DISCENTES

Projeto de lei amplia a assistência a fim de garantir a permanência e a conclusão do curso pelos estudantes. Texto segue para sanção presidencial

Pelo texto, as instituições federais de ensino superior receberão recursos da Política proporcionais ao número de estudantes cotistas admitidos em cada uma. Foto: Cecília Lopes/Ascom GRE

 

O Senado Federal aprovou, em turno único, nesta terça-feira (11), o Projeto de Lei nº 5.395/2023, que cria a Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). O objetivo é ampliar e garantir a permanência dos estudantes no ensino superior, bem como a conclusão do curso. A reitora da UnB e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), Márcia Abrahão, esteve no Salão Azul para acompanhar a decisão. A matéria segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“A aprovação da Política Nacional de Assistência Estudantil é uma conquista histórica do movimento estudantil, tanto da graduação como da pós-graduação. Nós, reitoras e reitores, trabalhamos para essa aprovação, assim como as pró-reitoras e pró-reitores de assuntos estudantis ou de assuntos comunitários, ao longo de décadas, para que o Brasil tivesse uma lei de assistência estudantil. Agora, nós teremos finalmente a garantia da permanência dos nossos estudantes e do sucesso acadêmico, para que o Brasil seja, de fato, um país mais justo, solidário e que tenha espaço para todos e todas estudarem”, disse a reitora Márcia Abrahão.

“É uma grande e histórica conquista para nós, estudantes, que sabemos que quem entrou quer permanecer e concluir seu curso na universidade. Precisamos da assistência, da Casa do Estudante, do Restaurante Universitário, é uma vitória de todos nós!”, comemorou a presidente da União Nacional dos Estudantes, Manuella Mirella.

“Pela primeira vez na história a pós-graduação também foi incluída. Os reitores e reitoras faziam a assistência estudantil para a pós-graduação a partir do orçamento da própria universidade. Agora, a pós-graduação vai permanecer na universidade brasileira!”, vibrou o presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos, Vinícius Soares.

A política abrangerá dez programas e um benefício em torno dos principais aspectos que colaboram para o desempenho acadêmico, permanência na instituição e conclusão do curso, estabelecendo, entre outras medidas, a Bolsa Permanência de, ao menos, R$ 700, destinada a estudantes que não recebem outros auxílios de órgãos governamentais. “Essa bolsa de R$ 700 é meritória, oportuna e dá a esses jovens carentes uma oportunidade de frequentarem, continuarem e concluírem o seu curso universitário”, afirmou o senador Chico Rodrigues (PSB-RR).

Pelo texto, as instituições federais de ensino superior receberão recursos da Política proporcionais ao número de estudantes cotistas admitidos em cada uma. Sendo esse o valor mínimo. Se houver disponibilidade orçamentária, o Pnaes poderá atender também discentes de mestrado e doutorado estudantes de instituições de ensino superior públicas gratuitas de estados, municípios e do Distrito Federal. “A educação é a única maneira de diminuirmos as desigualdades sociais e reduzirmos a violência”, avaliou a senadora Zenaide Maia (PSD-RN).

A atual Política Nacional de Assistência Estudantil (Decreto nº 7.234/10) oferece auxílios para moradia estudantil, alimentação, transporte, entre outros, para estudantes com renda per capita familiar de até 1,5 salário-mínimo.

TRAMITAÇÃO – A Câmara dos Deputados aprovou, em 31 de outubro de 2023, o texto substitutivo elaborado pela relatora na Casa, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), para o Projeto de Lei nº 1.434/11, da ex-deputada e atual senadora Professora Dorinha Seabra Rezende (União Brasil-TO). Em 21 de maio, o projeto de lei que cria a Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) foi aprovado na Comissão de Educação do Senado Federal, com parecer favorável do senador Flávio Arns (PSB-PR).

Autora do projeto quando era deputada federal, a senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO) contou que o PL foi feito em 2011. “O programa, ao instituir políticas da moradia estudantil, da alimentação e da assistência em diferentes panoramas, garante que o Estado brasileiro assuma um compromisso com a permanência, o sucesso, o acesso e, sobretudo, com o atendimento às pessoas que mais precisam. Estou falando do público mais vulnerável, que tem no ensino superior e tecnológico a oportunidade de formação, entrada no mercado de trabalho e contribuição com o desenvolvimento regional”, defendeu.

“Um dos temas fundamentais ao coração dos estudantes brasileiros, esse projeto não cria novas despesas para a União, mas consolida e dá maior segurança jurídica a programas já existentes. Reforça o compromisso do estado brasileiro com a educação de qualidade e acessível”, disse o relator, senador Alan Rick (União Brasil-AC).

Se houver disponibilidade orçamentária, o Pnaes poderá atender também discentes de mestrado e doutorado. Foto: Cecília Lopes/Ascom GRE

 

O senador Flávio Arns (PSB-PR), que foi o relator na Comissão de Educação do Senado, disse que o projeto deve não apenas ser aprovado pelo Senado. “A gente precisa ter uma política pública cada vez mais aprimorada para que o sucesso do aluno, também por meio da assistência, possa acontecer.”

A senadora Teresa Leitão (PT-PE) disse que o Projeto de Lei nº 5.395/2023 é esperado há muito tempo pela população brasileira. “Esse programa vai se articular com várias ações que existem. A gente vai ter os Pnaes como fio condutor de tudo aquilo que é preciso para que o estudante se mantenha no curso superior”, argumentou.

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), relatora do PL na Câmara dos Deputados e autora do texto substitutivo, disse que está com o coração muito aliviado, porque muitos estudantes deixaram a universidade sem condições de se manter com transporte e alimentação. “A nossa luta é para que seja cumprido na integralidade, reforçando o orçamento das universidades que precisam desse reforço específico para manter a assistência estudantil no nível que ela merece estar.”

O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Alexandre Brasil, também comemorou a aprovação no Pnaes. “Temos um desafio grande que é a regulamentação e implementação para que a Lei da Assistência Estudantil seja realmente um avanço para os estudantes das universidades federais.”

O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) destacou a importância do PL para a mobilidade dos estudantes. “Muitas cidades do interior fazem o transporte para o estudante se locomover para outro município, onde ele faz o ensino superior. Mas não está disponível em todas as cidades. E esses alunos ou desembolsam para pagar o transporte ou ficam à mercê da prefeitura”, citou, elencando também a importância do Pnaes para a alimentação e a saúde mental dos discentes.