Um projeto da Faculdade de Educação (FE) da Universidade de Brasília vai auxiliar profissionais desempregados por conta da pandemia do novo coronavírus a se recolocarem no mercado de trabalho. Conduzida pelo professor Remi Castioni, que atua na área de políticas públicas para educação, a iniciativa vai criar uma metodologia para certificar conhecimentos técnicos adquiridos por profissionais com baixa escolaridade.
A avaliação, o reconhecimento e a certificação dos aprendizados obtidos na educação profissional e tecnológica estão previstos no artigo 41 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), mas, de acordo com o docente, essas medidas não são efetivamente colocadas em prática.
Na visão de Castioni, é preciso acelerar a certificação de conhecimento desses profissionais, que muitas vezes já têm experiência, mas não detêm o conhecimento regular do ensino. "O profissional, muitas vezes, é encaminhado para cursos que nada têm a ver com sua experiência”, critica o docente da FE.
Além de estarem em alta rotatividade no mercado, muitos profissionais possuem baixa qualificação no ensino regular e alguns nem sequer sabem escrever, ler e interpretar textos. A proposta de Castioni é qualificá-los, de acordo com suas experiências, para que melhorem as habilidades que já possuem.
Com esse intuito, o professor estabeleceu uma parceria com o Centro de Educação de Jovens e Adultos Asa Sul (Cesas) e com a Agência do Trabalhador, ligada à Secretaria do Trabalho do Distrito Federal (Setrab). A agência é responsável por receber o cidadão desempregado, verificar se ele está apto a receber o seguro-desemprego e recolocá-lo no mercado. Entre os trabalhadores que usam o serviço da unidade estão garçons, eletricistas, pedreiros, vigilantes e profissionais de cozinha e de limpeza.
“Estamos trabalhando para sensibilizar os agentes da Agência do Trabalhador que acolhem esses desempregados, para que haja uma orientação mais qualificada. Além de identificarem a trajetória do trabalhador, o que levou ao desemprego e o que ele precisa adquirir para ter um novo emprego”, explica o coordenador do projeto.
APOIO AO TRABALHADOR – Devido à pandemia da covid-19, os pedidos de seguro-desemprego no Distrito Federal quase dobraram em maio 2020, comparados ao mesmo mês do ano anterior: saltaram de 10.947 para 19.520, sendo a maior parte feita pela internet.
A unidade federativa foi a segunda com maior número de solicitações nesse período. Enquanto a média nacional de aumento foi de 53%, no DF o crescimento foi de 78%, só perdendo para Santa Catarina, com 86%. "Com a pandemia, muitos estabelecimentos fecharam e as pessoas terão dificuldade de se recolocar, pois a oferta de emprego foi reduzida”, avalia o professor da FE.
A ideia é que a Agência do Trabalhador ofereça qualificação para que os trabalhadores possam se reinserir no mercado. Castioni sugere estabelecer orientações diferentes por grupos: para o trabalhador que busca o primeiro emprego e para aquele que está acima de 35 anos e não tem ensino fundamental ou médio concluído.
Outra sugestão do docente é modificar a estrutura de atendimento da agência para que haja acolhimento mais humanizado, com possibilidade de disponibilizar até lanche para a pessoa que está em dificuldade e sem emprego.
A previsão é que os resultados do projeto saiam no final de 2021. Ainda sem financiamento, a iniciativa foi uma das contempladas em chamada prospectiva de projetos e ações para o combate à covid-19 proposta em conjunto pelo Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI), o Decanato de Extensão (DEX) e o Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à covid-19 (Copei).
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