DIREITOS HUMANOS

Em evento na Faculdade UnB Ceilândia, mulheres com diferentes experiências compartilharam desafios e relatos emocionantes da vida com e sem filhos

O evento teve a participação da vice-diretora da FCE, Laura Davison; da estudante Ingrid Dias; da reitora Márcia Abrahão; da professora Izabel Silva; da técnica-administrativa Alexandra Alves; e da professora Aline do Carmo. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

Como parte das atividades da Semana Universitária (Semuni 2023), a partir do tema O Futuro é Feminino, a Faculdade UnB Ceilândia (FCE) realizou, na última quinta-feira (29), o I Simpósio: Maternidade e Carreira Universitária – do amor aos desafios. Em formato de roda de conversa, com depoimentos emocionados, participaram servidoras técnicas, docentes, estudantes e a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão.

 

“Foi em uma reunião do Conselho Pleno, em agosto, na qual a professora Olgamir Amancia, decana de Extensão, nos apresentou a proposta do tema da Semana Universitária, que tivemos a ideia de colocar em pauta os desafios da maternidade na carreira universitária”, contou a organizadora do evento, professora da FCE, Aline do Carmo, mãe de três meninos: Lucas, Rafael e Felipe.

 

Assim, com os nomes dos filhos, as mães foram apresentadas e chamadas para compor a roda de conversa. Márcia Abrahão, mãe do Tomás e da Renata, vovó da Olívia e reitora da UnB, foi a primeira; Isabel Silva, mãe da Tarsila e do Giuliano, professora do curso de Farmácia da FCE, a segunda a subir ao palco; Alexandra Alves, mãe da Beatriz, da Clarice, da Helena e do Lucas, servidora técnica, a terceira; Ingrid Dias, mãe do Pietro e estudante de Fisioterapia, logo depois; e Laura Davison, sem filhos, vice-diretora da FCE, completou o grupo.

A reitora Márcia Abrahão com o diretor da FCE, João Paulo Chieregato; e a vice-diretora da FCE, Laura Davison. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

DEPOIMENTOS – “Um dos momentos que me marcou foi quando tive que desmamar a Renata. Tinha uma viagem de campo, eu sou geóloga, e ela não poderia me acompanhar. Passei toda a viagem parando para tirar o leite. Outro momento que não esqueço foi a entrevista do mestrado. Eu tinha descoberto a gravidez naquele dia. Uma amiga me aconselhou: não diga que você está grávida. A geologia é uma profissão predominantemente masculina. Eu não disse, mas só pensava na minha gravidez”, contou a reitora.

 

Mãe de duas crianças com Transtorno do Espectro Autista, a professora Isabel Silva contou que a UnB proporcionou uma gravidez tranquila, que ela não teria se continuasse trabalhando em instituições particulares de ensino.

 

“Sou uma Isabel antes e outra Isabel depois da UnB. Antes, eu concordaria com a afirmação de que existem crianças que não servem para determinada escola. Hoje, sei que não se trata disso, é a escola que tem de estar preparada para a diversidade. E é muito o caminho que a UnB tenta seguir quando falamos de ações afirmativas”, disse.

 

A técnica-administrativa Alexandra Alves falou sobre a dupla jornada que diversas mães têm de enfrentar diariamente. “Foi um grande desafio atuar no Darcy Ribeiro, morando em Ceilândia. Saindo cedo e chegando depois das 19 horas. Esse desafio me fez uma pessoa mais forte. Ao vir para a FCE, em 2010, na Coordenação de Gestão de Pessoas, pensamos sempre em como tornar nosso espaço um local cada vez melhor para trabalhar”, descreveu. “E ainda ter energia para cuidar, dar amor, fazer as atividades escolares. É um desafio trabalhar oito horas, com ponto eletrônico, uma realidade para a maioria das servidoras. E eu tento dar o meu melhor aqui”, completou.

 

A vice-diretora da FCE, Laura Davison, contou que, devido a riscos de saúde, ela e a família viram que uma gravidez não seria uma possibilidade e ressaltou que há mulheres que optam por não ser mãe. “Não foi uma situação fácil”, disse. “Acho que a sociedade precisa trabalhar muito para evoluir para que uma mãe, realmente, tenha a tranquilidade de desempenhar todos os seus papéis sem que se sinta mal, sinta culpa, que tenha que dar conta de tudo, porque não acho que a gente tem que dar conta de tudo. Não consigo dar conta de tudo mesmo sem um filho”, argumentou.

Laura Davison destacou que a sociedade precisa pensar em acolher as mães. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

A professora da FCE Aline do Carmo conduziu o debate. Mãe de gêmeos, ela compartilhou um pouco da experiência que tem com a maternidade gemelar.

 

“Em um primeiro momento, eu achei que dava para caminharmos todos juntos. Mas vamos para a área de Exatas, e a conta não fecha. É uma mãe para, no meu caso, para três pequenas. Eles choram em momentos diferentes, ficam doentes em momentos diferentes e têm demandas. A impressão que eu tive é a de completa dependência. Quando eu amamentava os dois, eu ficava com os dois braços presos, meu marido ficava de um lado, minha mãe do outro para dar apoio.”

 

Estudante de Fisioterapia, na FCE, Ingrid Dias destacou a importância de uma rede de apoio, principalmente, nos primeiros anos da maternidade. Ela contou que, de segunda a sexta-feira, não tem com quem deixar o filho bebê. “Você se programa, você tenta estudar, porque, como universitária, você tem prazos, tem prova, tem apresentação de trabalho. Só que aí você acorda, tem dente nascendo, tem que dar vacina, vem uma febre e você não tem o que fazer, tem que cuidar.”

 

GESTÃO – A reitora aproveitou para fazer um resumo das ações empreendidas pela gestão com relação às mães, como a construção de uma política para mães na UnB que está em curso; a construção da creche no campus Darcy Ribeiro e a possibilidade que tenham vagas para filhas de estudantes; a criação do Programa Auxílio Creche; a instalação de fraldários em banheiros femininos e masculinos da UnB; a ampliação dos prazos para que docentes com produções científicas e estudantes de pós-graduação grávidas não tenham prejuízos nos estudos, entre outras. “Sabemos que temos muito ainda para fazer e avançar”, ponderou Márcia Abrahão.

 

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.