Acontece, até o dia 12 de fevereiro, a XLIX Escola de Verão do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília. Realizada em modo exclusivamente remoto, em respeito às recomendações sanitárias ensejadas pela pandemia de covid-19, a programação foi um grande desafio para os coordenadores, que trouxeram para esta 49ª edição o evento Universidade e Sociedade, pensado como forma de aproximar academia e comunidade.
"A organização remota tem sido um grande desafio, pois tivemos que aprender diversas plataformas novas em um curto período de tempo, além de antecipar problemas técnicos que poderiam surgir mesmo em um evento tão bem pensado e estruturado", relata Jaqueline Mesquita, professora do Departamento de Matemática (MAT) e uma das coordenadoras da XLIX Escola de Verão do MAT.
Entre os destaques da programação, estão, além do evento Universidade e Sociedade, minicursos oferecidos para a terceira idade, Workshop de Aprimoramento para Jovens Pesquisadores e a mesa-redonda sobre Saúde Mental na Academia, que acontece no dia 3 de fevereiro. O link para acompanhar as atividades on-line da Escola de Verão é enviado após efetuada a inscrição. Parte da programação dispensa inscrição prévia.
Também será realizado o XIII Workshop de Verão em Matemática, de 8 a 12 de fevereiro, com aulas e palestras em temas voltados a profissionais e estudantes da área, cujo intuito é promover o intercâmbio e a divulgação de pesquisas desenvolvidas no Brasil e no exterior. Para participar, é necessário se inscrever por formulário.
INTEGRAÇÃO – Um dos objetivos da Escola de Verão, que é uma oportunidade gratuita de aperfeiçoamento para os que seguem carreira na área, é promover novos contatos entre os participantes. Anna Carolina Lafetá, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Matemática, participa pela quarta vez do evento e tem uma perspectiva positiva da experiência, apesar da interação on-line. "Claro que o evento presencial é interessante, por poder conversar mais com os outros participantes e ver o palestrante de perto, mas achei excelente o formato virtual, por possibilitar que pessoas de muitos locais participem e tenham mais acesso aos conteúdos", explica.
Anna Carolina considera ainda que o momento ajuda a conhecer um pouco mais sobre a pesquisa de outros professores. "É possível ver mais relações entre as diversas áreas da matemática e abrir portas para uma futura colaboração acadêmica, uma vez que fica mais claro o que um determinado pesquisador estuda do que simplesmente pegando um artigo científico para ler", defende.
A coordenadora de Cursos de Graduação em Matemática (presenciais) do Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Miriam Pereira, partilha da mesma visão de Lafetá. Para a docente, os programas de verão são excelentes oportunidades para completar a formação de discentes e possibilitar contato com professores de outras instituições e diferentes áreas de pesquisa.
"Participar de atividades desse tipo foi fundamental para que eu pudesse fazer mestrado e doutorado e seguir na carreira de pesquisadora", conta. Ela nunca havia participado da Escola de Verão do MAT. "Esse ano, como as atividades estão sendo desenvolvidas de forma remota, fica mais fácil acompanhar algumas palestras."
UNIVERSIDADE E SOCIEDADE – "Neste ano, pela primeira vez, a programação conta com o evento Universidade e Sociedade, que tenta integrar a academia e a sociedade, com temas bastante atuais e interessantes envolvendo matemática", afirma Jaqueline Mesquita. A preocupação veio como forma de aproximar a comunidade do interesse em como a matemática influencia no nosso dia a dia e está presente na palestra da professora Miriam Pereira, que integra esse segmento da programação.
"A ideia é que a palestra aborde a teoria de singularidades, com conceitos que sejam acessíveis e que possam dialogar tanto com a comunidade acadêmica como com a sociedade de forma geral", explica Miriam.
A teoria de singularidades é um ramo de pesquisa relativamente novo na matemática e tem como uma de suas origens os trabalhos publicados por René Thom, ganhador da medalha Fields. Antes dos trabalhos de Thom, a maioria dos modelos matemáticos que representavam fenômenos físicos consideravam que pequenas modificações em suas condições iniciais tinham uma relação de continuidade com os resultados (fenômenos). Thom apresentou uma classificação de modelos em que mudanças contínuas nas causas resultam em alterações significativas nos efeitos.
Um exemplo clássico dessa teoria é a formação dos tornados. Se mudamos continuamente a intensidade das massas de ar, chegaremos a um momento crítico, onde o vento se torna um tornado, isto é, ocorre uma mudança abrupta no fenômeno. O interesse da teoria de singularidades é entender que tipos de fenômenos podem ocorrer quando um estado de equilíbrio é quebrado.
SERVIÇO
XLIX Escola de Verão do Departamento de Matemática
Até 12 de fevereiro
Atividades on-line gratuitas, com link enviado após a inscrição
Programação e mais informações aqui
XIII Workshop de Verão em Matemática
De 8 a 12 de fevereiro
Atividades on-line gratuitas, com link enviado após a inscrição
Programação e mais informações aqui
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