MEIO AMBIENTE

Base de apoio logístico e organizacional, centro em Alto Paraíso reúne equipes de combate terrestre e aéreo às chamas, que começaram na quinta (5)

Equipes que combatem incêndio na Chapada dos Veadeiros têm como base de apoio o Centro UnB Cerrado, em Alto Paraíso. Foto: Vitor Saraiva/ICMBio

 

Às vésperas do Dia do Cerrado, comemorado nesta quarta-feira (11), o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), em Goiás, enfrenta o fogo pelo quinto dia consecutivo. Desde a última quinta-feira (5), o incêndio já destruiu mais de 10 mil hectares.

 

Brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do PrevFogo Ibama, e voluntários, estão atuando 24h por dia, nas modalidades terrestre e aérea, com dois aviões e um helicóptero para apoio das equipes. O incêndio, cujas causas ainda são desconhecidas, reforça a urgência da preservação do Cerrado.

 

"O incêndio foi detectado via satélite e uma hora depois já estávamos em combate", relata Nayara Stachesk, chefe do PNCV. Ela detalha que o fogo se espalhou rapidamente e, no dia 6, as chamas chegaram a pular a GO-118, rodovia crucial que precisou ser interditada várias vezes.

 

"Nossa equipe atuou junto com brigadas voluntárias, bombeiros e outros parceiros para controlar a situação, mas o avanço das chamas exigiu medidas rápidas e eficazes", comenta. Para fortalecer a resposta ao incêndio, no dia 7 foi montado um posto de comando no Centro UnB Cerrado, localizado na região, para ser um núcleo de apoio logístico e organizacional nas ações de combate ao fogo.

Equipes do ICMBio, do Ibama e voluntários têm o Centro UnB Cerrado como base de operações no combate ao fogo na Chapada. Foto: Vitor Saraiva/ICMBio

 

"O aeroporto estava interditado, e o UnB Cerrado foi essencial para montarmos nossa base de operações", destaca Nayara.

 

A UnB desempenha o papel de ser um suporte logístico para os mais de 120 profissionais envolvidos nos trabalhos da operação, agora de nível 3 e de alcance nacional, incluindo funcionários, brigadistas e pilotos.

 

"Hoje o cenário está um pouco mais controlado, mas ainda lidamos com reignição constante, devido às condições climáticas adversas", ressalta Nayara.

 

APOIO – De acordo com Walace Cavalcante, biólogo e servidor técnico da UnB lotado no Centro, "a infraestrutura oferecida facilita a distribuição e organização de todos, desde brigadistas até equipes de reportagem que chegam à região para cobrir os acontecimentos, oferecendo um espaço para que possam se organizar e realizar o trabalho”.

 

Além disso, o Centro UnB Cerrado, que tem uma longa parceria com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, mantém uma preocupação constante com as questões socioambientais durante a operação. "Enquanto combatemos o fogo, também precisamos ter responsabilidade com outras questões que podem gerar impactos ambientais, como a gestão de resíduos e a preservação da fauna e flora", observa o servidor.

 

Ele destaca que a organização da logística, incluindo o revezamento das equipes e o cuidado com a alimentação e hidratação dos combatentes, é essencial para o sucesso da operação, sem perder de vista a responsabilidade ambiental que o Centro sempre defende.

 

ALERTA – O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, conhecido por sua rica biodiversidade, é um símbolo da luta pela conservação ambiental. A queimada, que se soma a muitas outras que ocorrem nos últimos dias por todo o país, são um sinal de alerta para o cuidado com o clima, sobre a importância do combate a incêndios e a proteção das áreas naturais.

Desde 5 de setembro, chamas já destruíram mais de 10 mil hectares do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Foto: CBMGO

 

“Estamos nos deparando com um volume de áreas queimadas muito maior que nos anos anteriores. Nas unidades de conservação, como no PNCV, o impacto é devastador", afirma a professora Maria Júlia Martins, diretora do centro UnB Cerrado.

 

Ela destaca que essa situação afeta gravemente tanto a vegetação quanto os animais silvestres. "Os animais, muitas vezes, não encontram locais de escape e acabam morrendo queimados ou ficam gravemente debilitados", afirma a docente.

 

A diretora ressalta a necessidade urgente de um programa nacional de educação ambiental, para conscientizar a população sobre a importância da preservação do Cerrado, que funciona como um criador de água para o continente latino-americano.

 

“As principais bacias hidrográficas brasileiras, como Tocantins-Araguaia, São Francisco e Paraná, têm suas nascentes no Cerrado. O que impacta a vegetação e animais, a curto e médio prazo, em outros biomas”, relata.

 

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