AÇÕES AFIRMATIVAS

Inscrições vão até 14 de outubro. Administração traz aporte procedimental para que políticas de ação afirmativa sejam levadas a efeito

Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão aprovou, por unanimidade, em junho, a reserva de vagas para negros, quilombolas e indígenas na pós-graduação. Imagem: reprodução

 

Interessados em contribuir para a construção de uma universidade diversa e comprometida com a igualdade racial podem se inscrever para a seleção de avaliadores das comissões de heteroidentificação e comissões recursais para ações afirmativas na pós-graduação da Universidade de Brasília. O edital, lançado pelo Decanato de Pós-Graduação (DPG), aceita inscrições até o dia 14 de outubro. Para se candidatar, é necessário comprovar vínculo com a UnB, e, preferencialmente, ter experiência nas temáticas da promoção da igualdade racial e do enfrentamento do racismo.

 

>> Confira aqui edital para seleção de avaliadores

 

Para comprovar vínculo, os docentes e técnicos aposentados ou da ativa podem apresentar um contracheque ou ficha de pessoal, por exemplo. Os estudantes precisam estar regularmente matriculados nos cursos de graduação ou pós-graduação. A participação é voluntária, com vigência de até dois anos, podendo ser renovável por até mais dois. Os selecionados irão passar por curso de formação, no qual é necessário ter frequência mínima de 75%. Haverá certificação para os integrantes.

 

"É importante que haja diversidade nas comissões em termos de gênero, cor, raça, naturalidade, por exemplo. Cada pessoa tem uma percepção, um olhar sobre o que é considerado negro", explica Maria Aparecida Chagas Ferreira, assessora técnica do Decanato de Pós-Graduação. Doutora em Sociologia pela UnB, ela é uma das pessoas que tem atuado na concretização da política dentro do DPG. "Procuramos envolver a comunidade acadêmica no processo e acredito que o caminho esteja bem pavimentado", opina.

 

>> Relembre: UnB aprova política para reserva de vagas na pós-graduação

 

POLÍTICA PAULATINA — O edital é apenas um dos passos que visa a construção de um ambiente harmônico e igualitário na Universidade. "Toda a administração superior está envolvida para que nenhum candidato aprovado na atual política sinta-se prejudicado", afirma a diretora de Pós-Graduação do DPG, Antonádia Borges. Ela conta que os decanatos têm se envolvido para assegurar a acolhida e política de permanência para os estudantes que virão, de forma que, em algum momento, o racismo seja uma página do passado. 

 

"Todos os ingressantes são aprovados por processo seletivo e têm mérito acadêmico, independentemente de optarem passar pelo processo afirmativo", enfatiza a decana de Pós-Graduação Adalene Moreira. Ela tem liderado esforços para esclarecer que a qualidade está atrelada à concepção do processo seletivo, cujos editais são aprovados nos respectivos colegiados e na Câmara de Pós-Graduação.

Objetivo dos esforços envidados pelo DPG é uma universidade harmônica e comprometida com a promoção de uma comunidade acadêmica antirracista. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

O professor do Departamento de Sociologia Joaze Bernardino também tem colaborado no processo de construção das ações afirmativas para a pós-graduação. Ele lembra que um dos ganhos com a diversidade trazida pela seleção (que traz reserva de vagas para negros, quilombolas e indígenas) será a construção de um novo modelo epistêmico. "A aprovação no sistema de regras garante a qualidade. Colocamos agora um parâmetro pouco praticado no Brasil que é a diversidade. Imagine as novas questões trazidas por esses alunos?", pondera. "Estamos querendo ter o Brasil representado em nossas salas e com isso teremos melhora de qualidade, com novos desafios para a ciência e a academia", conclui.

 

DÚVIDAS? — O Decanato de Pós-Graduação organizou uma área em seu site em que reúne uma série de documentos que podem auxiliar os programas que ainda tenham dúvidas sobre a implantação da política. "Nessa página, os programas encontrão respostas sobre as principais dúvidas acerca de implementação da reserva de vagas e alocação de bolsas, por exemplo", afirma Maria Aparecida Chagas. Ela lembra que os avanços são desafios constantes, mas que, assim como as melhorias, são contínuos. 

 

Os programas de pós-graduação não precisam se preocupar com a parte da inscrição que é de responsabilidade da comissão, por exemplo, uma vez que o sistema desenvolvido pela Secretaria de Tecnologia de Informação (STI) já automatiza esse envio. A página explica de forma detalhada, ademais, o papel das comissões avaliadoras de heteroidentificação, responsáveis por validar a inscrição do candidato que se submeteu a inscrição pelo processo seletivo de ações afirmativas. 

 

"Nos esforçamos para trazer exemplos reais e detalhar os procedimentos de implementação das ações afirmativas, tudo bem esmiuçado para que façamos todos o melhor possível", finaliza Maria Aparecida.

 

*Matéria atualizada em 7 de outubro, para alteração de informação.

 

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