SAÚDE

Diante de aumento dos casos, Universidade reforça posicionamento a favor da ciência e em defesa da imunização

Decisão do CAD condiciona entrada em prédios da Universidade à apresentação de comprovante de vacinação completa. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB


O Distrito Federal soma mais de 11 mil mortes em decorrência da covid-19 desde o início da pandemia. Apenas em janeiro foram 65, segundo dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Os números mostram que a pandemia ainda não chegou ao fim, e, diante deste cenário, a Universidade de Brasília (UnB) reforça a importância da vacinação de toda a comunidade universitária.

 

No último dia 27, o Conselho de Administração (CAD) definiu que o ingresso em todas as edificações acadêmicas e administrativas da UnB está condicionado à apresentação de comprovante de vacinação contra a covid-19. Será exigida a imunização completa, ou seja, com “todas as doses disponibilizadas no Distrito Federal para cada faixa etária, incluindo dose(s) de reforço, em conformidade com o cronograma de vacinação especificado pelo Governo do Distrito Federal”, estabelece a resolução.

 

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“Com a decisão, a UnB reafirma a importância da ciência e pretende, sim, aumentar o alcance da vacinação completa entre os membros da comunidade, para que possa dar continuidade ao retorno seguro e gradual das atividades presenciais”, afirma a reitora Márcia Abrahão. “Também visamos a população do Distrito Federal, tendo em vista a elevada quantidade de pessoas que frequentam os nossos campi e o impacto positivo nas famílias das mais de 50 mil pessoas da nossa comunidade”, completa.

Reitora Márcia Abrahão afirma que a decisão do CAD visa aumentar o alcance da vacinação entre a comunidade universitária. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Para o coordenador da Sala de Situação da UnB, professor Jonas Brant, a decisão do CAD “é uma mensagem clara do apoio da Universidade à ciência e ao enfrentamento à pandemia”.

 

VACINAÇÃO – Segundo o Governo do DF, até o final do mês de janeiro 73% da população local apta a ser vacinada estava com as duas doses de vacina em dia. No entanto, somente 26% tomaram a terceira dose ou dose de reforço, disponível para quem está há quatro meses imunizado com a segunda. Além disso, quase 200 mil moradores do Distrito Federal não tomaram nenhuma dose da vacina, e outros 120 mil estão com a segunda dose atrasada.

 

Questionado se o índice de vacinados com duas doses no DF seria suficiente para garantir a redução das infecções, o diretor da Faculdade de Medicina (FM) da UnB, professor Gustavo Romero, explica que não há um “número mágico” em termos de cobertura vacinal: “No início da pandemia, falou-se que 70% seria uma proporção adequada para reduzir progressivamente a incidência da doença, no entanto, o aparecimento da onda causada pela variante ômicron revelou que essa proporção de vacinados não foi capaz de conter a disseminação da infecção”, afirma o docente.

 

Os dados da Secretaria de Saúde do DF mostram que a taxa de ocupação total dos leitos de UTI para atendimentos de casos da covid-19 na rede pública está em 93,14% nesta segunda-feira (7). Na rede privada, 82,43% dos leitos estão ocupados. A maior parte das vagas são ocupadas por pessoas não vacinadas ou que não completaram o ciclo vacinal com duas doses.

A maior parte dos leitos de UTI estão ocupados por pessoas não vacinadas ou que não completaram o ciclo vacinal com duas doses. Na arte, dado sobre ocupação é referente à primeira semana de fevereiro. Arte: Ana Grilo/Secom UnB

 

Diante deste cenário, a professora Anamélia Lorenzetti, do Instituto de Ciências Biológicas (IB), ressalta a importância da dose de reforço: “Com a ômicron, estamos vendo que existe a necessidade da terceira dose. Então, apesar de termos 73% da população [do DF] duplamente vacinada, o ideal seria que tivéssemos mais pessoas com a dose de reforço para poder enfrentar melhor essa variante”, avalia a docente.

 

O professor Jonas Brant explica que as pessoas que tomaram a dose de reforço conseguiram se proteger mais contra a ômicron em comparação àquelas que não tomaram: “Temos visto que a terceira dose gera uma imunidade mais protetiva, e que a proximidade entre a data de reforço e a contaminação também influencia na recuperação, porque a nossa resposta ao vírus tende a ir caindo com o tempo”.

Coordenador da Sala de Situação da UnB, professor Jonas Brant afirma que vacinados com dose de reforço estão mais protegidos contra variante ômicron. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

CONSCIENTIZAÇÃO – Se os dados não falam por si, os argumentos dos pesquisadores reforçam a importância da vacinação: “Não dá para dizer que são vacinas experimentais, isso é um erro. É preciso acabar com essa ideia de que é perigoso, de que [o imunizante] pode ter efeitos colaterais, porque isso não é verdade”, enfatiza Anamélia Lorenzetti.

 

A professora manda um recado para aqueles que ainda têm dúvidas sobre a segurança das vacinas e optaram por não se imunizar até então: “A pessoa precisa rever o posicionamento dela, porque vacinar não é só um ato de autocuidado, é um ato de cuidado com o próximo, pois assim vamos reduzir a transmissão, estaremos mais protegidos e deixaremos as instituições de saúde livres para atender as pessoas que têm outras doenças”.

 

O professor Gustavo Romero coordenou estudos no Hospital Universitário de Brasília (HUB) sobre a Coronavac em 2020. Ele afirma que é preciso esclarecer que a maioria dos eventos adversos decorrentes da vacinação são leves e desaparecem rapidamente: “As reações adversas mais graves são muito raras e o risco de apresentá-las é muito mais baixo que o risco de adquirir covid-19 e ser internado por ter uma doença grave, ou inclusive de morrer”.

 

Além disso, os pesquisadores e a gestão da Universidade são unânimes ao destacar a importância de buscar fontes de informações seguras sobre o tema. “Acredite na ciência! Não se deixe seduzir por teorias da conspiração, fake news e negacionismo. A ciência salva vidas e a mentira mata. Não estamos sendo testados em escala mundial. As vacinas resultam do trabalho árduo de cientistas do mundo todo, foram testadas e aprovadas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e pelos melhores órgãos de saúde do mundo. São, portanto, comprovadamente seguras”, ressalta a reitora Márcia Abrahão.

 

“Nós somos uma população que sempre se vacinou, sem levantar suspeitas sobre o fabricante ou a eficácia de inúmeras vacinas. É inacreditável que, em pleno século 21, e no meio de uma pandemia, existam pessoas, inclusive públicas, colocando em dúvida as vacinas”, completa a gestora.

 

Pesquisa da Associação Médica Brasileira (AMB) divulgada na última quinta-feira (3) mostrou que 57,2% dos médicos avaliam que a circulação de fake news interfere negativamente no enfrentamento à pandemia. A desinformação confunde e leva algumas pessoas a minimizar ou negar o problema. O levantamento também mostra que 87% da categoria teve covid-19 ou conhece outros profissionais do mesmo ambiente de trabalho que contraíram o coronavírus nos últimos dois meses. O alto índice em um curto período está relacionado à transmissibilidade da variante ômicron.

 

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