A capacidade de articular com diferentes correntes políticas, de ouvir e encontrar consensos, de defender a Universidade, sua autonomia, a democracia e os direitos humanos em momentos adversos. A capacidade de ser uma voz nacional. Essas foram algumas das características destacadas por parlamentares, autoridades da República, amigos e familiares na cerimônia de outorga do título de cidadã honorária de Brasília à reitora Márcia Abrahão, na quarta-feira (13), no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
>> Assista à solenidade completa aqui
A honraria foi proposta pela deputada Paula Belmonte (Cidadania) e deliberada por unanimidade pelos deputados distritais. Além da netinha Olívia de 2 anos, a mesa de honra suprapartidária foi destaque na solenidade: a decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter, do reitor (2008-2012) José Geraldo de Sousa Júnior, da ex-deputada distrital e ex-governadora do DF Arlete Sampaio, do deputado Gabriel Magno (PT) e do deputado Fábio Félix (Psol), além de Paula Belmonte.
Na cerimônia, também foram exibidos vídeos sobre a vida e a trajetória de Márcia Abrahão, com depoimentos de parentes, amigos e autoridades, como o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, do secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, e do secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Alexandre Brasil.
A reitora da UnB falou sobre os projetos apoiados pela deputada Paula Belmonte, que articulou recursos para a construção da creche pública no campus Darcy Ribeiro. “Quando conheci a deputada Paula, ela me pediu para ter criança na Universidade e eu apresentei a proposta da creche. Ela abraçou na hora.”
Além da creche pública no campus Darcy Ribeiro, Belmonte destinou emendas para a construção da Unidade da Criança e do Adolescente do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), inaugurado este ano após décadas inacabado, e para o Centro de Pesquisa em Primeira Infância, que ainda está em construção.
BRASÍLIA – A reitora relatou a sua história com a cidade. “Eu só não nasci em Brasília, mas vivi praticamente toda a minha vida aqui. Me formei na UnB, morei um período em Mossoró trabalhando na Petrobras, depois passei no concurso do Banco Central e pedi demissão para ser bolsista da UnB. Fiz concurso e estou na UnB até os dias de hoje”, detalhou Márcia Abrahão, que iniciou o processo de aposentadoria. “Eu poderia me aposentar desde 2019.”
FUTURO – Instigada por todos os presentes a pensar em um futuro na política, a reitora respondeu que “nem todos precisam ter mandato. Posso ajudar a cidade e o país de várias formas. Eu vou estar aqui, junto, sempre contribuindo com a nossa cidade, com o nosso país, da forma que for possível. Agora vou poder levar a Olívia para a natação”, disse aos risos.
FAMÍLIA – Além da netinha Olívia, que estrelou a abertura dos blocos de vídeos anunciando que a vovó era a “cidadã honorária de Brasília”, os filhos Renata e Tomás, egressos da UnB, vieram a Brasília para a homenagem.
O marido, Antônio Luiz Veiga, relembrou os mais de 40 anos de convivência e o sorriso fácil e farto de Márcia. “Não se confunde na sua seriedade e lealdade, persistência e dedicação ao trabalho e à família. Dona Ina e seu Armando (pais), com certeza, estão felizes.”
DEPOIMENTOS – José Geraldo de Sousa Júnior ressaltou que a reitora Márcia Abrahão vem atuando na gestão da Universidade de Brasília por meio do diálogo com ampla participação da comunidade. “Por isso, o reconhecimento desta Câmara. A professora Márcia criou um projeto coletivo, de construção de alianças, convergindo forças que se engajam em uma proposta, que, no caso da UnB, tem expressão nacional, com grande lealdade ao povo e aos ideais de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira.”
Arlete Sampaio destacou a habilidade política da reitora para ser nomeada em 2020, durante o governo Bolsonaro, com apoio dos oito deputados federais, dos três senadores, dos deputados distritais e do governador Ibaneis. “Foi impressionante a capacidade que teve a Márcia de articular apoios. Ela tem essa habilidade de conviver com diferenças e com diferentes. Márcia conseguiu o respeito de todos pelo seu trabalho. Isso é importante não apenas para a reitora, mas para a Universidade de Brasília. A gente pode dizer que sente muito orgulho do legado que ela deixa”, disse.
Para o parlamentar Gabriel Magno, a homenagem congregou pessoas de diversos campos ideológicos. “Para mim é uma honra dividir essa mesa. Eu sou professor da Secretaria de Educação, mas, mais do que nunca, me sinto um estudante que aprendeu tanto com cada um ou cada uma de vocês. Eu conheci a reitora Márcia quando eu fazia Física na UnB”, disse.
Fábio Félix relembrou quando conheceu Márcia Abrahão. “A professora Márcia liderou o Reuni (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que hoje é fundamental para que a gente tenha uma Universidade que a gente tem. Foi uma expansão qualificada, discutida, amplamente debatida e combatida em muitos aspectos também.”
Para ele, o título concedido à reitora é mais uma demonstração de sua capacidade de diálogos múltiplos, plurais, na construção de uma Universidade que é aberta para a população do DF. “A professora Márcia é uma articuladora nacional. Em momentos muito difíceis, como a pandemia, a Universidade deu uma demonstração de vocação, de liderança para a ciência. Foi uma voz propositiva contra os cortes na educação. Foi uma liderança importante para articular a luta em defesa da autonomia universitária”, listou.
A decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter, lembrou que ela e a reitora Márcia Abrahão jogaram vôlei juntas, quando eram estudantes de graduação na UnB. Na sua avaliação, a experiência com o esporte moldou a forma de liderança da reitora. “Do vôlei, vieram os ensinamentos: o trabalho em equipe, a resiliência, a superação dos momentos difíceis, a capacidade de motivar sempre a equipe de gestão. Vieram também a força, a clareza, a segurança e a firmeza, mas sobretudo a generosidade na condução dos conselhos e das inúmeras ações estruturantes que fizemos na UnB. Sua formação acadêmica sólida combinou muito com a humanidade que sempre a caracterizou como pessoa”, relatou, emocionada.
Em vídeo, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, que também é professor da UnB, enalteceu a gestão da reitora e sua relação com a sociedade. “Levou a UnB a patamares ainda maiores no cenário nacional e internacional.”
O presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), Marco Antônio Costa Júnior, disse que Márcia Abrahão transformou a relação da UnB com a FAP. “Eu tenho a honra de vivenciar de perto o seu espírito de liderança, de parceria e de visão. Juntos implementamos vários projetos e aumentamos os recursos destinados à pesquisa do DF”, disse, destacando a criação do mestrado para servidores do Governo do DF em Gestão, Inovação, Economia e Tecnologia.
RESUMO DA GESTÃO – O ministro do STF Gilmar Mendes detalhou as conquistas da gestão de Márcia Abrahão, citou desde a construção de mais de 70 obras, como o Centro Olímpico, que estava abandonado, a criação do vestibular 60mais até as instâncias e iniciativas de direitos humanos empreendidas pela reitora. “É com muita justiça que a Câmara Distrital outorga este título a essa professora e essa gestora exemplar. Como um egresso da UnB, eu me congratulo com os deputados que assinaram esta mensagem extremamente positiva”, disse.
HONESTINO GUIMARÃES – O diploma post mortem concedido a Honestino Guimarães foi destacado por todos os presentes e nos vídeos do ministro Gilmar Mendes e do secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Alexandre Brasil. “Cerimônia simbólica que marcou a gestão de Márcia em relação à defesa da democracia, defesa do papel da Universidade e da importância da Universidade enquanto ator social”, disse o secretário.
Assista à sessão solene de concessã de título de Cidadã Honorária a Márcia Abrahão: