Ao andar pelos campi da Universidade de Brasília você pode se deparar com pequenos potes pretos identificados com o selo de combate ao mosquito da dengue. Trata-se das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), utilizadas para combater a proliferação do Aedes aegypti, aquele mosquitinho já bem conhecido e que também transmite zika e chikungunya.
As estações são seguras à saúde humana e de outros animais, por isso quem frequenta os espaços da UnB não precisa se preocupar. Porém, é de extrema importância que elas não sejam manuseadas, para garantir a eficácia da ação.
A técnica tem efetividade atestada. Em anos anteriores, foi aplicada na região administrativa de São Sebastião e na própria UnB, e o resultado foi a redução de 66% e 50%, respectivamente, da quantidade de mosquitos nas áreas acompanhadas.
Orientações à comunidade sobre as Estações Disseminadoras de Larvicidas |
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ENTENDA – As Estações Disseminadoras de Larvicida são armadilhas feitas com uso de um pequeno pote preto, contendo 1,5 L de água, com interior revestido de tecido impregnado de piriproxifeno – larvicida também conhecido por PPF. Os mosquitos são atraídos pela armadilha e se contaminam com o inseticida ali depositado.
“Os mosquitos vêm atraídos pela água e pela cor escura do recipiente, se contaminam com esse pó, que não os mata, mas onde pousarem vão depositar o larvicida que vai matar as larvas dos criadouros. É o próprio mosquito que dissemina o larvicida que vai acabar com aquela população. É a estratégia cavalo de troia”, explica o professor Rodrigo Gurgel, coordenador do Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de Vetores da Faculdade de Medicina (FM/UnB).
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A técnica tem sido aplicada por pesquisadores do Núcleo de Medicina Tropical da UnB desde 2017, e os resultados comprovam a eficiência de “colocar o mosquito para trabalhar a nosso favor”.
“Alguns criadouros são difíceis de achar porque ficam em locais escondidos, como calhas ou bueiros. Ninguém melhor que a própria fêmea do mosquito para saber onde estão seus criadouros e disseminar o inseticida”, destacou Rodrigo Gurgel, em entrevista ao UnB Ciência.
Assista ao vídeo e saiba mais sobre as Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs):
JUNTOS COMBATEMOS – Cerca de 50 mil pessoas transitam pelos campi da Universidade de Brasília, entre estudantes, técnicos administrativos, professores, terceirizados e público da comunidade externa.
A grande circulação de pessoas e o tamanho dos campi tornam fundamental o uso de estratégias para monitorar e eliminar os criadouros de mosquito. Por isso, a UnB adotou as EDLs como parte da ação Dengue: juntos combatemos.
A estratégia é conduzida pelos professores Rodrigo Gurgel Gonçalves e Marcos Takashi Obara, com o apoio direto da Secretaria de Meio Ambiente (SeMA/UnB), da Coordenação de Atenção e Vigilância em Saúde (Coavs/DAC), da Faculdade de Ciências da Saúde (FS), do Campus UnB Ceilândia e da Prefeitura da UnB (PRC).
“A UnB destinou bolsas de extensão a alunos de graduação, que têm trabalhado no projeto em todos os campi. Eles contribuem com processo de identificação de pontos com maior volume de insetos e na distribuição das armadilhas com o larvicida”, explica o secretário de Meio Ambiente da UnB, Pedro Zuchi.
Ele lembra que ao longo do ano são implementadas diversas ações de combate ao mosquito. “A principal foi a varredura de todos os prédios buscando identificar pontos que poderiam se tornar foco da reprodução do mosquito, onde havia acúmulo de água parada. As correções têm sido realizadas pela equipe da Prefeitura”, esclarece Zuchi.
Os esforços também incluem a educação e mobilização da comunidade. “É necessária a participação de todos. Reforçamos a importância de descartar lixo nas lixeiras corretas, não deixar copos ou outros objetos em áreas que possam acumular água, acionar os profissionais da Universidade quando identificar problemas”, completa o secretário.
EPIDEMIA NO DF – No primeiro semestre deste ano, a UnB implementou medidas de enfrentamento ao mosquito. O período foi marcado pela maior epidemia de dengue já verificada no Distrito Federal (DF).
Até agora, o DF registrou aumento de 864,8% nos casos prováveis da doença se comparado ao mesmo período de 2023. Foram notificados quase 319 mil casos suspeitos, dos quais quase 282 mil eram casos prováveis. O mesmo período do ano anterior registrou menos de 29 mil casos prováveis.
O número de mortes por dengue também cresceu dramaticamente: foram 440 óbitos, em contraposição a três mortes em 2023. Não foram registradas mortes por dengue nas 12 últimas semanas, evidenciando que o pico da epidemia ocorreu no primeiro semestre.
AEDES AEGYPTI – O ciclo de vida do vetor Aedes aegypti é de sete a dez dias e apresenta quatro fases: ovo, larva, pupa e mosquito adulto.
Os ovos são colocados pelas fêmeas adultas, quase sempre em paredes de recipientes com água, bem próximos da linha d’água. Esse vetor depende de depósitos com água parada para que seus ovos possam se desenvolver.
Depois que os ovos são banhados pela água, as larvas eclodem. A fase seguinte, ainda em ambiente aquático, é a das pupas que, por fim, se transformam em mosquitos adultos, únicos capazes de voar e de continuar o ciclo de reprodução que gera novos vetores. Somente a fêmea adulta pica humanos, com potencial de transmitir doenças, caso esteja portando vírus.
O inseticida pyriproxyfen atua na fase juvenil do Aedes aegypti, evitando sua maturação até a fase adulta. Dessa forma, interrompe o ciclo do vetor, impedindo que haja transmissão de vírus ao ser humano.
SERVIÇO – Para mais informações sobre as ações implementadas na UnB, entre em contato com a Secretaria de Meio Ambiente da UnB pelo telefone (61) 3107-0557 ou pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Para falar com a equipe de pesquisa do projeto Aedes-UnB, acesse o perfil do Instagram @aedes_unb.