Como estádio cheio em final de campeonato, o auditório da Reitoria da UnB vibrou para homenagear aquele que talvez tenha sido o maior expoente do esporte universitário da instituição. O recém-aposentado técnico administrativo Carlos Alberto Diniz, o Carlão, recebeu das mãos do vice-reitor Enrique Huelva, na tarde desta quarta-feira (10), o título de Mérito Universitário. A distinção, concedida àqueles que se destacam pelos serviços prestados à Universidade, coroa a jornada de 42 anos do profissional que abriu caminho para a prática esportiva de gerações de estudantes e servidores.
O frisson que tomava conta da cerimônia foi elevado quando Max Müller, por anos colega de trabalho de Carlão na Diretoria de Esporte e Atividades Comunitárias (Deac/DAC), colocou um tradicional chapéu de couro nordestino ao assumir o papel de orador da tarde. Max anunciara o que viria a ser o momento “de um cabra para outro cabra”, em referência a origem dos dois. Com notável veia poética, ele trouxe alegorias do esporte e da vida para classificar o maranhense Carlão como “guerreiro, defensor, amigo e pai”.
“Em toda a luta que encampou, deu seu sangue”, destacou Max sobre a dedicação costumeira de Carlão. Após ressaltar a sinceridade e a força para superar adversidades, disse ainda que o homenageado “cumpriu sua meta no mata-mata da vida”, em alusão às fases decisivas das competições esportivas. A fala foi recebida com entusiasmo por colegas, autoridades e familiares, que, na sequência, puderam aplaudir de pé a entrega do título pelo vice-reitor. Momentos depois, Huelva referiu-se a Carlão como “uma unanimidade” entre gestores e colaboradores.
O vice-reitor disse que o laureado “conseguiu construir uma comunidade ampla de amigos”. E que, do ponto de vista profissional, “não é nenhum exagero afirmar que grande parte do que se tem no esporte [da UnB] interno e externo a gente deve ao Carlão”.
A fala estava em consonância com a declaração do decano de Assuntos Comunitários, Ileno Izídio, terceiro integrante da mesa da solenidade. Para ele, Carlão é “possivelmente o maior entusiasta de torneios internos” e “responsável maior” pelo bom desempenho da UnB nas competições da Confederação Brasileira do Desporto Universitário. Antes das declarações, o decano abotoou uma insígnia da Universidade na camisa do homenageado.
EMOÇÃO CONTIDA – O momento de fala de Carlão foi introduzido com a explicação do que viria a ser o discurso. “Avaliei falar de improviso, mas, para conter a emoção e acionar a razão, optei por registrar por escrito algumas palavras”, anunciou. Ele começou por lembrar as atividades iniciais na Editora UnB, ainda na década de 1980, e então discorreu sobre o encontro com sua grande paixão profissional: o esporte universitário.
“Foram 27 anos tentando fazer o esporte comunitário e o esporte da UnB deslanchar. Em 15 desses anos, estive como coordenador de Esporte e Lazer”, disse. Carlão pediu para que ninguém saísse enciumado, mas fez questão de se referir a pessoas a quem ajudou e por quem foi ajudado. Entre vários nomes, mencionou os ex-alunos Camilla Orlando e Hugo Almeida, hoje treinadores profissionais de futebol.
Também fez saudações a ex-gestores e colegas presentes com quem trabalhou. Entre eles, a ex-decana Thérèse Hofmann; os passados diretores da Deac, Alexandre Rezende, Brenda Oliveira, Jonatas Costa e Rosana de Castro; e a atual líder da diretoria, Cláudia Goulart. Fez menção ainda a sua companheira de antiguidade na Deac, a ex-diretora Lucila Souto Mayor.
Agora dedicado às atividades de vice-presidente da Federação do Esporte Universitário do Distrito Federal (Fesu-DF), o homenageado reservou a declaração final à família. “Sem vocês, minha amada esposa Cristina, e meus amados filhos, Vinícius e Rafael, eu não teria conseguido ter uma carreira profissional da qual me orgulhasse”. Ele informou com alegria que os filhos são graduados pela Universidade a que tanto se dedicou. Os evidentes resultados na UnB e em casa são a grande conquista de Carlão.
