MOBILIZAÇÃO

Programação valoriza produções e experiências de educadores quilombolas e oferece para o grande público conteúdo de difícil acesso

Imagem mostra o território quilombola Águas do Velho Chico em Orocó, Pernambuco. Foto: Reprodução

 

A UnB recebe, nos dias 3 e 4 de dezembro, a I Jornada Nacional Virtual Quilombola: territorialidades, saberes e a luta por direitos. Fruto de ação da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) com a Universidade de Brasília, a jornada é uma iniciativa inédita desse porte sobre a temática. O evento deve oferecer para o público a partilha de experiências cotidianas dos docentes, os desafios de uma educação mobilizadora e a memória dos mais velhos, essenciais em uma formação completa, na perspectiva quilombola.

 

"Nossa aposta é que a jornada será um marco na educação do Brasil, é um evento pioneiro. Quem vem, deve compreender que educação quilombola se faz com comunidade e território, com professores, comunidade, mais velhos e crianças, diferentemente da educação que isola pessoas e espaços", afirma Givânia Silva, professora substituta da Faculdade UnB Planaltina (FUP), uma das co-fundadoras da Conaq e coordenadora-geral do evento.

 

O evento será ainda uma oportunidade de formação continuada para os educadores participantes, oferecendo certificados pela UnB e enriquecendo o retorno para a sala de aula. "Vemos o fortalecimento da formação contínua como aspecto fundamental da lógica da Universidade. A educação quilombola tem formas de intensificar as esferas do processo educacional", defende o diretor técnico de graduação Wilson Theodoro.

 

Transformada em realidade a partir da mobilização do Coletivo Nacional de Educação Quilombola da Conaq, a jornada tem como parceiros na Universidade a Coordenação de Integração de Licenciaturas do Decanato de Ensino de Graduação (CIL/DEG); o Departamento de História (HIS); a Licenciatura em Educação do Campo (Ledoc) e o Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (Mespt/FUP); o Centro de Documentação Quilombola Ivo Fonseca (CDIF); o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab/Ceam) do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam); o Grupo de Pesquisa Educação, Saberes e Decolonialidades (Gpdes) da Faculdade de Educação (FE). O Grupo de estudos Étnico-Racial e Ambiental da Universidade de Pernambuco (UPE) também é um parceiro da Jornada.

Joseilton purificação, o "Ton Purificação" irá apresentar na jornada com a fala "Quilombando" com a educação no território do Velho Chico, sobre sua exeperiêcia. Foto: Arquivo pessoal/Ton Purificação

 

A coordenadora do Mespt e coordenadora executiva do evento na UnB, Mônica Nogueira, acredita que o momento é oportunidade para repensarmos a dinâmica de construção do conhecimento, não assumindo que levamos o conhecimento da Universidade para a sociedade, mas aproveitando para construí-lo junto, a partir da demanda de um movimento social. "A educação diferenciada está sendo construída pelos próprios quilombolas. Com as as articulações para a jornada, percebemos a oportunidade de diálogo com educadores que estão construindo conhecimento específico na prática a partir de seus contextos, saberes e sabedorias comunitárias", comenta.

 

EDUCAÇÃO DIFERENCIADA – Joseilton Purificação, do Conselho Estadual das Comunidades e Associações Quilombolas da Bahia (CEAQ-BA) é coordenador de uma escola de ensino infantil e fundamental I. Sua mãe começou a ensinar informalmente e, a partir daí, a escola foi estabelecida. Seis irmãs, um irmão e ele se dedicam à área, sendo que o primeiro aluno foi o pai. A família percebeu que a colaboração social que podiam dar para o movimento quilombola seria na área da educação. "Faço, junto da escola, o trabalho de fortalecimento da educação pública de qualidade, sabemos como é negado. Se é negado na zona urbana, imagine nas comunidades quilombolas", diz. Para ele, que é do território Velho Chico, mas cuja família é originalmente de Lagoa das Piranhas, em Bom Jesus da Lapa, ir às comunidades é também oportunidade de aprender com os mais velhos.

 

A programação prevê mesas e debates com temáticas que chamam a atenção para demandas da realidade quilombola: discussões da formação docente, por exemplo, bem como a inserção no cotidiano escolar de temáticas mobilizadoras necessárias para a proteção dos direitos quilombolas e reconhecimento da identidade. Além disso, vídeos de memória dos mais velhos, apresentações de experiências exitosas da educação escolar quilombola e trabalhos produzidos pelos pesquisadores e intelectuais quilombolas estarão disponíveis ao longo dos dois dias.

 

Páscoa Sarmento, quilombola, servidora técnico-administrativa e doutoranda em Antropologia na Universidade Federal do Pará (UFPA) pretende apresentar uma articulação entre esses pertencimentos para a jornada. Ela, que é a primeira estudante quilombola do doutorado em Antropologia da instituição, irá tratar de juventudes e infância. "Faço do meu ativismo, minha ação na universidade. Ela é totalmente voltada para a garantia dos direitos socioterritoriais do meu povo e minha contribuição é articular meu ativismo a essa instituição", afirma.

 

SERVIÇO – Para mais informações sobre a inscrição para a I Jornada Nacional Virtual Quilombola: territorialidades, saberes e a luta por direitos, clique aqui. Fique ligado! Primeiro é necessário fazer cadastro no SIGAA e depois a inscrição no evento. Só os dois passos garantem sua inscrição.

 

Leia também:

>> Secretaria de Meio Ambiente apresenta resultados ao Conselho de Administração

>> UnB promove a décima edição da Jornada Internacional de Gestão de Esportes

>> 28ª edição do Boletim Coes traz dados atualizados da pandemia de covid-19 no Brasil e no mundo

>> UnB tem 25 pesquisadores entre os mais influentes do mundo

>> Artistas apoiam mobilização da Universidade de Brasília por recursos contra a covid-19

>> Cerimônia de posse celebra nova direção do Centro de Excelência em Turismo (CET)

>> Em webinário, DPI lança portfólio e painéis com dados sobre infraestrutura de pesquisa e inovação da UnB

>> Cientista político e cofundador do Ceam, Nielsen de Paula Pires é novo emérito da UnB

>> Conselho Universitário celebra recondução de reitora da Universidade de Brasília

>> Nova direção da Faculdade UnB Planaltina toma posse

>> Com criatividade e inovação, docentes reinventam ensino e pesquisa na pandemia

>> Cursos de pós-graduação lato sensu já têm acesso ao SIGAA

>> Professoras em licença-maternidade terão prazo maior para credenciamento e recredenciamento na pós

>> Relatório apresenta resultado de autoavaliação da Universidade de Brasília em 2019

>> Critérios para participar de testes da vacina chinesa no HUB são ampliados

>> Campanhas de solidariedade da UnB continuam contando com você

>> Webinário apresenta à sociedade projetos de combate à covid-19

>> Copei divulga orientações para trabalho em laboratórios da UnB durante a pandemia de covid-19

>> Coes publica cartilha com orientações em caso de contágio pelo novo coronavírus

>> UnB cria fundo para doações de combate à covid-19 

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.