Conscientizar a comunidade universitária sobre saúde mental no mês da prevenção ao suicídio e valorização da vida, o Setembro Amarelo. Este foi objetivo de rodas de conversa que ocorreram na última sexta (23) no Instituto Central de Ciências (ICC) da UnB. A Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária do Decanato de Assuntos Comunitários (Dasu/DAC) debateu os desafios da saúde mental na educação no Anfiteatro 9 e o Programa de Educação Tutorial (PET) em Psicologia organizou, no auditório do Instituto de Psicologia (IP), diálogo em torno das políticas públicas para promoção da saúde mental no Distrito Federal.
“Hoje entendemos que é preciso cuidar da saúde mental todos os dias do ano, porque não podemos perder de vista o aspecto geral. A saúde psíquica significa atenção ao corpo, ao psicológico, à existência, às vivências, às relações e à espiritualidade do indivíduo. A prevenção ao suicídio precisa ser colocada nesse contexto mais amplo e é preciso falar disso todos os dias”, disse o decano de Assuntos Comunitários da UnB, Ileno Izídio, durante a programação promovida pela Dasu.
“Todos nós temos capacidade de cuidar e de escutar o outro. Cada um de nós pode ser um agente de promoção da saúde”, destacou a diretora da Dasu, Larissa Polejack, ao falar sobre os cuidados dispensados à comunidade universitária com o retorno às atividades presenciais.
O psicólogo Jorge Antônio Lima, do Instituto Olhos da Alma Sã, apontou que, segundo dados recentes da OMS, 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem algum tipo de transtorno mental, sendo que 31% desse total são pessoas com ansiedade. O Brasil é o país mais ansioso do mundo, com aproximadamente 18 milhões de brasileiros sofrendo com o problema. É o país com o maior número de habitantes adoecidos.
Só em 2019, foram registradas 65 mil tentativas de suicídio no país, de acordo com o CVV. Com a pandemia de covid-19, em 2020, mais da metade dos brasileiros tiveram uma piora em sua saúde mental e emocional. Houve uma explosão de atendimentos psicológicos em 2021, principalmente de pacientes pertencentes à classe C, que sofreram os maiores impactos da recessão econômica. Em 2022, apenas no 1º trimestre, 110 mil pessoas tentaram tirar a própria vida no Brasil.
“Não adianta falar de suicídio se a gente não falar de ansiedade, depressão, recessão econômica, de olhar o ser humano como um todo, dentro da atual conjuntura, caso contrário você não consegue atuar”, disse Jorge.
REALIDADE LOCAL – No DF, a situação não é diferente. Adélia Capistrano, do Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia, participou da atividade do PET Psicologia e apontou que Ceilândia, Samambaia e São Sebastião apresentam o maior número de casos de automutilação e suicídio na região. Os dados são do Plano Distrital de Prevenção ao Suicídio.
O psicólogo Artur Cândido, da Secretaria de Educação do DF, criticou a privatização dos serviços de saúde e a transformação da saúde mental em mercadoria. “A saúde precisa ser vista como um direito, e não como um bem”, defendeu.
Sara Meneses, coordenadora da Comissão Especial de Psicologia na Saúde, destacou a relação entre assédio no trabalho e suicídio. “A ideia de que é possível separar vida pessoal e trabalho é um grande mito que requer reflexão”, disse. Segundo Sara, muitas pessoas estão em sofrimento em seus locais de trabalho, o que mostra que as empresas não estão sabendo manejar emoções e preferem não lidar com o assunto.
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