Especialista em bioquímica, o cientista israelense Aaron Ciechanover desvendou o sistema ubiquitina-proteassoma, responsável por regular o funcionamento celular no corpo humano. A descoberta possibilitou avanços no tratamento e na prevenção de doenças, como o câncer, e lhe rendeu o Prêmio Nobel de Química em 2004. Nesta quinta-feira (10), no auditório da Reitoria, Ciechanover recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília.
A honraria foi proposta pela decana de Pós-Graduação, Helena Shimizu. Na cerimônia de entrega do título, a professora Sônia de Freitas, do Instituto de Ciências Biológicas (IB), proferiu o discurso em homenagem ao vencedor do Nobel. O emérito José Garrofe Dórea, da Pós-Graduação em Ciências da Saúde, e o professor Tatsuya Nagata, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Microbiana, integraram a comitiva que conduziu Ciechanover.
Convicto sobre o papel insubstituível da universidade na produção de conhecimento e preocupado com os cortes no financiamento da educação em todo o mundo, Ciechanover destacou a importância de investimentos contínuos em pesquisa. "A universidade é o melhor banco que um país pode ter. Para cada dólar investido em ciência e educação superior, o ganho é dez vezes maior. Nos dias de hoje, nenhum país pode progredir sem os profissionais que são formados nas universidades", afirmou em seu discurso de agradecimento.
Aaron Ciechanover observou ainda que a escolha dos jovens pela carreira acadêmica está condicionada à percepção de que ela é promissora e de que pesquisa é prioridade no país. "Formar um cientista leva muito tempo e, quanto menos jovens são atraídos para a pesquisa, menos cientistas serão formados. Ao final, uma sociedade inteira pode retroceder à Idade Média", sentenciou.
“É uma honra para o Conselho Universitário da UnB ter o professor Aaron como Honoris Causa. Além dos ensinamentos científicos, ele nos traz lições de paz e ética”, ressaltou a reitora da UnB, Márcia Abrahão, em referência à palestra proferida de manhã pelo homenageado no auditório lotado da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), em defesa da ciência básica. “Despretensiosa, mas de qualidade”, avaliou. Márcia frisou ainda que a presença e as palavras de Ciechanover são estímulo imenso aos jovens pesquisadores da Universidade.
Além da reitora, compuseram a mesa as decanas de Pós-Graduação, Helena Shimizu, e de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter, além do embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley.
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