Para abordar os desafios e as perspectivas de diferentes unidades acadêmicas e administrativas, a Secretaria de Comunicação entrevista gestores da Universidade de Brasília. Germana Henriques Pereira, diretora da Editora UnB, almeja reavivar a posição de destaque nacional de outrora.
Criada em 1962, a Editora UnB (EDU), localizada no Setor Comercial Sul, tem acervo de obras em grandes áreas das ciências humanas, como Política, Direito, Relações Internacionais, Sociologia. “Temos também publicações importantíssimas com ótimas traduções de filósofos como Marx, Hegel, Max Weber”, destaca a nova diretora da EDU.
“A Editora tem sobrevivido ao longo do tempo, com altos e baixos. Vejo que tem mais altos do que fases de publicações menos boas”, prossegue. Germana Henriques planeja inovações. Serão implementadas políticas de visibilidade e haverá reestruturação do setor de comercialização. No campo editorial, também haverá mudanças. Além de nomear novo conselho editorial, ainda neste semestre, a Editora planeja começar a comercializar e-books. Confira a íntegra da entrevista:
Quais são os desafios da Editora UnB?
O principal desafio é ter uma editora moderna, que atenda ao que é exigido de uma instituição editorial pública, que é universitária e acadêmica, com todo o equipamento que isso exige: computadores de ponta; sistemas de software; plataformas de venda; lojas virtuais e, sobretudo, plataformas de venda de e-books. Uma comercialização eficiente, que use as redes sociais, assim como as tradicionais, e que procure sair do trivial. Queremos reencontrar a tradição da Editora da Universidade de Brasília, que é de publicar grandes obras e, ao mesmo tempo, veicular a pesquisa e a produção científica e intelectual da Universidade. Esses são objetivos da UnB e são seus eixos norteadores desde sua criação.
O que é necessário para ‘sair do trivial’?
Quando digo sair da mesmice, digo ir além da publicação de obras produzidas unicamente por nós mesmos. É claro que esse é um dos nossos objetivos. Mas não pode ser feito de qualquer maneira. A publicação da produção intelectual da Universidade não pode ser feita de forma irregular ou simplesmente para atender a uma demanda individual de um docente ou outro. A Editora, junto com a gestão superior da UnB, vai desenvolver políticas editorais que atendam editais de toda a Universidade e que possam veicular e difundir produção intelectual, pesquisas e descobertas científicas dos professores. Nesse caso, nós gerenciamos a demanda e fomentamos essas publicações. Isso evita clientelismo, demandas individuais e irregulares. A Editora funciona como órgão estratégico da Universidade, integrada aos decanatos. E com modernização da estrutura, poderá atender às demandas internas e estar apta a atender às externas. Vários órgãos públicos querem parceria com a Editora UnB, porque ela é importante no Distrito Federal. Estamos estabelecendo contato com as instituições nacionais e as associações que reúnem as editoras universitárias, e parcerias bilaterais com outras editoras universitárias. Parcerias reduzem custos e geram grande capital de visibilidade. A Editora precisa reocupar o espaço que já foi dela, de estar à frente das editoras de universidades federais.
Como funciona atualmente a seleção para publicação de novas obras?
É isso que quero mudar. Na gestão anterior, os interessados submetiam as obras, e a Editora as passava para pareceristas. Caso aprovado, o parecer seguia para o conselho editorial. O que queremos fazer é um pouco diferente. Primeiro, criar uma política de submissão, para que não haja demanda irregular. Para que não venha qualquer tipo de obra. Porque se, para toda proposta, precisamos fazer um parecer, ficamos quase que o tempo todo fazendo apenas isso. Por outro lado, nos preocupamos em gerar uma demanda, e não ficar eterna e passivamente esperando as propostas. O que vamos fazer agora é uma demanda contínua. A submissão pode ter um fluxo contínuo, mas vai funcionar a partir de editais que vamos pensar junto com os decanatos. Vamos tentar recolocar em vigor o edital da série Ensino de Graduação, feito à época em que a professora Márcia Abrahão era decana de Ensino de Graduação e que foi um sucesso. Era voltado para atender à graduação, com real preocupação com novas tecnologias de ensino. Teremos linhas editorias em que poderemos abrir linhas de publicação. Vamos continuar alguns eixos de publicação tradicionais da Editora, de grandes áreas de Ciências Humanas, como Relações Internacionais, Direito e Sociologia. De um lado, vamos manter, e de outro, vamos ampliar para áreas mais técnicas, que são menos contempladas. Para essas, vamos solicitar mais publicações, inclusive dos quatro campi da UnB.
Quem é o publico leitor da Editora UnB hoje?
É muito vasto. A Editora UnB chegou a ter várias lojas físicas. Hoje, temos duas: uma no Darcy Ribeiro e outra na 406 Norte. Tínhamos também lojas em vários aeroportos, no Rio de Janeiro, em Recife e aqui, em Brasília. Esse público dos aeroportos era extremamente variado. Hoje nosso público é muito mais específico. É de intelectuais, pesquisadores e estudantes. Temos também um público mais amplo, por causa das obras das grandes áreas das Ciências Humanas, Linguística, Discurso, Estética, Arte, Crítica Literária... O que queremos é aproveitar esse trunfo que a Editora já tem dentro do mercado editorial brasileiro e melhorar essa recepção. E isso será feito por meio de políticas de visibilidade e de comercialização das obras de forma mais eficiente do que tem sido feita até agora. Vamos, por exemplo, explorar as redes sociais, para atingir um público mais jovem. Vamos fazer promoções de livros também. E, para baratear e ampliar o acesso, vamos inserir o e-book. Ninguém discute que livro é um capital cultural, intelectual, que precisa ser veiculado, mas ele também precisa ser vendido. O livro precisa circular. Vamos promover eventos de publicação, de lançamentos. E estamos refazendo o site da Editora UnB.
Qual a expectativa da Editora acerca da gestão da UnB?
Espero uma relação de parceria, de confiança no trabalho. E que a reitoria possa proporcionar à Editora as condições necessárias à sua eficácia e eficiência.
Como você imagina que a Editora vai estar daqui a quatro anos?
Imagino que esteja em um espaço físico mais apropriado dentro do campus Darcy Ribeiro. Bastante bem equipada, tanto em relação à capacitação do corpo editorial quanto ao equipamento físico, que deve ser moderno. Com excelente sistema de vendas, nas lojas físicas e na virtual. E, sobretudo, que a Editora volte a ser a referência nacional que foi durante muitos anos.
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