INOVAÇÃO

Lançado em feira de inovação do CDT, PedOnco está disponível de graça e é resultado de trabalho multidisciplinar de profissionais, pacientes e pesquisadores

Aplicativo pode ser baixado sem custo e tem versões em português e inglês. Foto: Gisele Pimenta/Secom UnB

 

O acompanhamento e a adesão aos tratamentos oncológicos para crianças têm um novo aliado tecnológico. O aplicativo PedOnco busca auxiliar famílias e profissionais com informações sobre temas, como nutrição, administração de medicamentos, cuidados domésticos, enfermagem e saúde bucal. A ferramenta, lançada e patenteada em outubro, é resultado de pesquisas desenvolvidas pela Universidade de Brasília em parceria com o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) e a empresa Med Health Care. O PedOnco é de graça e pode ser baixado nas lojas de aplicativos Play Store e App Store.

 

O conteúdo do app pode ser acessado offline em português e inglês. Cada área temática é acompanhada por tópicos com linguagem acessível e conteúdo referenciado. Na nutrição, por exemplo, é possível encontrar informações sobre hábitos alimentares saudáveis e possíveis dificuldades de pacientes, que incluem falta de apetite, enjoo e má digestão. Também há cuidados sobre a interação entre alimentos e medicamentos e receitas práticas que vão de coxinhas assadas a sucos laxantes.

 

Em aspectos de cuidados da enfermagem e do uso de medicamentos, o aplicativo traz tópicos destinados a profissionais. Uma preocupação voltada aos trabalhadores da área é a identificação de reações alérgicas que podem acontecer, entre outros casos, ao contato com o látex presente em produtos hospitalares e embalagens. Em caso de exposições e reações não identificadas, o texto alerta para a possibilidade de ocorrências graves como o choque anafilático.

 

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O conteúdo é baseado no livro Cuidados da Oncologia Pediátrica, lançado este ano com versões digitais em português e inglês e com volume em braile. A obra multidisciplinar com mais de 30 autores tem a professora do Departamento de Farmácia (FAR/FS) Patricia Medeiros como uma de suas organizadoras. “Entre os participantes estão alunos de graduação e de pós-graduação, professores da UnB, profissionais de saúde do Hospital da Criança e da Casa de Saúde São Pio”, explica a docente. Os oncologistas Isis Maria Magalhães, diretora técnica do HCB, e José Carlos Córdoba, médico do mesmo hospital, também assinam a organização do livro.

Informações são direcionadas a cuidadores da família e a profissionais. Ilustrações foram feitas pela artista Nicole Mauricio. Imagem: Reprodução

 

“A ideia do aplicativo surgiu depois que publicamos o livro. Identificamos que a principal barreira de adesão era a falta de entendimento dos cuidadores”, afirma Medeiros. Ela diz que alguns dos responsáveis pelos pacientes chegavam a se culpar pela situação clínica das crianças. “Pensavam que tinham feito algo de errado para a criança estar doente. No capítulo da família, deixamos bem claro que a família não é culpada. Colocamos uma imagem da criança com os braços abertos simbolizando as células doentes e as células boas”, diz.

 

Essa e outras imagens foram de responsabilidade da ilustradora cearense Nicole Mauricio. “Participar desse projeto foi algo muito satisfatório”, afirma a artista, que contribuiu para o visual lúdico do aplicativo e do livro. “Ver minhas ilustrações não só agregando valor artístico, mas também, ajudando a levar informações, conhecimento e educação sobre os cuidados necessários do paciente está sendo algo muito importante pra mim não apenas como ilustradora, como também me realizando de forma muito pessoal”.

 

A produção relacionada ao PedOnco faz parte do projeto Uso Racional de Medicamentos na Oncologia Pediátrica e recebeu financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). O foco desde o início está na atenção a esses pacientes imunossuprimidos. “Quando há adesão e entendimento, evita-se a internação por identificação dos erros antes que ocorram. Diminui custos do SUS [Sistema Único de Saúde]”, avalia a professora Patrícia Medeiros, laureada com o Prêmio de Inovação Darcy Ribeiro em função das transferências de tecnologia realizadas na área de Ciência da Vida.


Livro com a participação de mais de 30 autores deu origem ao PedOnco. Imagem: Divulgação

 

NEGÓCIOS E INOVAÇÃO – O prêmio e o PedOnco foram atrações da edição de 2024 da Feira de Negócios e Inovação (FNI), realizada em outubro pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento (CDT/UnB), unidade em que o aplicativo foi gestado. “A importância da tecnologia PedOnco se dá principalmente pelo empoderamento que oferece aos familiares e cuidadores, que deixam de ser apenas espectadores e passam a desempenhar um papel ativo, como ‘detetives’, no monitoramento e cuidado diário das crianças”, avalia a diretora do CDT, Marileusa Chiarello.

 

A FNI foi realizada pela 15ª vez e contou com a apresentação de plataformas tecnológicas e a exposição de trabalhos de startups, empresas juniores, projetos e empreendimentos inovadores. “Uma iniciativa importante da edição de 2024 foi o Matchmaking, onde reuniões de negócios foram realizadas durante o evento para apresentar tecnologias desenvolvidas pela UnB”, destaca Chiarello. “Empresas de importantes seguimentos do Distrito Federal foram convidadas e várias tecnologias da Universidade foram apresentadas pela Agência de Comercialização de Tecnologia (ACT) em conjunto com os inventores da UnB”, diz.

 

A gestora inclui soluções apresentadas ao agronegócio como um dos destaques da feira. Entre elas, um fertilizante fabricado com o lodo gerado no tratamento da água do Distrito Federal e um potencializador de fotossíntese com potencial de aumentar a independência nacional na importação de fertilizantes. Ela chama atenção ainda a inovações na área de saúde como o potencial uso de nanopartículas para o tratamento de câncer de pele e da peçonha de vespas para tratar a doença de Parkinson.

 

“Outro destaque foi a tecnologia SisVetor, que é um software para detecção em tempo real de queimadas em áreas urbanas internas e externas e até para monitoramento de incêndios florestais”, aponta Chiarello. A FNI é sintetizada por ela como “uma oportunidade para a comunidade acadêmica conhecer melhor temas importantes relacionados à propriedade intelectual, transferência de tecnologia, empreendedorismo e inovação”.

 

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