RECONHECIMENTO

Docente aposentado pelo Departamento de Sociologia recebeu a honraria em solenidade nesta quarta (1º), na presença de colegas e familiares

Saudado por dezenas de presentes, Sadi Dal Rosso celebrou cada momento de sua cerimônia de outorga do título de Professor Emérito. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

“Eu trabalhei pra caramba na Universidade de Brasília.” A afirmação de Sadi Dal Rosso, docente aposentado do Departamento de Sociologia, dá pistas sobre as razões que o consagraram professor emérito da Universidade de Brasília. O Auditório da Reitoria ficou lotado de familiares, amigos e colegas de trabalho na cerimônia desta quarta-feira (1º). A outorga do título foi aprovada, por aclamação, em reunião do Conselho Universitário (Consuni) em agosto de 2022.

Quem teve a oportunidade de discursar durante a cerimônia definiu Dal Rosso como um sujeito gentil, disposto, ativo, afetuoso, solidário e inspirador. “Para além de toda produção intelectual e dedicação ao ensino, administração e pesquisa, é o trato humano evidente em sua presença que o faz ser referência e exemplo para tantos”, discorreu o professor do Instituto de Ciências Sociais (ICS) Raphael Seabra, ex-aluno de Sadi e orador da solenidade.

Ao longo de sua carreira, o professor tornou-se referência nos estudos sobre o mundo do trabalho, com grandes contribuições sobre jornadas de trabalho e teoria do valor. Nos 43 anos dedicados à carreira universitária, publicou 24 livros e escreveu outros 46 capítulos de livros e 39 artigos, além de ser orientador de cerca de 60 dissertações e teses.

Após 43 anos dedicados à UnB, Sadi Dal Rosso recebeu o título de Professor Emérito. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

“É uma honra conceder esse título ao senhor e ver a presença de tantos colegas. O senhor, com toda certeza, contribuiu e continua contribuindo para que a UnB permaneça resistindo a todos os ataques que sofreu”, destacou a reitora Márcia Abrahão.

RESISTÊNCIA – Em seu discurso de agradecimento, o novo emérito pontuou a importância da universidade e de sindicatos na luta por direitos. Durante a fala, Sadi leu uma recomendação de demissão feita contra ele pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), à época da ditadura. Ela nunca foi cumprida. Entre as justificativas, acusavam-no de incitar manifestações, greves e reivindicações.

"Estamos numa época tão difícil como nos meus primeiros anos aqui. Por isso, temos que continuar sendo resistência, ativar os movimentos sociais, ir para a rua, como se fez no passado, para que nunca voltem a acontecer”, declarou Sadi, comparando o período da ditadura com o cenário recente do país.

A fala foi reforçada pela reitora, que citou como a UnB foi atacada nos últimos anos. “Nossa geração ousou ser contra a ditadura, eu fui uma das alunas que participou de assembleias no Teatro de Arena e o professor Sadi era uma figura sempre presente”, lembrou a gestora. "Talvez as gerações passadas não tenham sido totalmente eficazes, uma vez que voltamos a viver tempos tão difíceis", refletiu.

A atual presidenta do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Rivânia Moura, gravou um vídeo em reconhecimento ao emérito. Sadi presidiu o Andes no fim da década de 1980.

TRAJETÓRIA – Em 1972, Sadi concluiu duas graduações: em Ciências Sociais e Filosofia. Prosseguiu sua carreira como cientista social no mestrado, em 1976, e no doutorado em sociologia, concluído em 1978. No mesmo ano ingressou como docente no Departamento de Sociologia da UnB.

A mesa da cerimônia, composta por Sadi Dal Rosso, Márcia Abrahão e Arthur Trindade. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Ao longo as mais de quatro décadas de carreira universitária, o homenageado exerceu diversos cargos e funções na direção e coordenação, sendo ainda responsável pela criação do doutorado em Sociologia da Universidade. Ao aposentar-se, em 2021, ele também havia concluído cinco estágios pós-doutorais em universidades de Itália, Estados Unidos, França e México.

“Como muitos aqui presentes, eu também tive a honra de ser aluno do professor Sadi. Anos depois nos tornamos colegas de profissão. Naquela época, eu achava que sabia o que era ser professor, mas, na verdade, foi ele que de fato me ensinou”, relembrou o colega e diretor do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da UnB, professor Arthur Trindade.

Mesmo aposentado, o professor emérito continua na pesquisa. Até 2021, foi pesquisador 1C do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com bolsa reservada a pesquisadores que se destacam na produção científica. Agora, trabalha em um projeto de pesquisa financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).

 

Confira a cerimônia de outorga do título:

 

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