São 43 anos como docente e pesquisador da Faculdade de Comunicação (FAC) da Universidade de Brasília. Quando soube que sua longa trajetória na instituição seria reconhecida com a outorga do título de Emérito, o professor Sérgio Dayrell Porto tentava encontrar os motivos para tamanho agraciamento. “Fiquei pensando no que poderia significar para mim essa homenagem. Mereço realmente esse título ou é principalmente fruto da generosidade dos meus colegas?”, questionou o emérito, que recebeu a honraria em cerimônia na última sexta-feira (30), no auditório da Reitoria.
Depois de tanto procurar respostas, recorrendo aos pensamentos dos grandes teóricos que o inspiraram, como Gadamer e Heidegger, Porto chegou a uma conclusão: “seria bom que me sentisse envolvido em um novo círculo hermenêutico em que as coisas presentes, passadas e futuras pudessem exercer em mim uma realimentação de projetos ainda vagos, capazes de preencher o mistério dos meus dias que ainda hão de vir”, declarou emocionado.
Além da outorga de emérito, o professor coleciona outros títulos acadêmicos. É graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, em Filosofia pela Escola de Filosofia e Teologia Santo Alberto Magno, além de mestre em Comunicação pela UnB, doutor e pós-doutor também na área pela McGill University (Canadá). Realizou seu segundo pós-doutorado na Centre Nacional de La Recherche Scientifique (França).
Ingressou na UnB em 1973 como professor substituto do então Departamento de Jornalismo. Quando se tornou titular, passou por vários cargos administrativos, entre eles o de chefe do Departamento de Audiovisuais e Publicidade, diretor interino do extinto Instituto de Expressão e Comunicação, diretor da FAC e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação por quatro vezes. Ao se aposentar, em 2001, decidiu manter o vínculo com a Universidade como pesquisador associado, ministrando aulas e orientando alunos na pós-graduação, na linha de pesquisa Jornalismo e Sociedade.
Também se inclui em seu currículo importantes contribuições ao meio científico. “Sérgio Porto desenvolveu as seis leituras interpretativas, um procedimento metodológico utilizado para analisar e interpretar os textos do jornalismo e da mídia em geral, tendo como base a junção da arte geral da interpretação – a hermenêutica – com a análise de discurso”, destacou durante a cerimônia a professora Maria Jandira Cavalcante Cunha, também aposentada da UnB, que apresentou o colega aos presentes.
Porto revisitou, em seu discurso, sua experiência profissional fora da Universidade. Em sua trajetória no mercado, fez parte da primeira turma de jovens jornalistas da revista Veja, foi gerente da sucursal de Minas Gerais da Editora Abril e colunista do Correio Braziliense.
Mas foi na UnB que pôde ver reacendido seu interesse pela arte de escrever e interpretar. Ao se lembrar dos momentos vividos na Universidade, onde ficou conhecido como parte do grupo de professores intitulado mineiros – que vieram de Minas Gerais –, Porto destacou suas atribuições ao se dedicar a docência. “Desde o primeiro dia em que assinei o contrato de professor assistente, intuí que poderia ter minha missão nesta casa: a de dar ênfase à linguagem e suas dimensões simbólicas e interpretativas nas aulas e nas pesquisas que comecei a realizar”.
Para o reitor Ivan Camargo, o professor desempenhou um trabalho exemplar. “Você merece muito o título pela sua dedicação, seu brilho, sua amizade e o orgulho que a UnB tem de você”, se dirigiu ao homenageado. Professores, técnicos administrativos e estudantes da FAC e de outras unidades acadêmicas, além dos familiares, também prestigiaram o momento.