Na data de aniversário dos 62 anos da Lei de criação da UnB, 15 de dezembro, a reitora Márcia Abrahão inaugurou o Espaço da Memória da Universidade de Brasília no prédio SG-10, antigo Centro de Planejamento (Ceplan), cujo primeiro diretor foi Oscar Niemeyer. O espaço ficará sob a gestão do Decanato de Extensão (DEX), responsável pela comissão interdisciplinar que estruturou o planejamento estratégico do Espaço de Memória da UnB. Na ocasião, também foi apresentada a proposta do primeiro Plano Diretor da UnB, que será submetida ao Conselho de Administração (CAD).
“É uma história linda, que nós não podemos deixar de contar. Porque é uma história de luta e que faz com que o Brasil continue sendo um país da resistência”, reforçou a reitora Márcia Abrahão ao falar da importância que a preservação da memória da UnB tem para a sociedade.
A decana de Extensão, Olgamir Amancia, destacou o compromisso democrático da UnB como uma das características da instituição. “Na Universidade de Brasília, tudo que se faz, tudo se constrói, é a partir do coletivo, a partir da interlocução das diferentes áreas, dos diferentes profissionais, porque é assim que as coisas tendem a dar certo”, disse, ao nomear cada membro da comissão interdisciplinar que elaborou a proposta de Planejamento Estratégico para o SG 10.
Emocionado, o neto de Oscar Niemeyer, o fotógrafo Carlos Niemeyer, doou mais de 20 imagens de obras do arquiteto ao Espaço. Os itens farão parte da exposição permanente do local. “Meu avô me ensinou a ser tudo que sou. Reabrir esse espaço, onde ele trabalhou durante anos, e trazer para cá um braço no escritório Oscar Niemeyer para desenvolver projetos da UnB e de fora é uma forma de retribuir um pouco do que ele fez para mim.”
O representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Maurício Goulart, lembrou que a colaboração entre o Instituto e a UnB tem, pelo menos, 50 anos. “Acreditamos muito nessa parceria com a UnB, o DEX, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e os departamentos de Antropologia e de História.”
Está em análise no Iphan uma proposta de tombamento do SG 10, pela relevância arquitetônica do prédio que guarda um acervo de móveis da década de 1960 e obras de arte, como três murais de autoria de Oscar Niemeyer.
Após a cerimônia, as estudantes extensionistas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) Mariana Mendes e Laís Vitória conduziram a visita guiada pelo SG 10.
PRESERVAÇÃO – Transformar o SG 10 no Espaço da Memória da UnB tem o objetivo de criar um local de referência nacional de preservação, comunicação e pesquisa da história da Universidade. Valendo-se do patrimônio histórico e cultural da instituição, o memorial vai promover ações de pesquisa, ensino e extensão integradas à sociedade.
“Aos 61 anos de história, completados em 2023, a Universidade de Brasília encontra uma oportunidade única de estabelecer formalmente um centro aglutinador de memórias e de ações de preservação de seu patrimônio material e imaterial”, afirmou o diretor-técnico de Extensão do DEX, Alexandre Pilati.
Ele explica que a mudança de finalidade do SG 10 vai permitir, entre outras ações, a participação em editais de fomento na área cultural e científica. Também possibilitará a formalização de parcerias institucionais, bem como com os cursos de graduação e pós-graduação da UnB.
“A gente vê a beleza desse prédio. Desde que assumimos a Reitoria, no final de 2016, com cortes orçamentários, ataques à nossa Universidade e ao conhecimento, nós estabelecemos como uma das prioridades fortalecermos a cultura, as artes, a memória. E primeiro, nós fortalecemos a extensão, que é o caminho da relação com a sociedade”, disse a reitora Márcia Abrahão.
HISTÓRIA – O SG 10 é um prédio histórico da UnB. Tendo a execução da obra realizada pelo arquiteto João Filgueiras Lima, conhecido como Lelé, e o paisagismo assinado por Alda Rabello, o espaço foi construído em 1963 para abrigar o Centro de Planejamento (Ceplan), cujo primeiro diretor foi Oscar Niemeyer.
O prédio foi a primeira experiência com pré-moldados da Universidade, sendo finalizado em 45 dias. Hoje, parte do edifício é usado para atividades do Núcleo de Dança e de Vivência e abrigava ainda em 2023 a Secretaria de Infraestrutura da UnB (Infra).
PROGRAMAÇÃO – Durante o dia, além dos 62 anos da Lei de criação da Universidade, celebrou-se o nascimento de Oscar Niemeyer e o dia nacional do arquiteto e do urbanista, com diversas atividades artísticas e culturais abertas ao público. A exposição do Mobiliário Moderno da UnB, o lançamento do vídeo Elas no comando: memórias femininas na história da UnB e apresentações de dança e de músicas natalinas. O público pôde conferir também palestras com a professora Flaviana Barreto Lira e o professor José Carlos Coutinho da FAU.
GRUPO DE TRABALHO – A comissão que estruturou o planejamento estratégico foi formada por docentes e técnicos administrativos da UnB. Os membros são: o secretário de Infraestrutura, Augusto Dias; Eduardo Oliveira Soares, da Ceplan (Infra); Caio Frederico e Silva, da FAU; Etienne Baldez, da Faculdade de Educação; a diretora do Instituto de Artes (Ida), Fátima dos Santos; Neuma Brilhante Rodriguez, do Instituto de Ciências Humanas (ICH), Renato de Sousa, da Faculdade UnB Ceilândia, e Flávia Motoyama Narita, Luci Sayori Murata, Priscila Almeida Andrade, Paulo Alziro Schnor e Raniel da Conceição Fernandes, do DEX.