Festa. Diversidade. Acolhimento. Autoafirmação. Tudo isso foi visto e sentido na comemoração pelos 15 anos da Faculdade UnB Gama (FGA), celebrada na última sexta-feira (1º). Com atividades iniciadas cedo da manhã, às 7h, houve observação do sol com telescópio específico, canto, corrida, xadrez, jogos eletrônicos, crochê, construção de aviões de papel. E mais: oficinas, competições esportivas, momentos culturais, científicos e gastronômicos, com direito a menu especial no Restaurante Universitário e nos food trucks que estacionaram por ali.
O sentimento geral era de alegria e satisfação com o campus da Universidade de Brasília que nasceu em 26 de agosto de 2008, como parte do projeto de expansão da UnB. Voltada para o ensino de Ciências Exatas, a FGA oferece cursos de graduação nas engenharias Aeroespacial, Automotiva, de Energia, de Software e Eletrônica – que, juntas, formaram 881 pessoas entre 2013 e 2022 – e de pós-graduação em Engenharia Clínica e Informática na Educação, Engenharia Biomédica e Integridade de Materiais da Engenharia.
“O que está mais me chamando a atenção é a quantidade de pessoas, a participação delas e a quantidade de coisas pra fazer”, afirma o estudante do nono semestre de Engenharia de Energia Tiago Alves, que aproveitou a data para expor os trabalhos da empresa júnior de que faz parte. Entusiasmada, a colega Laura Pinos, do nono semestre de Engenharia de Software, admirou as iniciativas profissionais de estudantes como Tiago.
“Eu nunca participei de um evento como este. Achei bastante interessante, principalmente as empresas juniores mostrando trabalho, o que agrega muito no nosso aprendizado. Eles põem em prática [o que veem em sala de aula], acho muito importante”, opina Laura.
Para demonstrar o trabalho feito pela equipe de aerodesign Mamutes do Cerrado, composta por alunos do curso de Engenharia Aeroespacial da UnB, a estudante do oitavo semestre Ana Clara Ferreira levou o avião que está em desenvolvimento para participar da Competição SAE Brasil AeroDesign, que será em São José dos Campos (SP). Foi possível ver na FGA toda a estrutura projetada para a aeronave e conhecer o que o grupo pensou para o modelo.
“É uma forma de quem está visitando conhecer o nosso trabalho. A gente desenvolve avião, e põe nisso todo o conhecimento que vemos dentro da sala de aula. Aqui ele não tá voando, mas conseguimos expor e explicar também um pouquinho de como ele é feito, o que aplicamos”, explica Ana Clara. “Todo ano, temos uma missão diferente, então todo ano, temos que desenvolver um novo modelo completamente do zero”, acrescenta.
MULHERES NAS ENGENHARIAS (E EM QUALQUER LUGAR) – A presença de mulheres em atividades que já foram tradicionalmente desempenhadas por homens foi não somente percebida na comemoração dos 15 anos da UnB Gama, mas também foi tema de um talk show pela tarde. Conduzido pelas professoras Juliana Petrocchi e Loana Velasco, o encontro abordou situações que hoje não são mais toleradas em ambientes de estudo e de trabalho, como assédios mascarados como elogios ou afirmações preconceituosas de que determinadas profissões não devem ser ocupadas por mulheres.
“A gente tem que entender que qualquer lugar é lugar de mulher sim. E a gente percebe que as meninas desta geração estão mais empoderadas do que as meninas, por exemplo, na minha época de graduação. Elas têm mais referências femininas. Na minha graduação, eu não tive nenhuma professora de engenharia, só de matérias do básico. E, hoje, elas já têm esse acesso a professoras e a pessoas de liderança. A própria UnB tem um bom exemplo, a gente tem a primeira reitora na Universidade de Brasília”, ressaltou a docente Loana Velasco, do curso de Engenharia de Energia.
“Foi um bate-papo bem legal e achei que trouxe exatamente o acolhimento. E pudemos passar para elas a nossa experiência, que talvez ajude as alunas a lidarem com questões que ainda irão enfrentar”, avalia.
Professora de Engenharia Eletrônica e vinda da Colômbia, Cláudia Ochoa nota uma procura maior de meninas por esses cursos, mas acredita que poderia ser maior. “Acho que em nossos cursos aqui na engenharia há uma boa adesão de mulheres e a gente, como professor e como professora, no caso, sempre está incentivando pra que tenhamos ainda mais mulheres participando.”
Para suas alunas, Cláudia sempre reforça que elas são tão capazes quanto os homens.
“Pra mim foi um desafio, mas foi uma experiência muito boa e é isso que transmito para elas, de falar: ‘olha, pelo fato de ser mulher, isso não tem nada a ver, você consegue tanto quanto os homens, você pode se destacar da mesma forma’. Acho muito interessante isso de eu ter sido aluna mulher, e agora estar na posição de professora e tentar transmitir essa minha experiência. Tem sido muito bom”, afirma.
“A gente está se esforçando bastante pra que o nosso campus aqui da FGA seja um polo de tecnologia que atraia a comunidade não só dos arredores do Gama, mas das outras áreas da cidade. E a experiência tem sido sensacional na organização. A gente espera que essa visibilidade de hoje, seja para muitos anos mais... e para mostrar que ao longo desses 15 anos a gente construiu um campus de tecnologia, que está melhorando, e que o que a gente tem aqui é excelência: excelência acadêmica, excelência na pesquisa, excelência na extensão e que a gente vai continuar nessa pegada”, destaca Cláudia Ochoa.
UM OLHO NO PASSADO E OUTRO NO FUTURO – Participaram do evento a reitora da UnB, Márcia Abrahão; o vice-reitor Enrique Huelva; o diretor da FGA, Sandro Haddad; além de outros gestores como os ex-reitores Ivan Camargo e José Geraldo de Souza Júnior, ex-diretores e vice-diretores da FGA, e a administradora do Gama.
Todos relembraram fatos do passado, como dificuldades por que passaram até a criação da Faculdade UnB Gama, e fizeram votos para o crescimento da instituição no futuro.
“É um orgulho estar aqui 15 anos depois – eu, que participei desde o início, desde a decisão de criar a faculdade e depois de todas as dificuldades pra nós implantarmos os cursos, começarmos as aulas e, durante esse período, a mudança de prédios. E hoje a gente vê o campus consolidado, com prédios muito bem equipados, ex-alunos já no mercado trabalho, na pós-graduação. Então, é um grande orgulho e só tenho a desejar muitos anos de vida à FGA”, declarou a reitora Márcia Abrahão.
“Esperamos mais 15 anos de sucesso”, disse o diretor Sandro Haddad. “São 15 anos de superação, tivemos muitas dificuldades estruturais, administrativas, acadêmicas, mas tenho certeza de que a gente superou, graças ao esforço de toda a comunidade. Temos muito ainda a evoluir, consolidar nossa excelência acadêmica, científica. Desejo todo o sucesso para a FGA. Se Deus quiser, daqui a 15 anos estaremos contando muito mais histórias de sucesso da FGA”, encerrou Haddad.