Um estudo coordenado pela Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, e realizado em consórcio internacional, com a participação da UnB, vai mapear os genes de mais de 12 mil indivíduos que tiveram covid-19 em diversos países, como Portugal, Espanha, México, Cuba, Colômbia, Argentina, Paraguai, entre outros.
O projeto, intitulado Determinantes Genéticos e Biomarcadores Genômicos de Risco em Pacientes com Infecção por Coronavírus, é o primeiro na área de genética, envolvendo a covid-19, que abrangerá as populações ancestrais e miscigenadas do Brasil. Mais de cem grupos de pesquisa de vários países participam.
O objetivo é investigar o quanto a variação genética influencia nos quadros mais graves e nos casos assintomáticos da covid-19. A longo prazo, o estudo pode até permitir analisar a freqüência de predisposição de uma população a casos mais graves, e com isso será possível manejar leitos para tratamento da doença.
No Brasil, a pesquisa multicêntrica será desenvolvida na UnB, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – que coordena o estudo em nível nacional –, na Universidade Federal do Pará (UFPA) e na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Esse grupo de pesquisadores brasileiros deve se encarregar da coleta de 2 mil amostras de sangue a serem enviadas para a Espanha.
“Queremos verificar se há determinantes genéticos para variabilidade de sintomas entre os pacientes. Vamos buscar genes relacionados à inflamação e genes relacionados ao metabolismo de drogas”, explica a professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) à frente do estudo na UnB, Silviene Oliveira, que no momento está na Espanha.
Das amostras coletadas dos 12 mil indivíduos nos países que participam da pesquisa, cerca de 300 terá o sequenciamento completo do genoma.
Segundo Silviene, no início, pensava-se que a propensão ao desenvolvimento de sintomas mais graves da covid-19 estava relacionada a pacientes idosos e com comorbidades.
Com o tempo, contudo, verificou-se que pessoas de diferentes idades e sem doenças correlacionadas também desenvolvem a forma severa. “Então algo mais deve estar envolvido relacionado aos genes, isso que a pesquisa vai ajudar a identificar”, diz a professora.
ETAPAS – Em Brasília, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) e o laboratório Sabin auxiliarão na coleta de sangue. Depois, o material será enviado à Santiago de Compostela, na Espanha, para análise. Lá, as amostras serão sequenciadas sem que os pesquisadores identifiquem de onde é o paciente.
Os participantes também serão entrevistados para verificação de sintomas e exames. Posteriormente, será feita uma análise estatística para verificar a associação entre o genoma, os sintomas, o uso de medicamentos e a evolução do quadro clínico. “Os marcadores genéticos vão ajudar a identificar, na triagem do paciente, se ele tem chance de evoluir bem ou se o quadro se tornará grave”, afirma Silviene.
O estudo deve levar um ano para ser finalizado e poderá ser prorrogado por mais um ano. Os primeiros resultados devem sair até o final de 2020. Na Espanha e em Portugal, as coletas de sangue já foram feitas; na América Latina, essa etapa se dará em agosto e setembro deste ano.
Serão incluídos no projeto pacientes com diagnóstico positivo obtido exclusivamente pelo método RT-PCR ou por sorologia – pessoas que tiveram a confirmação da infecção por teste rápido não podem participar da pesquisa. Se você teve covid-19, se enquadra nos requisitos e deseja participar, envie uma mensagem de WhatsApp para o número (61) 9 9156 3973 até 20 de agosto.
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