O sociólogo Argemiro Procópio Filho recebeu na última sexta-feira (2) o título de Professor Emérito pela Universidade de Brasília (UnB). A cerimônia ocorreu no Auditório da Reitoria e contou com a presença de professores na ativa e já aposentados, técnicos, alunos e familiares. A honraria foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni) em reconhecimento à sua trajetória acadêmica e importância para projeção de temas de relevância social.
Docente da UnB desde 1977, Procópio passou pelos departamentos de Sociologia e de Ciência Política e Relações Internacionais e, posteriormente, foi incorporado ao quadro do Instituto de Relações Internacionais (Irel). Contribuiu com pesquisas e na discussão de temáticas diversas, como segurança humana, alimentar e energética, migrações, ilícitos transnacionais, tráfico de drogas, políticas públicas para o meio ambiente, Amazônia, mudança climática e desmatamento.
Participou da criação do Núcleo de Estudos Asiáticos do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) e teve atuação destacada na UnBTV em programas como Vozes Diplomáticas e outros focados na política internacional contemporânea. Atualmente integra o conselho consultivo da televisão universitária.
Estiveram na solenidade o vice-reitor em exercício da reitoria, Enrique Huelva; o cardeal da Santa Igreja Romana, Dom Raymundo Damasceno Assis; o diretor do Instituto de Relações Internacionais (Irel) da UnB, e professor Antônio Jorge Ramalho; e o docente do Instituto de Relações Internacionais (Irel) Alcides Vaz, orador da cerimônia Também integraram a comitiva do homenageado o diretor da UnBTV, Rafael Villas Bôas; o vice-diretor do Irel, Roberto Goulart Menezes; o professor Pio Penna, também ligado à unidade acadêmica; e o docente do Departamento de História Virgílio Caixeta Arraes.
Enrique Huelva frisou a honra de participar de uma cerimônia que homenageia alguém tão especial como Procópio. Ele mencionou que o título é aprovado pelo Consuni a pessoas que de forma mais proeminente e significativa construíram a Universidade e que mostram, de forma clara, o que a instituição é e pretende ser. "Não existiria escolha mais afortunada e bem-sucedida do que a do professor Argemiro Procópio para este destaque. Ele consegue sintetizar o que a Universidade é e pretende ser na sua força de construção de humanismo e de uma sociedade mais justa e igualitária”, expressou.
Alcides Vaz relembrou que o agraciado foi professor e orientador de mestrado dele. “Do ponto de vista pessoal e do nosso Instituto, é uma honra importante apresentar uma trajetória tão diversa, rica, produtiva, densa, nas três dimensões: do ensino, da pesquisa e da extensão.”
O orador resumiu em números a trajetória de Procópio: são 57 artigos, 27 livros e 21 capítulos publicados, além de outras 226 produções editoriais e culturais e das inúmeras orientações realizadas.
“Eu destacaria a preocupação perene e constante, ao longo de toda a sua trajetória, com os valores humanos. Suas ações acolhem o ser humano como objetivo maior. Por acaso, seu primeiro projeto desenvolvido nesta Universidade tinha por título Em defesa do homem e da natureza na Amazônia”, lembrou.
Vaz destacou ainda outras características do novo professor emérito. “Ele foi um intelectual engajado e objetivo, algo que o levou a ser perseguido e a deixar o país durante o regime militar. Além de ter preocupação perene com os desafios e as externalidades do imperativo do desenvolvimento em países e regiões periféricas, e com temas como a superação da pobreza e o aprofundamento das desigualdades em níveis local, regional, nacional e internacional”, observou.
Argemiro Procópio Filho fez um resumo dos acontecimentos de sua vida, passeando por diferentes momentos. Citou os estudos em outros países – fez mestrado na Katholieke Universiteit Leuven, na Bélgica, e doutorado na Freie Universität Berlin, na Alemanha –, além da importância da vida religiosa em sua trajetória, desde os tempos de seminário até a visita aos campos de concentração na Segunda Guerra Mundial enquanto estudava no exterior. Foram momentos que, segundo ele, o mudaram para sempre. “Além [do assassinato] dos judeus, a história esquece de mencionar o massacre dos ciganos, testemunhas de Jeová e homossexuais durante o Holocausto. A primeira coisa que fiz ao voltar para o Brasil foi realizar um seminário sobre minorias. A Universidade me abriu as portas para muita coisa”, destacou.
“A Universidade alargou a nossa visão de mundo, foi muitíssimo importante, e, juntamente com a igreja e outros amigos, me ajudou a chegar até esse momento”, encerrou o professor.
Confira a cerimônia de outorga de título:
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