O evento mais esperado da iniciação científica teve início na última sexta-feira (1º), no Instituto Federal de Brasília (IFB), unidade Asa Norte. A 30ª edição do Congresso de Iniciação Científica da UnB e 21ª do Distrito Federal (DF) contou com palestra da ex-diretora da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e professora da UnB, Mercedes Bustamante.
Com o tema Os impactos da iniciação científica nos estudos avançados de pós-graduação, a palestrante pontuou os desafios, conexões, benefícios e a importância da pesquisa para o país. “A iniciação científica é um sistema tipicamente brasileiro, que deu muito certo”, disse a pesquisadora.
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A docente falou sobre o papel da ciência para fornecer novas abordagens e soluções, frente aos inúmeros desafios da modernidade. “A educação tem o potencial de aflorar, despertar e estimular o potencial dos alunos e não apenas de despejar conteúdo”, comentou.
Mercedes lembrou em sua fala que a pesquisa envolve um grande trabalho, mas é essencial para a descoberta de novos conhecimentos e cada vez mais deve ser feita de forma conjunta e interdisciplinar. Além disso, discorreu sobre o diversos benefícios, como o desenvolvimento socioeconômico, que importa muito para o crescimento do país.
“O que se aplica lá fora não necessariamente se aplica aqui. Por isso, precisamos de pesquisadores pensando nos desafios do Brasil”, disse. Ela ainda falou sobre novas realidades de inovação no ensino e na aprendizagem, como a conectividade e o uso de inteligência artificial.
PROGRAMAÇÃO – O evento faz parte da Semana Universitária da UnB. A mostra de cartazes aconteceu no Centro Comunitário Athos Bulcão, no campus Darcy Ribeiro, entre 4 e 6 de novembro. Além da UnB, também participam do congresso a Universidade Católica de Brasília (UCB), o Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub), o Instituto de Ensino Superior de Brasília (Iesb), os institutos federais de Brasília (IFB) e de Goiás (IFG), a Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e o Centro Universitário do Distrito Federal (UDF).
Neste ano, também participaram da organização a Fundação Getulio Vargas (FGV), a Universidade Estácio de Sá, a Universidade do Distrito Federal (UnDF) e o Colégio Militar de Brasília (CMB). Ao longo da mostra, mais de 3 mil estudantes apresentaram projetos por meio de pôsteres expostos à comunidade, divididos em três áreas do conhecimento.
No dia 4, à tarde, foi o dia das Exatas e Tecnológicas. Já no dia 5 de novembro, durante a manhã e tarde, foi a vez da área de Saúde e Vida. O último dia, manhã e tarde, contou com expositores de Artes e Humanidades. Todas as avaliações dos trabalhos apresentados foram feitas eletronicamente por meio do celular dos avaliadores, que usaram aplicativo criado especialmente para o congresso.
Alunas do primeiro ano do ensino médio no CMB, estreante no congresso, falaram com empolgação sobre começarem na vida científica tão jovens. “Estou muito feliz, pois é muito interessante trabalhar com pessoas da universidade e aprender tantas coisas teóricas e práticas. É a descoberta de um mundo totalmente novo, sobre como pesquisar e o que fazer no futuro”, afirma Júlia Wood, de 16 anos.
“Poder trabalhar com Ciência ainda no ensino médio é realmente como conhecer um universo diferente do que estamos acostumadas. Eu não sabia nada sobre cagaita, que é o tema da nossa pesquisa, mas fomos fazendo várias descobertas e surgindo dados e possibilidades”, comentou Sabrina Lima. Ambas dizem querer continuar na pesquisa e ingressar na UnB, em Engenharia e Medicina Veterinária.
As integrantes do projeto Meninas.com (que fomenta a inclusão de meninas de escolas públicas do Distrito Federal em cursos de Exatas, ocupados majoritariamente por homens) também estiveram presentes na exposição. Aline de Galés, da Psicologia; Hanani Soares, da Engenharia Mecatrônica; e Bianca Patrocínio, da Engenharia de Software, conheceram o projeto no ensino médio e expuseram seus artigos no congresso.
“No ensino médio tive a oportunidade de fazer a iniciação científica e isso me possibilitou estar aqui hoje. A iniciação científica nos incentiva a focar nos estudos e permanecer na área de pesquisa”, afirma Bianca. Ela integra o projeto desde 2019, quando a escola em que ela estudava na Cidade Ocidental, entorno do DF, recebeu a iniciativa.
“Conheci o projeto em 2017 e apresentamos nesse mesmo congresso anos atrás. Lembro de ficar maravilhada e de pensar que, um dia, poderia estar aqui fazendo isso também. Estar nesse meio me fez acreditar que eu poderia estar na universidade, mesmo vindo de periferia e de uma realidade onde as pessoas não tinham ensino superior”, comentou Aline.
“Para mim tudo começou em 2015. Eu cheguei e fiquei maravilhada com a robótica, por poder fazer um carrinho e aprender tantas coisas novas. Foi motivador e decisivo, pois foi lá que conheci o meu curso, antes eu nem sabia que ele existia”, comenta Hanani. Ela e a amiga foram alunas da escola Paulo Freire, na Asa Norte.
A cerimônia de premiação do congresso será realizada no dia 19 de novembro, às 15 horas, no Centro Cultural da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), campus Darcy Ribeiro.
Assista a cerimônia de abertura do 30º Congresso de Iniciação Científica da UnB, retransmitida pela UnBTV: