Além do regime de trabalho tradicional e presencial de 40 horas semanais, nos últimos sete anos a Universidade de Brasília modernizou sua gestão e promoveu simplificação de processos e mudanças culturais na forma de trabalho das unidades acadêmicas e administrativas. A flexibilização da jornada de trabalho, que reduz a carga horária de 40 para 30 horas semanais sem perda salarial, juntamente com o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), resultou em uma melhoria substancial na qualidade de vida das servidoras e servidores técnico-administrativos.
“Com essas ferramentas, reafirmamos nosso compromisso com a inovação e a excelência na administração pública. Adotamos uma abordagem moderna de gestão que não apenas melhora o desempenho institucional, mas também valoriza e cuida do bem-estar de nossas servidoras e servidores. Fomos a primeira universidade federal a aprovar resolução sobre PGD, em 2019”, afirma a reitora Márcia Abrahão.
Atualmente, 850 pessoas aderiram ao PGD, em 58% das unidades. Algumas unidades estão implementando simultaneamente o PGD e a flexibilização, conforme as atividades desenvolvidas.
A flexibilidade proporcionada pelo teletrabalho no PGD permite que os servidores gerenciem melhor seu tempo. Com a possibilidade de trabalhar remotamente, houve uma redução do tempo e dos custos associados ao deslocamento diário, contribuindo para um maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
“Passamos por momentos de expectativa para a efetivação do PGD, que precisou aguardar as normativas do governo federal e enfrentar diversas mudanças. Mas agora o programa está bem implementado”, avalia a decana de Gestão de Pessoas, Maria do Socorro Gomes.
A servidora da Faculdade UnB Gama (FGA) Michelle Luciana salienta que o PGD trouxe benefícios que vão além da modernização dos processos. “A melhora significativa da qualidade de vida é um fato para todos, permitindo evitar deslocamentos, ajustar horários e concentrar-se mais nas atividades”, reforça.
No entanto, ela pondera que apesar de a transição ter sido tranquila no setor onde atua, o início da implementação não foi simples. “Enfrentamos desafios para organizar a rotina pessoal e profissional devido ao novo formato de trabalho e para adaptar a comunidade acadêmica a essa mudança”, menciona.
O servidor da Faculdade UnB Ceilândia (FCE) Mark Gomes de Santana conta que o setor onde trabalha está no processo de implementação do PGD.
“Estamos com uma boa expectativa, porque a nossa experiência no teletrabalho durante a pandemia foi muito boa. Conseguimos otimizar toda a nossa demanda de todos os nossos serviços.”
FLEXIBILIZAÇÃO – Em 2016, quando a reitora Márcia Abrahão e o vice-reitor Enrique Huelva assumiram a gestão da UnB, não havia informações precisas sobre a flexibilização nas unidades acadêmicas e administrativas.
Com a reativação das atividades da Comissão de Flexibilização, logo no primeiro semestre de 2017, 31 unidades estavam aptas a implementar a flexibilização da jornada de trabalho. Atualmente, 61% das unidades estão flexibilizadas, de acordo com dados do Decanato de Gestão de Pessoas.
“Não temos os dados de 2016 porque não eram contabilizados. Eram poucas unidades flexibilizadas e muita gente reclamava disso. Quando a professora Márcia assumiu a gestão, tornou esse processo mais democrático e transparente. Existia uma resolução do Conselho de Administração (CAD 50/2013) que permitia a flexibilização, mas nós não participávamos da Comissão de Flexibilização e não havia divulgação sobre isso”, relembra a diretora de Capacitação, Desenvolvimento e Educação (Dcade) do Decanato de Gestão de Pessoas (DGP), Emelle Cruz.
Também da FGA, a servidora Fernanda Leite entrou para a flexibilização há dois anos. Desde então, ela pôde dedicar mais tempo para estar com a filha. “Quando eu fazia oito horas, quase não via a minha filha. E só moramos nós duas em casa. Para uma mãe, isso faz toda a diferença”, relata.
Márcia Freire de Souza concorda com a colega. Com jornada flexibilizada desde novembro de 2023, a servidora da FCE conta que o modelo melhorou a qualidade de vida. “Teve vários impactos positivos. Na troca de turno, conversamos sobre como agora temos tempo e disposição para ir à academia, fazer caminhada, estar mais com a família, estudar e se dedicar a atividades que antes não tínhamos tempo nem disposição.”
A flexibilização da jornada de trabalho garante o atendimento à sociedade por 12 horas ininterruptas, enquanto os servidores do setor trabalham em escalas de 6 horas por dia/30 horas semanais, sem redução de salário.
A Comissão de Flexibilização, espaço para análise dos processos, é presidida pela decana de Gestão de Pessoas. A instância é composta por nove membros, com dois anos de mandato. Há representações do DGP, do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), do Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DPO) e quatro indicações do Conselho de Administração (CAD) que representem as quatro grandes áreas do conhecimento.
Em 2018, a Controladoria Geral da União (CGU) determinou a suspensão da flexibilização e a revisão do regulamento interno sobre o tema. Nesse mesmo ano, foi promulgada a Instrução Normativa nº 2/2018, que estabeleceu orientações, critérios e procedimentos relativos à jornada de trabalho. Ainda em 2018, a UnB publicou uma nova regulação vigente (CAD nº 43/2018).