
A Universidade de Brasília recebeu o encontro nacional do Ciclo de Seminários Autonomia Universitária – Fator de Desenvolvimento do País. A atividade reuniu representantes de universidades municipais, estaduais e federais brasileiras para aprofundar o debate sobre a autonomia das instituições públicas de ensino superior. O seminário nacional consolidou as reflexões e propostas levantadas ao longo de cinco encontros regionais, resultando em um documento final que será encaminhado ao Congresso Nacional como subsídio ao aperfeiçoamento das políticas de ensino superior brasileiro. O evento ocorreu em 17 de setembro, no Auditório da Reitoria, campus Darcy Ribeiro, Asa Norte.
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A reitora Rozana Naves enfatizou que o ciclo de seminários entra agora em uma nova etapa, de articulação política e institucional, com vistas a consolidar a autonomia universitária como política pública no Brasil. Ela salientou a importância de a UnB sediar o encontro nacional, pela proximidade com o parlamento e pela missão de ampliar o diálogo com a sociedade e os representantes políticos.
“Este movimento nasceu da base das universidades e agora alcança um momento estratégico, em que precisamos orientar o debate sobre projetos de lei, o Plano Nacional de Educação e a política nacional de educação superior”, disse Rozana Naves. A reitora da UnB também reforçou que a autonomia deve ser entendida não apenas como fator de desenvolvimento, mas também como expressão de soberania nacional.
A reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Angelita Pereira de Lima, falou da trajetória de mais de um ano de debates sobre a autonomia universitária, lembrando que o ciclo acumulou importantes contribuições a partir dos encontros regionais. Ela assinalou a relevância de trazer a discussão para Brasília, como forma de fortalecer a articulação com o Congresso Nacional e avançar na consolidação da autonomia como princípio constitucional e estratégico. “Ela é fundamental, é estratégica, é transversal e necessária para garantir a liberdade de cátedra e um projeto de educação que resista às conjunturas históricas e fortaleça o desenvolvimento do país.”
O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Macedo Gomes, frisou a relevância do ciclo de seminários como espaço de reflexão sobre a autonomia universitária e o financiamento das instituições públicas. Ele recordou os ataques recentes às universidades federais, como a não nomeação de reitores eleitos e o subfinanciamento, que comprometem a capacidade de entrega em ensino, pesquisa e extensão. “Há pelo menos 30 anos convivemos com indefinições sobre a autonomia universitária e precisamos consolidar esse entendimento. É uma questão estrutural para nossas instituições”, declarou.
O reitor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), José Fernando Fragalli, observou que o tema é uma construção permanente e que cada modelo de universidade – federal, estadual ou municipal – enfrenta desafios específicos, sobretudo no financiamento e na gestão de recursos. “Queremos um país calcado na ciência, na tecnologia e na inovação, em que o conhecimento produzido nas universidades não fique restrito aos muros da academia, mas seja devolvido à sociedade”, afirmou.
A vice-reitora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Loiane Verbicaro, considerou uma honra participar do movimento em defesa da autonomia universitária, que definiu como uma conquista civilizatória fundamental para o desenvolvimento econômico, social e humano do país. Ela valorizou o trabalho coletivo e a parceria entre instituições para consolidar propostas conjuntas. “Nós não conseguimos avançar democraticamente sem o fortalecimento das nossas instituições. Apenas um modelo de universidade sólido, independente e autônomo é capaz de enfrentar os desafios do nosso tempo presente”, defendeu.
O chefe de Gabinete da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP), Arlindo Philippi Jr., assinalou a importância do ciclo de seminários, que percorreu todas as regiões do país e agora se consolidou no encontro nacional em Brasília. “Onde há universidades públicas, há também desenvolvimento social, econômico e humano. Esse papel estratégico precisa ser valorizado como fator de fortalecimento do país”, pontuou. Arlindo também observou a necessidade de investimentos de médio e longo prazo para que as universidades possam planejar suas ações de forma estrutural e sustentável.
O evento marcou o encerramento da série de seis seminários realizados desde o ano passado em todas as regiões do Brasil. Antes de chegar à capital federal, o ciclo passou pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UFSC), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal de Goiás (UFG).
Cada etapa regional produziu um relatório com reflexões e propostas específicas a partir das realidades locais. No seminário nacional, sediado pela UnB, essas contribuições foram reunidas, debatidas e consolidadas em um texto único. O documento sintetiza as principais ideias levantadas ao longo dos encontros e será encaminhado ao Congresso Nacional como subsídio ao aperfeiçoamento das políticas para o ensino superior brasileiro.