SÉRIE CPA

Pesquisa mostra inserção no mercado formal de trabalho, área de atuação, salários recebidos, entre outros dados

A leitura do gráfico, da direita para a esquerda, permite notar que, basicamente, a remuneração dos formados na UnB aumenta a cada ano que passa. Arte: Francisco George Lopes/Secom UnB

 

Quanto mais o tempo passa, maior tende a ser a remuneração daqueles que se formaram em cursos de graduação da Universidade de Brasília. A informação é da Pesquisa de Egressos de 2019, realizada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) da UnB. Realizado periodicamente a partir da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), fornecida pelo antigo Ministério do Trabalho e Emprego, que hoje integra o Ministério da Economia, o estudo mais recente traz dados de 2017.

 

A pesquisa acompanha ex-estudantes da UnB que atuam no mercado formal de trabalho e fornece informações, como a localização desses egressos, o tipo de vínculo empregatício que têm, a ocupação que desempenham de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações e a renda média que percebem. O objetivo é verificar a colocação dessas pessoas no mercado formal de trabalho.

 

O estudo identificou que os formados em 2017 possuem remuneração média de R$ 4.088,90, por exemplo, enquanto aqueles que concluíram o curso no ano 2000 têm salários de R$ 15.063,36, em média. Já a remuneração média para os graduados em 1985 é de R$ 25.148,25.

Dados de 2017, embasados na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), fornecida pelo Ministério da Economia. Arte: Igor Outeiral/Secom UnB

 

“O aluno que se formou em 2017 é o que tem menor remuneração, porque ele recém ingressou no mercado de trabalho. Ao longo dos anos, o salário vai aumentando, conforme o esperado”, afirma a professora Andrea Cabello, diretora de Avaliação e Informações Gerenciais (DAI), do Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DPO).

 

Em relação à distribuição das remunerações dos egressos da Universidade de Brasília por Unidade Federativa em que atuam profissionalmente, no Rio Grande do Norte e no Rio de Janeiro eles chegam a ganhar, em média, R$ 14.009,90 e R$ 12.699,58, respectivamente. Nessa perspectiva, o Distrito Federal fica na 11ª posição – aqui a remuneração média é de R$ 10.261,58.

 

Vale ressaltar que 83% de todos os graduados pela UnB trabalham no DF. O Acre é a segunda Unidade da Federação mais buscada por eles e Goiás é a terceira, com remunerações médias de R$ 2.782,10 e R$ 6.024,35.

 

“Temos estudantes que vão para outros lugares do país e é ótimo que isso aconteça, que ocupem outros espaços. Mas é muito importante saber que a Universidade de Brasília atende à demanda regional em que está inserida”, avalia a presidente da CPA, Cláudia Griboski. Segundo ela, é possível aprimorar o projeto pedagógico quando se conhece os locais de empregabilidade que os estudantes tendem a ter.

 

“É possível ter mudanças curriculares a partir da análise desses dados. Estamos formando para o mundo do trabalho, então temos que estar atentos a essas necessidades, aos estados em que estão colocados esses egressos. Para a UnB, essas informações são fundamentais. Os relatórios são levados aos colegiados dos cursos e aos núcleos docentes estruturantes para que os professores se debrucem sobre os resultados e identifiquem as demandas e possibilidades de atuação de nossos ex-alunos. A análise de demanda é essencial para a oferta de cursos, por isso a nossa Política de Acompanhamento de Egressos é extremamente necessária”, explica Cláudia.

Graduada em Ciências Biológicas e mestre em Ecologia pela UnB, a pesquisadora Fernanda Werneck recebeu prêmio da Unesco. Atualmente, é pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Foto: Divulgação

 

A pesquisa traz dados de 44.924 egressos da UnB, tanto formados como evadidos ou desligados. Os primeiros, que somam 75% do total de ex-alunos da Universidade identificados na RAIS, concluíram o curso na Universidade; já os demais saíram antes ou por iniciativa do própria (14%) ou por falta de rendimento, ausência de documentação, interrupção da graduação por decisão judicial, entre outros (11%).

 

Entre os formados, as mulheres são maioria e estão na faixa de 30 a 34 anos. Apesar de superarem os homens, elas percebem remunerações menores que as deles: tanto as formadas como as evadidas ganham, em média, 73% do salário dos graduados ou dos desligados. A maior parte dos estudantes que não se formaram é do sexo masculino e está na faixa de 25 a 29 anos de idade.

 

“O salário dos ex-alunos não formados é comparável ao das formadas. Ou seja, a discriminação coloca uma penalidade às mulheres: mesmo sendo bem sucedidas na trajetória universitária, no mercado de trabalho o salário delas é menor. Em quase todos os cursos isso se repete. Esse dado chama muito a atenção”, analisa a diretora Andrea Cabello.

 

Dos 33.634 graduados registrados na pesquisa, 55% estão no serviço público efetivo, com remuneração média de R$ 12.188,88. Outros 38% estão na iniciativa privada, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho, com remuneração média de R$ 7.324,48.

 

Entre os 11.290 evadidos, 50% estão regidos pela CLT, com remuneração média de R$ 4.800,50, enquanto 44% são estatutários, regidos pela Lei nº 8.112, com remuneração média de R$ 11.027,04.

Os médicos Luciano Fares, Benício Oton e Ricardo de Lauro, egressos da UnB, lideraram equipe que operou gêmeas siamesas no DF. Foto: Hospital da Criança de Brasília/HCB

 

“Observamos que os ex-alunos e as ex-alunas atuam nas mais diversas áreas e fortemente no setor público, demonstrando que a Universidade vem cumprindo com sua missão institucional e com seu papel social, até por nossa localização geográfica, na capital do país”, afirma a decana de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional, Denise Imbroisi.

 

“Esse acompanhamento dos egressos também nos possibilita contribuir para o aprimoramento de nossas estratégias internas junto aos cursos de graduação, apontando diferenças de renda relacionada a gênero, por exemplo, que indicam a necessidade de olhares acadêmicos específicos sobre o tema”, detalha.

 

A distribuição das remunerações muda de acordo com a forma de saída, e é significativamente maior para os que efetivamente se formaram na UnB: os desligados por falta de rendimento ganham em média R$ 6.896,97, enquanto aqueles que cancelaram o curso por conta própria recebem R$ 8.020,84. Já os graduados têm renda mensal de R$ 9.816,83.

 

Em relação à profissão, a de menor remuneração entre os formados é a de professor de nível superior do ensino fundamental (R$ 3.733,14). No extremo oposto, está a de analista financeiro em instituições financeiras (R$ 21.969,69). Contudo, as profissões em que se identificou maior incidência dos graduados da UnB são: professor da Educação de Jovens e Adultos do ensino fundamental (R$ 8.138,25 de renda, em média), assistente administrativo (R$ 7.990,98) e administrador (R$ 13.728,45), nesta ordem.

 

Já entre os evadidos e evadidas, a profissão de menor remuneração é a de recepcionista (R$ 1.508,33) e a de maior salário é a de dirigente do serviço público federal (R$ 20.739,64). Em relação à incidência, eles concentram-se nas atividades de assistente administrativo (R$ 6.242,14), escriturário de banco (R$ 9.296,28) e auxiliar de escritório (R$ 3.128,41).

Maior parte dos alunos formados na UnB está no serviço público. Arte: Francisco George Lopes/Secom UnB

 

CURSOS E METODOLOGIA – Vale lembrar que esta pesquisa foi feita pela primeira vez em 2013 para toda a Universidade. Em 2016, ela passou a abarcar cursos individualmente – foram oito nesta ocasião – e, em 2019, há uma versão para toda a UnB e outras específicas para mais de 80 cursos de graduação.

 

Em 2013, a UnB firmou convênio com Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para ter acesso aos dados identificados da RAIS, que contém informações sobre todos os trabalhadores formalmente contratados no Brasil.

 

A partir daí, passou a ser possível realizar uma série de levantamentos sobre a atuação dos ex-alunos da Universidade de Brasília ao longo dos anos no mercado formal brasileiro, tais como faixa de renda, tipo de vínculo empregatício, área de atuação, distribuição por Unidade da Federação.

 

A identificação dos egressos obedece a dois critérios principais e simultâneos: estudantes que ingressaram na UnB e saíram de seus cursos, por formatura ou evasão, até o ano de 2017, e estão presentes na RAIS 2017. As remunerações foram calculadas por trabalho principal de cada pessoa. Para tal, foram consideradas as seguintes variáveis: horas semanais contratadas, tempo de serviço no emprego e remuneração.

 

O acompanhamento de egressos possibilita à Universidade de Brasília ter informações acerca da formação ofertada aos estudantes, avaliar a qualidade dos cursos, formular políticas institucionais e constatar os resultados do compromisso da UnB com a sociedade, em termos de empregabilidade no mercado formal.

 

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