A Universidade de Brasília em parceria com o Ministério da Saúde (MS) criou o curso de especialização Avaliação Econômica em Saúde, gratuito e destinado a profissionais da área. Vinte e dois estudantes de todo o país vão acompanhar as aulas durante 15 meses, na modalidade a distância, com aulas síncronas e assíncronas, lecionadas por professores da Faculdade UnB Ceilândia (FCE), Faculdade de Medicina (FM/UnB) e de outros departamentos da Universidade.
O curso é uma especialização lato sensu e foi idealizada pelos docentes da FCE Rodrigo Luiz Carregaro e Everton Nunes, junto a Henry Maia (FM) e Ivan Zimmermann, do Departamento de Saúde Coletiva (DSC/FM/UnB).
O docente Henry Maia explica como os conhecimentos transmitidos nas aulas podem melhorar a qualidade e a eficiência dos serviços de saúde atuais: “Com o maior número de profissionais capacitados, a tomada de decisão poderá ser apoiada por meio do desenvolvimento de avaliações econômicas de qualidade. Isso contribuirá para melhorar o uso dos recursos disponíveis e produzir maiores benefícios para a população brasileira, tornando o SUS mais eficiente e contribuindo para a sua sustentabilidade”, detalha.
“Precisamos compreender que a situação de saúde no Brasil é extremamente complexa. É nesse contexto que os tomadores de decisão do SUS precisam decidir sobre quais serviços de saúde oferecer, quais medicamentos e tecnologias adotar, e como expandir ou modificar a oferta de serviços. A avaliação econômica fornece evidências objetivas sobre os custos e benefícios dessas decisões, permitindo que gestores e formuladores de políticas tomem decisões informadas e eficientes”, completa.
A temática surgiu de discussão de práticas baseadas em evidências e evoluiu para a avaliação econômica em saúde, enquanto o grupo realizava uma interface com o Ministério da Saúde. O órgão trouxe a demanda de capacitação no assunto, a partir de estudos do Núcleo de Avaliação de Tecnologia em Saúde (NATS/MS), que apontavam sua importância.
“É uma demanda reprimida. Muitos profissionais têm bastante dificuldade nesse conhecimento e abordagem de avaliação econômica em saúde. A proposta nasceu nesse contexto,” explica o professor Rodrigo Luiz Carregaro.
CONCEPÇÃO – Durante a criação do curso, os professores aplicaram a metodologia painel Delphi, com o intuito de reunir conteúdos e carga horária a serem examinados por conjunto de especialistas em avaliação econômica em saúde no Brasil.
“A partir dessa análise crítica e avaliação dos conteúdos, fomos ajustando-o até sair o nosso curso que tem 10 módulos e 390 horas”, revela Carregaro.
Segundo o docente, o diferencial do curso é o crivo científico e o próprio tema. “Uma validação de um painel mostra que são conteúdos com grande probabilidade de serem relevantes. Então, tem uma implementação prática importante, já que passou por essa análise”, avalia.
"Este vai ser o primeiro curso de especialização nessa temática no Brasil de que nós temos conhecimento. Já há esse diferencial em si, com essa proposta de capacitação e atividades bem práticas de desenvolvimento dos modelos de avaliação”, conclui.
Para o docente, o curso que demorou quase dois anos até ser finalizado é transversal, dado que foi elaborado em conjunto com vários institutos e departamentos da Universidade.
Os discentes selecionados para participar desta primeira edição são profissionais do Ministério da Saúde e do Núcleo de Avaliação de Tecnologia em Saúde (NATS) que trabalham em parceria com o Ministério. “É um curso com menos vagas, para ter uma formação bem focada e que pudéssemos dar mais atenção para os alunos”, ressalta o professor.
INAUGURAÇÃO – A abertura do curso ocorreu no final de setembro (22), na Faculdade de Medicina. Participaram da aula magna o diretor da FM, Gustavo Romero, a coordenadora-geral do Ministério da Saúde, Ávila Teixeira Vidal, e os docentes idealizadores do curso.
O professor Rodrigo Luiz Carregaro conta que o evento tinha o “objetivo de acolher os alunos e fomentar essa estratégia de capacitação do Ministério da Saúde”. Ele espera para o futuro a formação de mais turmas. “Acho que, com essa primeira turma, vamos aprimorando o curso. Vamos fazer toda análise de feedback, ajustes necessários, caso haja, com o intuito de abrir novas turmas.”
*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.