaram da dinâmica.

 

Elas valorizaram a abordagem prática e o aprendizado sobre a formulação de risco. Júlia destacou o impacto do curso na sua compreensão sobre a população vulnerável ao suicídio. “A experiência me trouxe uma perspectiva mais precisa e foi essencial poder participar da realidade do paciente”, comentou.

 

Angélica destacou satisfação por ter participado do curso e pela oportunidade de levar um pedacinho da UnB para a sua graduação. A estudante resumiu o sentimento geral, ao avaliar como desafiadora experiência no role-play.

 

“A dinâmica nos possibilitou receber feedbacks valiosos dos colegas e professores, por meio de situações simuladas de risco”, lembrou Angélica. De modo geral, a abordagem teórica e prática do curso foi amplamente elogiada, sendo considerada fundamental para a aplicação na realidade profissional. 

 

O Grupo Entrelinhas, composto por psicólogos do Caep/UnB, atua na prevenção de suicídios e dá nome ao curso. Segue diretrizes internacionais de saúde mental, adaptadas ao contexto local, e realiza o curso anualmente, em geral em agosto, visando preparar os alunos para a campanha de setembro. As inscrições são divulgadas pelas redes sociais do projeto semanas antes da abertura.

 

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