A Universidade de Brasília sediou, nesta quinta (16) e sexta-feira (17), o evento Participação Social na Agenda de Ação COP 30, promovido pela Secretaria-Geral da Presidência da República. A atividade reuniu o Fórum Interconselhos e os Fóruns de Participação Social dos Estados da Amazônia Legal, com o objetivo de consolidar as contribuições da sociedade civil para a Agenda de Ação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30).
Na cerimônia de abertura, realizada no Centro de Convivência Multidisciplinar Athos Bulcão, a reitora Rozana Naves destacou a importância da presença da sociedade civil e das universidades na formulação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade e à justiça climática e ressaltou o papel da UnB como espaço de diálogo, produção de conhecimento e ação concreta em defesa do Cerrado e do meio ambiente.
“A agenda socioambiental tem sido pauta constante na UnB, que busca envolver estudantes, professores e a sociedade em geral em espaços de trocas e experiências coletivas que aliam ciência, arte e cultura. O enfrentamento dos desafios climáticos globais começa com ações locais, colaborativas e inspiradoras”, afirmou a reitora.
Ela também mencionou a atuação da UnB junto ao Colégio de Gestores da Rede de Universidades da Amazônia, formado por 24 instituições de ensino superior, e a participação na Rede de Estudos Ambientais dos Países de Língua Portuguesa, criada em Évora, Portugal. “Na nossa gestão, temos o compromisso com a justiça socioambiental e queremos ser referência em estudos sobre o clima, unindo ciência, inovação e extensão para dialogar com o mundo e contribuir para uma transição ecológica justa”, disse.
Rozana Naves também entregou ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, duas cartas: uma da UnB em defesa do Cerrado e outra da Rede de Estudos Ambientais dos Países de Língua Portuguesa.
BELÉM – O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, defendeu que a COP 30, a ser realizada em Belém (PA), representa mais do que um encontro internacional. “A Conferência das Partes é o principal processo climático do planeta, promovido pelas Nações Unidas, e escolheu o Brasil, uma das maiores democracias do mundo, para sediar a sua 30ª edição. Isso também se deve ao prestígio do presidente Lula, que voltou a colocar o país no centro do debate global”, argumentou.
O ministro reforçou que a COP será marcada pela ampla participação social e pela valorização das vozes da Amazônia. “A participação social não é anexo, não é rodapé, não é vitrine – é a espinha dorsal da agenda climática do nosso país. Estamos caminhando para a COP com uma das maiores mobilizações populares da história, e isso começou quando o povo passou a ser ouvido”, completou.
Segundo o ministro, o Brasil leva à COP uma proposta estruturada em seis eixos essenciais – energia, indústria e transporte; florestas, oceanos e biodiversidade; agricultura e sistemas alimentares; cidades, infraestrutura e água; desenvolvimento humano e social; e temas transversais. Em todos eles, reforçou: a sociedade deve ser protagonista.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou a relevância da COP 30 como marco da ação concreta frente à crise climática e da participação social qualificada no processo de construção de políticas ambientais. Segundo ela, o governo brasileiro tem trabalhado para que a conferência, que será realizada em Belém (PA), consolide o protagonismo do país na agenda global de sustentabilidade.
“A conferência tem um desafio muito grande. Por isso, o presidente Lula nos pediu que ela fosse a COP da implementação, a COP da verdade, mas também a COP da participação social qualificada, que viesse de um debate nas bases, acumulando agendas de enfrentamento da mudança climática – tanto para reduzir as emissões de CO₂ quanto para nos adaptar às mazelas que o clima já está causando”, explicou a ministra.
Marina Silva reforçou o compromisso do Brasil com uma transição ecológica justa e inclusiva. “A restauração produtiva pode gerar emprego, renda e novas florestas com espécies nativas. Queremos mostrar que é possível um novo ciclo de prosperidade sem deixar ninguém para trás – mulheres, jovens, indígenas, quilombolas, o povo preto. A COP 30 tem que ser a COP da implementação do que já decidimos: o fim do desmatamento, o fim dos combustíveis fósseis e a viabilização de 1,3 trilhão de dólares para os países pobres”, concluiu.
O evento também contou com a presença do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e da ministra Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação); do presidente da COP 30, o embaixador André Corrêa do Lago; do reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva.
A Agenda de Ação da COP reúne compromissos, iniciativas e medidas práticas voltadas à implementação dos acordos internacionais sobre mudanças climáticas. O conjunto funciona como um braço executivo das conferências, com foco em transformar negociações políticas em ações concretas. Está organizada em seis eixos: Energia, Indústria e Transporte; Florestas, Oceanos e Biodiversidade; Agricultura e Sistemas Alimentares; Cidades, Infraestrutura e Água; Desenvolvimento Humano e Social; e Questões Transversais.
INVESTIMENTO – Durante o encontro na UnB também foram anunciados investimentos do Fundo Amazônia, somando quase R$ 300 milhões, destinados a projetos de desenvolvimento sustentável e à regularização fundiária na Amazônia Legal.
O edital de Florestas Produtivas, com R$ 150 milhões para o período de 2025 a 2029, beneficiará 80 assentamentos de reforma agrária em sete estados (AM, AC, RO, MT, TO, PA e MA), abrangendo 6 mil famílias e 4,6 mil hectares de áreas a serem recuperadas. Os recursos são provenientes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do BNDES.
Outro investimento, de R$ 146 milhões, será destinado ao projeto Caminhos Verdes, voltado à regularização fundiária na Amazônia Legal. A iniciativa busca fortalecer a governança territorial e a gestão ambiental como estratégias para mitigar o desmatamento e contribuir para programas federais como o Terras do Brasil e o Sistema Nacional de Regularização Fundiária (Sinarf), beneficiando 13 mil famílias com títulos definitivos.
