O ganhador do Prêmio Nobel de Medicina de 2019, William George Kaelin Jr., estará na Universidade de Brasília na próxima quarta-feira (30). Na data, fará uma palestra aberta ao público no auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), às 10h45, com o tema Como as células de mamíferos sentem e respondem ao oxigênio (e minha improvável jornada a Estocolmo).
Quatro anos atrás, Kaelin dividiu o prêmio com o também estadunidense Gregg Semenza e o britânico Sir Peter Ratcliffe. Juntos, ainda na década de 1990, eles descobriram como as células detectam a disponibilidade de oxigênio e se adaptam à nova situação. Isso acontece, por exemplo, quando há mudança de altitude ou quando o corpo tem um ferimento e há perda de sangue, o que faz com que diminua a quantidade de oxigênio disponível ao organismo. Neste contexto, as células percebem a redução e ativam a chamada resposta hipóxica.
“É uma grande oportunidade aos alunos e professores de abrir novas fronteiras para a ciência e saberem que tudo é possível com persistência e foco”, afirma Luciana Naves, professora da Faculdade de Medicina (FM) e chefe do Serviço de Endocrinologia da UnB. A docente introduzirá a palestra do Nobel na ADUnB.
ALMOÇO COM CIÊNCIA – Na tarde de quarta-feira, será a vez de estudantes selecionados pelos programas de pós-graduação da Faculdade de Medicina da UnB se encontrarem com Kaelin para um almoço com bate-papo, no Salão de Atos da Reitoria.
“Espero que seja inspirador e que me motive a continuar pesquisando sobre câncer”, diz Fábio Willian Martins da Silva, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (PPGCM/UnB) e servidor técnico de laboratório da FM. Fábio pesquisa mutações no DNA em amostras de tumor sólido de pacientes com câncer oral que possam ser encontradas com uso de biópsia liquida. O procedimento diagnóstico necessita apenas de coleta de sangue e é menos invasivo que outros.
“Tenho a expectativa de que esse encontro sirva de inspiração na minha vida acadêmica e profissional, até mesmo propiciando uma outra forma de pensar a Medicina, já que o professor nos instiga a um maior aprofundamento nos mecanismos por detrás das doenças", comenta a médica residente Débora Saraiva, formada em 2020 pela FM.
"Suas descobertas nos motivam a sermos mais curiosos, resgatando o valor da ciência em prol de uma medicina com mais precisão”, opina.
Débora foi selecionada no Exame Nacional de Residência Médica de 2022 com a maior nota dentre os candidatos e participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) durante um ano, quando estudou sobre morte encefálica. Depois, permaneceu como voluntária em uma pesquisa desenvolvida com a professora Luciana Naves sobre terapia cognitivo-comportamental na acromegalia, uma enfermidade em que há aumento da produção de hormônio do crescimento na vida adulta.
Fernanda Favero, que concluiu o doutorado em Química em junho deste ano, teve oportunidade de estar no almoço com o Nobel de Química de 2004, Aaron Ciechanover, quando ele visitou a Universidade de Brasília, em 2017. Segundo ela, foi um encontro muito proveitoso e os estudantes puderam ter vários questionamentos respondidos pelo vencedor do prêmio.
“O que eu tirei da conversa com ele foi que a ciência é uma continuidade e que esse trabalho com que ele ganhou o Nobel levou muitos e muitos anos de estudo, foram muitos alunos e pesquisadores que ajudaram”, relembra a egressa. “Senti que eu fazia parte da comunidade científica, que o meu trabalho ‘hoje’ poderia ajudar alguém a achar alguma coisa importante.”
Aaron Ciechanover também esteve na instituição este mês, para aula magna realizada pelo Instituto de Química (IQ).
DOUTOR HONORIS CAUSA – Após o almoço com estudantes, o Nobel de Medicina receberá, às 14h30, no Auditório da Reitoria, o título de Doutor Honoris Causa, em reconhecimento à sua contribuição em prol da ciência e da humanidade.
Docente na Escola de Medicina de Harvard e pesquisador no Instituto de Medicina Howard Hughes, ambas instituições estadunidenses, o homenageado é formado pela Universidade de Duke (EUA), onde graduou em Química, Matemática e Medicina.
Durante o terceiro ano do curso de Medicina, desenvolveu pesquisa laboratorial sobre fluxo sanguíneo tumoral. Especializou-se em oncologia no Instituto de Câncer Dana-Farber (EUA) e, em 2019, foi honrado com o Prêmio Nobel de Medicina/Fisiologia. Kaelin é o quarto ganhador de Prêmio Nobel a ser recebido na Universidade de Brasília.
SERVIÇO
Palestra com William G. Kaelin, prêmio Nobel em Medicina de 2019
30 de agosto, às 10h45
Auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), campus Darcy Ribeiro, Asa Norte