LER PARA TRANSFORMAR

Segunda edição do evento promovido pela Editora UnB aconteceu entre 10 e 12 de setembro. Variedade de expositores, lançamentos e palestras agradaram o público

Na 2ª Festa do Livro da UnB, público teve acesso a palestras, mesas-redondas, lançamentos durante três dias. Também foi possível adquirir obras de diversas editoras, expostas no RU. Foto: Mariana Leal/Secom UnB

 

Organizada pela Editora UnB (EDU), a 2ª edição da Festa do Livro aconteceu entre os dias 10 e 12 de setembro. Baseado no Restaurante Universitário (RU) do campus Darcy Ribeiro, com exposição de obras de editoras brasileiras como Edusp, Vozes, Edições Câmara e Bazar do Tempo, o evento teve também programação de lançamentos, palestras e mesas-redondas em anfiteatros do ICC.

No Anfiteatro 9, logo no primeiro dia, a autora Mônica Tenaglia falou ao público sobre seu livro As comissões da verdade e os arquivos da ditadura militar brasileira. Publicado pela EDU, a obra resulta de pesquisa de pós-graduação realizada na UnB e foi vencedora da primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, na categoria História e Arqueologia.

“Entrei no doutorado com o projeto de me aprofundar na questão da elaboração da Lei de Acesso à Informação no Brasil que, em 2008, ainda era um projeto de lei muito embrionário”, contextualizou a autora, ao contar sobre o processo de desenvolvimento da tese e do livro. "Mas, no momento em que eu ingressava no programa de doutorado, eu trabalhei na Comissão Nacional da Verdade e decidi pesquisar essa questão e esses documentos."

Mônica Tenaglia falou sobre seu livro: "Não existe nenhuma razão de se pensar gestão e tratamento de documentos se as informações não forem acessadas”. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB

 

Hoje professora de Arquivologia na Universidade Federal do Pará, Tenaglia destacou a relação entre os temas: “Os arquivos, os documentos e o acesso à informação são fundamentais para a defesa dos direitos humanos e nas investigações sobre violações de direitos humanos, ao exercício da cidadania, transparência e na transformação da vida das pessoas. A compreensão central deste livro é que o acesso aos arquivos fosse lido como investigação para acesso à verdade, à justiça, à memória e à reparação”.

Graduada em História pela USP, Mônica Tenaglia é mestra em Arquivologia pela University College London e doutora em Ciências da Informação pela Universidade de Brasília, onde, em 2019, apresentou a tese As comissões da verdade no Brasil: contexto histórico-legal e reconstrução das estratégias e ações para o acesso aos arquivos, que deu origem ao livro. A tese foi desenvolvida sob orientação da professora de Arquivologia da Faculdade de Ciência da Informação (FCI) Georgete Rodrigues.

Presente na conversa ao lado de Tenaglia, a docente da FCI, que pesquisa o tema desde a década de 1990, destacou, no prefácio do livro, a principal questão da pesquisa: “identificar e analisar as estratégias e ações implementadas pelas comissões da verdade brasileiras para obtenção do acesso aos arquivos, para que essas comissões pudessem concluir seus trabalhos de forma a responder às expectativas para as quais foram criadas”.

A diretora da EDU, Germana Pereira, discursou durante a abertura da 2ª Festa do Livro da UnB. Foto: Mariana Leal/Secom UnB

 

“Esta obra é 100% UnB e resulta de uma tese transformada em ensaio e premiada por agência de fomento, que com certeza entrará para os anais das boas teses pela relevância histórica”, elogiou a diretora da EDU, Germana Pereira. A conversa foi uma das dezenas realizadas nos três dias de evento.

IMPRESSÕES DO PÚBLICO – O professor da rede pública de ensino no Distrito Federal e ex-aluno da UnB Marcelo Domingos elogiou a iniciativa. “Ler é algo maravilhoso e um ato político”, disse, para complementar: “Ler se tornou um ato de resistência e hoje se lê muito pouco, então a Festa do Livro tem esse papel de trazer as pessoas para a leitura.”

O professor Marcelo Domingos elogiou a Festa do Livro: “Ler é um ato político”. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB

 

Domingos contou como sua trajetória pessoal o liga à autora premiada no Jabuti Acadêmico. “Sou doutor em História pela Universidade do Texas, em Austin, e trabalhei com ditadura militar e ativismo negro. No tempo em que estive fora do país, conheci a doutora Mônica Tenaglia, e havia uma afinidade nas temáticas que nós investigamos. Agora estou aqui para prestigiar e acompanhar as questões que são colocadas, pois o momento político que vivemos está cobrando esse zelo pela memória”, pontuou.

O filósofo e estudante de Direito da UnB Wallace Ferreira esteve na Festa para prestigiar a palestra O livro, o livreiro e o futuro, que ocorreu na mesma tarde.

“O Chiquinho é uma proeminência na área de literatura e entende muito sobre editoras”, disse, citando o livreiro mais famoso da UnB. Aproveitando ao máximo a programação, Wallace prometeu passar no RU depois da palestra, para ver a exposição das editoras.

 

O estudante Wallace Ferreira prestigiou a Festa do Livro. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB

 

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