Com o objetivo de criar materiais didáticos de baixo custo e promover a aprendizagem das ciências na educação básica, o projeto de extensão Labdidático, criado em 2020, reúne discentes dos cursos de Design (DIN/IdA/UnB) e de Ciências Naturais (FUP/UnB) promovendo o diálogo entre diferentes campi da UnB: Darcy Ribeiro e Planaltina. A ação é realizada pelo Laboratório de Apoio às Pesquisas no Ensino de Ciências (LAPEC 1/FUP).
O projeto, que surgiu no contexto do ensino remoto emergencial em razão da pandemia de covid-19, se prepara para levar as produções para além da Universidade. “Agora no retorno das atividades presenciais, estamos na etapa de testes de validação. Já fizemos uma oficina com os novos recursos que foram produzidos para a parte de química e genética”, relata a professora da FUP Jeane Rotta, cordenadora do projeto em conjunto a professora Ana Cláudia Maynardes, do Departamento de Design. Segundo Rotta, os extensionistas já apresentaram o material criado para discentes do curso de Ciências Naturais.
Jeane Rotta descreve que a união dos cursos ocorreu pela Coordenação de Integração das Licenciaturas (CIL): “O Design tem esse know how [saber como] para nos ajudar a fazer materiais com a capacidade que nós, das Ciências Naturais, não temos, depois a gente entra com os conceitos científicos”.
Além de comandar o Labdidático, a docente está à frente, desde de 2006, do projeto Ensino de Ciências e o Desafio da Aproximação à Universidade - Escola com proposta parecida e base de inspiração para a criação da nova iniciativa. “Quando a equipe não tinha mais como ir para as escolas [por conta da covid-19], nós fizemos o Labdidático, para desenvolver experimentos que pudéssemos fazer online,” explica a professora Jeane.
O ensino remoto obrigou os participantes a pensarem em possibilidades para realizar as atividades respeitando as restrições causadas pela covid-19. “A primeira atividade que a gente fez foi a produção de uma câmara escura para ver a fluorescência e a fosforescência de materiais,” revela a docente, com orgulho.
Rotta explica como se dá a participação dos extensionistas: “os alunos [de Ciências Naturais] apresentam demandas de ferramentas pedagógicas que podem ser criadas para promover um melhor ensino e aprendizagem das ciências e, a partir desse pedido, vemos o que é possível, fazemos reuniões e conversamos com os estudantes do Design para entender como podemos elaborar”.
O projeto iniciou com o nome de Labordidático e foi alterado para Labdidático, mas continua com o mesmo intuito. “A gente começou com 'Labor' mas achei que esse nome dava a impressão de cansaço, aí mudamos esse ano”, informa a docente Jeane Rotta.
EXPERIÊNCIA – A egressa do curso de licenciatura em Ciências Naturais, Vitória Freitas, 23 anos, participou do Labdidático como bolsista e era responsável pela pesquisa e publicação a respeito de cientistas mulheres pouco reconhecidas pela comunidade, no perfil do Instagram @ciencias.no.cotidiano. O canal foi elaborado no contexto da pandemia para possibilitar a divulgação científica.
“Acredito que contribuiu para a minha formação porque fiz uma imersão sobre as grandes cientistas femininas. A maioria delas era desconhecida para mim e acredito que para muitas pessoas também”, descreve a egressa.
“Gostaria de levar essas descobertas para os alunos, já que imagino que a maioria dessas informações não são conhecidas. A gente só sabe, em boa parte das vezes, a respeito dos cientistas homens,” completa Vitória que evidencia o desejo de usar o aprendizado adquirido no projeto de extensão e aplicar em sua jornada profisisonal.
Vitória conta que seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi sobre a divulgação das mulheres cientistas e utilizou as publicações que produziu no Instagram da ação como apoio para a escrita do estudo.
Parte do projeto desde de 2022 como bolsista, a discente de Design Geórgia Tenório, 21 anos, conheceu o Labdidático através de uma aula ministrada pela professora Ana Cláudia Maynardes sobre produção de material didático para a área da ciências. A estudante percebe que o projeto ajuda a tirar o conhecimento do campo teórico e facilita a compreensão das pessoas sobre o quê a ciência faz.
“Como podemos adaptar um projeto às necessidades, por exemplo, de uma escola pública que, muitas vezes, não tem recursos financeiros e que ainda assim precisa de um material que seja interessante, legal, bonito, de fácil compreensão e de baixo custo?”, indaga a aluna, em referência à questão motivadora do projeto de extensão. “Estamos exercitando a criatividade e, além disso, acho que é um projeto legal para colocar um pouco o pé no chão e ver qual é a realidade de alguns lugares”, avalia.
DESIGN: PONTE ENTRE A INOVAÇÃO E O SOCIAL– Com foco na elaboração de jogos que auxiliem no ensino de Libras como L1 (primeira língua) e L2 (segunda língua), a docente Ana Cláudia Maynardes também conduz o projeto Gamificação no ensino de Libras: elaboração e desenvolvimento de material didático para a prática pedagógica.
Dentro da ação, os egressos do curso de Design Santiago Augusto e Vítor Malcher criaram os jogos Sinaliza e Librando, respectivamente. Saiba mais sobre essas iniciativas na seção O que eu criei para você da próxima revista Darcy, a ser lançada em breve.
*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.