Quase uma década atrás, a pesquisadora da UnB Rita Durigan contatou pela primeira vez Karin Grävare Silbernagel, presidente associada e professora de Fisioterapia da Universidade de Delaware (UD), nos Estados Unidos, após ler seu estudo publicado sobre lesões de tendões. “Entrei em contato com ela, me apresentei e disse que queria aprender mais”, recorda a docente da Faculdade UnB Ceilândia (FCE).
Oito anos depois, o encontro aconteceria. Foi quando Rita e o marido João Durigan, também professor da FCE, tiveram a oportunidade de passar um ano como pesquisadores visitantes na UD. Eles viajaram com os filhos, João Victor, 13, e Luiz Fernando, 10.
“A UD é uma universidade de renome mundial, e trabalhar com o Departamento de Fisioterapia mais bem classificado é um sonho”, disse Rita, professora associada de Ciências Fisiológicas e chefe do Laboratório de Análises Moleculares da UnB.
“A maioria dos pesquisadores de Fisioterapia no Brasil sabe que a UD é uma das melhores”, ratificou João Durigan, professor associado de Fisioterapia, que dirige o Grupo de Pesquisa em Plasticidade Muscular e Tendinosa e lidera o laboratório na UnB.
>> Relembre aqui a pesquisa de João Durigan
Ao chegarem, eles se juntaram à Equipe de Pesquisa de Tendões e Ligamentos de Karin Silbernagel. “Foi uma honra ter dois pesquisadores tão talentosos se juntando ao meu laboratório por um ano”, afirmou. “A troca de ideias e o aprendizado com pesquisadores de outros países são experiências inestimáveis (tanto dentro quanto fora da pesquisa) para meus alunos de doutorado, para mim e para meus colaboradores da UD.”
Rita Durigan e João Durigan levaram conhecimento especializado para o laboratório de Silbernagel. “Rita tem expertise em tendões, e minha expertise é mais em fisiologia muscular e eletroestimulação com aspectos clínicos”, descreve João.
Rita Durigan trabalhou com Dawn Elliott, professora de Engenharia Biomédica e chefe da graduação e pós na Faculdade de Engenharia, e com Justin Parreno, professor de Ciências Biológicas na Faculdade de Artes e Ciências, em pesquisa interdisciplinar para investigar danos em tendões em várias escalas e respostas celulares anormais em tendinopatias. O estudo é financiado por uma bolsa de quase US$ 2,4 milhões do National Institutes of Health.
“Sobrecargas e uso excessivo do tendão são problemas que os atletas vivenciam durante suas carreiras”, diz Rita Durigan. “A maioria das tendinopatias decorre desses dois problemas. Nosso trabalho visa entender como o tecido se adapta a essas sobrecargas em pontos-chave – três dias, oito semanas e 16 semanas após a cirurgia.”
No Brasil, João Durigan estuda a estimulação elétrica neuromuscular, um procedimento de fisioterapia que induz contrações musculares para neutralizar a atrofia muscular. Ele continuou esse trabalho, mas focou na carga de tendões com Silbernagel.
“No meu laboratório no Brasil, estudamos diferentes técnicas e parâmetros para entender melhor os efeitos da estimulação elétrica nos músculos”, detalhou. “Na UD, testamos as diferentes aplicações da estimulação elétrica em cargas e dores no tendão patelar e de Aquiles. Este foi um desafio interessante porque não tenho experiência anterior em tendões.”
Eles também aprenderam lições valiosas ao trabalhar com alunos de doutorado. “Karin é uma excelente mentora para seus alunos”, reconheceu João. “Ela os incentiva a fazer o melhor trabalho, com gentileza. Foi ótimo ver isso e algo que levarei de volta para meu laboratório no Brasil.”
Ambos ficaram impressionados com a inovação e a tecnologia avançada no campus. “Na Clínica de Fisioterapia, vi equipamentos de ultrassom e dinamômetro, e isso não é comum no Brasil, então em termos de tecnologia, é póssivel ver a recuperação dos pacientes com mais facilidade”, disse Rita Durigan. “Também fiquei impressionada com o Centro de Imagem Biomédica e Cerebral da UD.”
O casal de professores está animado para continuar as colaborações com os pesquisadores da UD após o retorno ao Brasil, no fim de agosto. "Eu adoraria que os alunos viessem para a UD e trabalhassem nesses laboratórios e que Karin fosse uma pesquisadora visitante em nosso laboratório também”, disse João Durigan.
“Eles planejam enviar amostras de músculos que coletamos neste projeto para o Brasil para que eu possa fazer proteômica e citometria de fluxo e continuar trabalhando neste projeto”, disse Rita Durigan.
Silbernagel também está buscando maneiras de continuar a colaboração no exterior. "Com base no que realizamos no ano passado, temos vários manuscritos em andamento, bem como estudos de pesquisa contínuos que ocorrerão em paralelo na UD e no Brasil”, disse a docente. “Estou muito animada com nossas colaborações contínuas e planejo visitar seus laboratórios de pesquisa no outono de 2025.”
*Originalmente publicado em udel.edu