No mês em que é celebrada a atuação de mulheres e meninas na ciência, a Universidade de Brasília lança edital inédito para fomentar projetos de extensão que incentivem a participação feminina nas áreas de ciência e tecnologia. As iniciativas deverão ter atuação focada, sobretudo, nas escolas públicas do Distrito Federal, e, oportunamente, nos polos de extensão de Ceilândia, Estrutural, Paranoá e Recanto das Emas e nas Casas Universitárias de Cultura da UnB.
>> Confira o edital
Intitulado Mulheres e Meninas na Ciência: o futuro é agora, o edital nº 05/2023 é uma realização conjunta do Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI), do Decanato de Extensão (DEX) e da Secretaria de Direitos Humanos (SDH). A ação também faz parte da nova campanha institucional Futuro é agora, que convida todos a construir uma universidade mais inclusiva, participativa, multicultural, democrática, sustentável e criativa.
O edital contemplará até 20 projetos e serão concedidas até duas bolsas de extensão por iniciativa selecionada, pelo período de seis meses, com vigência prevista de julho a dezembro de 2023.
“Este é um marco, a primeira iniciativa de uma série de ações que serão tomadas coletivamente, de agora em diante, para atrair e incentivar a permanência de garotas na ciência”, destaca a decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter. A gestora destaca que a proposta é inovadora não somente por ser multissetorial, mas também pelo pioneirismo de encorajar a entrada e ampliar as oportunidades para meninas em cursos majoritariamente frequentados por homens, modificando o padrão atual de concentração delas em áreas voltadas ao cuidar, educar e organizar.
"Há anos, a produção científica das mulheres tem sido invisibilizada. Por acharem ser áreas difíceis e competitivas, as jovens e meninas não se sentem capazes de se aventurar nestas carreiras científicas, o que diminui a representatividade”, pontua a secretária de Direitos Humanos, Deborah Santos. Segundo ela, o edital ajudará a desmistificar o pensamento de que existe um lugar pré-determinado para as mulheres e a romper barreiras para que as jovens possam seguir uma carreira científica, em qualquer área do conhecimento.
“Eu, como geóloga, sei das dificuldades da inserção feminina nas exatas, que não chega a 30% de representatividade feminina na graduação. Uma das prioridades da nossa gestão é ampliar esse acesso”, afirma a reitora Márcia Abrahão. Ela explica que o objetivo agora é “contribuir para a consolidação da excelência acadêmica e da inserção curricular da extensão. Preferencialmente, para fomento a projetos de incentivo à participação de mulheres e meninas”.
INSCRIÇÃO – Quem possui algum projeto dentro de uma das seis linhas de atuação especificadas no edital (veja na arte) e deseja participar da seleção, deverá cadastrar e submeter a proposta no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa). A proposta deverá ser vinculada, no ato do cadastro, ao edital. Junto a esta, o coordenador do projeto deverá anexar a ficha de inscrição. O prazo para submissão vai de 8 de março a 2 de maio.
O projeto de extensão será avaliado por uma comissão especial, até 12 de junho, e o resultado definitivo da seleção será divulgado no site do DEX, no dia 20 do mesmo mês, conforme o cronograma do edital.
Entre as atribuições dos projetos contemplados, está a organização obrigatória de pelo menos um evento ao longo do ano de execução, que poderá ser durante a Semana Universitária de 2023. Também será necessário apresentar cronograma detalhado das atividades que ocorrerão na instituição escolar indicada.
Os projetos selecionados serão geridos por um programa estratégico de extensão, que contará com apoio financeiro com valor a ser definido pelo DEX. Deste montante, dois terços deverão ser utilizados obrigatoriamente em atividades coletivas que contemplem a totalidade dos projetos. Ainda será possível eleger, dentre os proponentes dos projetos selecionados, uma coordenação para o programa estratégico de extensão, que receberá auxílio financeiro a pesquisador no valor de R$1.500.
MULHERES CIENTISTAS – Dados apresentados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apontam que, no Brasil, as mulheres pesquisadoras representam 40,3%, enquanto a porcentagem de pesquisas assinadas por elas chega a 72%; já no mundo todo, elas são 28% do total de cientistas. Entre os docentes universitários no Brasil, elas somam 46%, segundo Censo da Educação Superior.
O cenário, no entanto, torna-se mais díspar quando se analisa os patamares mais elevados das carreiras científicas. No quesito bolsas de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), quanto mais alto o nível do pesquisador, mais a desigualdade entre homens e mulheres se evidencia. As mulheres encontram, ainda, outras barreiras ao longo de sua trajetória na pesquisa.
“No mundo da ciência ainda predomina os valores masculinos, marcados pelo patriarcado, onde o poder é masculino. Romper essa lógica é o desafio que assumimos como universidade pública comprometida com a democracia”, salienta a decana de Extensão, Olgamir Amancia. Ela ressalta, ainda, que o edital se caracteriza por “estimular o debate acerca da exclusão das mulheres no e do ambiente científico e na desconstrução de estereótipos que são letais à vida delas".
"Ainda somos poucas na gestão de grandes empresas e no topo das carreiras científicas. E essa diferença é mais gritante com as mulheres negras e indígenas. Somos, persistentemente, desmotivadas a seguir profissões científicas e é isso que queremos mudar”, complementa a secretária de Direitos Humanos, Deborah Santos.
SERVIÇO
Programa de extensão DEX/DPI/SDH Mulheres e Meninas na Ciência: O Futuro é Agora
Período de submissão de propostas: 8 de março a 2 de maio
Informações: www.dex.unb.br
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