O Conselho de Administração (CAD) da Universidade de Brasília aprovou, por 43 votos a favor, um contrário e cinco abstenções, a paridade de acesso às moradias exclusivas para servidores da instituição. Anteriormente, a prioridade de ocupação dos imóveis era de três docentes para cada técnico administrativo. Com a nova medida, proposta pela Administração Superior e pela Câmara de Assuntos Comunitários, os editais passarão a prever igualdade de acesso, permitindo que um docente e um técnico administrativo tenham as mesmas chances de obter moradia. A reunião ocorreu nesta quinta-feira (18), no Auditório da Reitoria.
“A política que vigorava há décadas na UnB era uma injustiça, porque, além de termos mais técnicos do que docentes, os salários dos técnicos estão defasados, e nós temos uma evasão muito grande dessa categoria na Universidade. A aprovação dessa medida representa um reconhecimento do papel crucial das servidoras e servidores técnico-administrativos”, comentou a reitora Márcia Abrahão. Ela reforçou que a paridade não vai deixar de atrair docentes para a UnB, e, sim, tornar as oportunidades iguais para as categorias.
O decano de Assuntos Comunitários, Ileno Izídio, lembrou que esta é uma reivindicação já antiga, desde a aprovação da resolução original. “O princípio que estava na resolução, historicamente, era para atrair professores para começar a Universidade. Agora, nós já estamos estabelecidos, não há mais porquê ter essa diferença”, disse.
A proposta foi elaborada pelo Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) e aprovada na Câmara de Assuntos Comunitários (CAC), além de ser um desdobramento das demandas apresentadas pelo Grupo de Trabalho das Mães da Universidade de Brasília. O parecer foi elaborado pelo servidor técnico-administrativo da Faculdade de Educação Elias Andrade dos Santos.
Durante o debate, a decana de Gestão de Pessoas, Maria do Socorro Gomes, defendeu a aprovação da paridade, ressaltando que a Universidade tem servidores técnicos muito qualificados, com cursos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, que são fundamentais para garantir a excelência das atividades finalísticas da instituição.
“Até agora, enfrentamos uma situação bastante desigual nessa discussão, que está diretamente relacionada à permanência dos servidores na Universidade. Vivemos um drama com a rotatividade de servidores técnicos; aqueles que saem possuem alta qualificação e, frequentemente, migram para outros concursos públicos. Enfrentamos dificuldades para fixação desses profissionais”, explicou.
Para a auditora-chefe em exercício, Betânia Goudinho, a moradia é um fator crucial para a permanência dos profissionais na Universidade. ”Nós gostamos muito de trabalhar aqui. É um ambiente muito bom, só que nossos salários são mais baixos do que os dos docentes e de outros servidores públicos, e sem a moradia não teríamos condições de morar perto do trabalho”, ponderou.
Maria do Socorro Marzola concorda com a colega. A servidora técnica trabalha na UnB desde 1998 e relatou que, ao longo da vida, enfrentou dificuldades por morar distante da Universidade, durante a criação dos cinco filhos. “Quando a gente fala de fixação de trabalhadores, a gente tem que ver de todos os lados. A gente tem que pensar também na prioridade de mulheres e mães, porque essa Universidade tem mais mulheres trabalhando do que homens. Que a gente pense também nas mães que têm filhos PCDs e que precisam estar próximas das suas crianças”, apontou.
O professor do Instituto de Ciência Política Pablo Holmes Chaves afirmou que a reivindicação é válida, mas sugeriu estabelecer a proporção de dois docentes para um técnico. “Uma das justificativas para a existência desses imóveis foi fixar pessoal de excelência no Distrito Federal. Perde-se a função pedagógica de manter mão de obra qualificada, que poderia optar por ficar em Brasília, após passar em outros concursos. A UnB ainda é uma universidade competitiva, atraindo professores de todo o país. No meu departamento, temos pessoas de fora do país que preferem ficar em Brasília devido à URP e aos apartamentos. De fato, oferecemos condições de trabalho melhores do que outras universidades federais do país e centros de excelência.”