O Centro de Documentação Quilombola Ivo Fonseca (CDIF), projeto de extensão da Universidade de Brasília, procura voluntárias interessadas em construir um acervo que registre a história quilombola na cena política e jurídica do país. A iniciativa, coordenada pelo professor Menelick Netto, da Faculdade de Direito (FD), foi aprovada no fim de abril pela Câmara de Extensão e busca novas participantes da comunidade interna ou externa.
As selecionadas devem atuar com suas habilidades e dentro de sua disponibilidade. Das pelo menos 14 vagas oferecidas pelo projeto, quatro são para autodeclaradas quilombolas. Para se candidatar, é preciso preencher o formulário de inscrição, anexar documento de identificação pessoal; declaração que comprove vínculo com a UnB (se da comunidade universitária da instituição); carta de intenções em formato escrito, de até duas páginas, ou em áudio, de até cinco minutos; carta assinada por liderança ou organização que indique vínculo com comunidade quilombola (se for o caso); e concordar com os termos de compromisso do projeto de extensão.
As atividades desenvolvidas pelas voluntárias versam sobre a catalogação, coleta e sistematização de arquivos de texto, imagem e audiovisual; organização de informações e dados; interpretação e elaboração de textos; manuseio de programas estatísticos; criação e edição de material e produção e desenvolvimento web.
O PROJETO – "Mais do que resistência à escravidão, o quilombo foi uma experiência de organização social de pessoas negras no enfrentamento ao racismo", lembra Rodrigo Gomes, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) e um dos coordenadores do projeto.
Ele explica que um dos objetivos do centro de documentação é o combate ao racismo e ao sexismo, presentes na sociedade contemporânea e herança da construção colonial. "Falar dessa temática é necessário para compreender como muitas estruturas político-jurídicas foram consolidadas no Brasil", acrescenta a pesquisadora e estudante de Direito Victória Lisboa.
O grupo acredita que pode contribuir no combate ao racismo e na promoção de práticas que edifiquem as políticas de ações afirmativas na UnB. "Ao pensar e promover ações que valorizem o modo de viver, fazer e criar das comunidades quilombolas, trazemos essa contribuição", afirma Emília Viana, coordenadora de formação do projeto, professora substituta da Faculdade de Direito e doutoranda do PPGD.
Muitas das tradições e histórias das comunidades quilombolas são transmitidas pela oralidade e não possuem registro escrito ou imagético que ultrapasse suas fronteiras.
"O material faz parte de uma memória que, muitas vezes, é apagada por ficar individualmente com pessoas. Com o registro, poderemos indicar autorias também", explica a doutoranda e cofundadora da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Givânia Silva.
Com o trabalho, o projeto pode colaborar para que haja melhor dimensionamento do que representa o movimento quilombola para a construção da identidade e história nacionais. "Por ser um projeto de extensão, fortalecemos o vínculo da extensão direta com a comunidade", ressalta Rodrigo Gomes.
A pesquisadora Gilvânia Silva completa: "Podemos mobilizar e sensibilizar para que esse material seja disponibilizado ao público com as novas ferramentas possíveis".
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