Familiares, amigos e colegas do Departamento de Antropologia celebraram a outorga do título junto ao homenageado em solenidade virtual nesta quinta (21)

A professora Soraya Fleischer e a reitora Márcia Abrahão felicitaram o professor Gustavo Lins Ribeiro pelo título recebido. Imagem: Reprodução

 

O antropólogo Gustavo Lins Ribeiro foi agraciado com o título de Professor Emérito da UnB. A solenidade virtual ocorreu nesta quinta-feira (21) entre colegas, amigos e familiares. A honraria é concedida ao docente aposentado na Universidade que alcançou uma posição eminente em atividades universitárias. A outorga ao docente, ligado ao Departamento de Antropologia (DAN), foi aprovada pelo Conselho Universitário em 2020.

 

“Esse momento é, sem dúvida, uma honra para a Universidade de Brasília”, disse a reitora Márcia Abrahão. “Já era admiradora de seu trabalho acadêmico e de sua atuação política, sempre em defesa da Universidade de Brasília, da democracia e da universidade pública, principalmente neste ano em que a UnB completa 60 anos”, destacou.

 

“É um privilégio ter pessoas do quilate de Gustavo como professor e membro da nossa comunidade acadêmica. Intelectual de ponta, ousado e inquieto, sua trajetória nos inspira. Sempre buscaremos seguir o seu exemplo de dedicação, de amor à ciência, à Universidade e à sociedade, tentando sempre transformá-la”, parabenizou o diretor do Instituto de Ciências Sociais, Arthur Trindade.

 

A irmã do homenageado, Nadja Laender, também prestou sua homenagem. “O título vem carregado de muitas lembranças e vivências memoráveis. Sua família está muito orgulhosa de você, um exemplo para nós”, disse.

Lia Zanotta recordou do momento em que conheceu Gustavo Lins e da trajetória do docente. Imagem: Reprodução

 

Colega de departamento, a professora emérita da UnB Lia Zanotta expressou sua admiração por Gustavo Lins e lembrou o percurso acadêmico do docente. “Conheci Gustavo quando cheguei em Brasília em 1977. Ele fazia mestrado com Lygia Sigaud sobre Brasília, capital da esperança. A questão das grandes obras e do desenvolvimento o levaram a Eric Wolf na Universidade de Nova Iorque e a partir daí ele passou a publicar muitos artigos sobre o sistema hegemônico mundial e o não hegemônico, o capitalismo informático e eletrônico, sobre a circulação das antropologias e as antropologias mundiais, sobre a globalização vista pelas elites e pela população. Ele foi estudioso das antropologias e dos sistemas mundiais e idealizador, participante e dirigente das principais associações brasileiras de antropologia e ciências sociais, bem como fundador da World Council of Anthropological Associations”, resumiu Lia.

 

Durante a solenidade, Gustavo Lins emocionou-se com as palavras dos colegas e familiares. "É um imenso prazer estar aqui e receber esta distinção tão especial que a Universidade me faz”, disse o homenageado. Ele lembrou o incentivo que os pais deram em sua trajetória e o amor que lhe despertaram pelos livros.

 

O professor lembrou o protagonismo da UnB e declarou seu orgulho por fazer parte da instituição. “A Universidade é o que nós, estudantes, funcionários e professores fazemos. A UnB foi fundada por um antropólogo, Darcy Ribeiro, visionário, cosmopolita e militante do lado certo da história. Os genes da UnB carregam a liberdade, o conhecimento de ponta, a inovação, a democracia, a ousadia e o compromisso com a sociedade brasileira, com o mundo, com a justiça social para todos, incluindo os povos indígenas e os muitos milhões de negros até hoje discriminados. Como não ser orgulhoso dessa marca de nascença?", disse em seu discurso de agradecimento.

 

Também estiveram presentes na solenidade os professores Roque de Barros Laraia, emérito da UnB; Carlos Sautchuk, Luís Roberto Cardoso e Soraya Fleischer, do Departamento de Antropologia da UnB; e Bela Feldman-Bianco, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 

TRAJETÓRIA – Gustavo Lins Ribeiro trabalha há mais de 20 anos atuando para dar mais visibilidade às antropologias produzidas fora dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, centros hegemônicos na área. A UnB é sua primeira alma mater. Foi aluno de graduação em Ciências Sociais (1972-76) e de mestrado em Antropologia (1977-80) na instituição. Envolveu-se na sua vida política desde a graduação e, por isso, no mestrado, em 1977, foi preso e processado pela ditadura militar em uma greve estudantil daquele ano.

 

Doutor pela City University of New York, Gustavo Lins Ribeiro foi professor do Departamento de Antropologia e do antigo Centro de Pesquisas e Pós-Graduação sobre as Américas da UnB – atual Departamento de Estudos Latino-Americanos. É pesquisador 1-A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e foi associado do Centro de Estudos de Migrações Internacionais na Unicamp. Lecionou na Johns Hopkins University, nos Estados Unidos; na Universidad Nacional de Misiones e no Instituto de Desarrollo Economico y Social, na Argentina; na Universidad del Cauca, na Colombia; e na University of Cape Town, na África do Sul. Ocupou a cátedra Ángel Palerm no Departamento de Antropologia da Universidad Autónoma Metropolitana do México.

 

Tem vários livros e artigos publicados sobre tópicos como desenvolvimento, ambientalismo, migrações internacionais, cibercultura, globalização, transnacionalismo, campo intelectual e América Latina. Entre os prêmios recebidos ao longo da carreira estão a Medalha Roquette Pinto de Contribuição à Antropologia Brasileira e o Franz Boas Award for Exemplary Service to Anthropology. Ajudou a criar o World Council of Anthropological Associations, rede internacional de associações para promover cooperação na área de antropologia.

 

 

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