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Papel da extensão universitária foi principal pauta do IV Encontro de Extensionistas, parte da programação da Semana Universitária

Ex-reitor José Geraldo de Sousa Junior (dir.) esteve em roda de conversa com discentes durante a abertura do Encontro de Estudantes Extensionistas Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Ensino, pesquisa e extensão formam o tripé universitário: a extensão articula o ensino e a pesquisa em um diálogo transformador com a sociedade. Com a Universidade de Brasília próxima de terminar o processo de inserção curricular da extensão, esse debate foi central durante o IV Encontro de Estudantes Extensionistas, parte da programação da 22ª Semana Universitária.

 

“Este é um encontro pensado para apresentar nossos projetos para a comunidade, para as escolas, e principalmente para que nossos futuros estudantes possam ver o que a extensão faz”, afirmou o decano de Extensão em exercício, Alexandre Pilati. “Aqui, projetos de áreas diferentes podem conversar entre si. É uma característica importante, a interdisciplinaridade.”

 

O encontro aconteceu na terça-feira (30), no Pavilhão Anísio Teixeira (PAT), e contou com a participação de cerca de 500 extensionistas, além de centenas de estudantes de escolas de ensino médio, que também visitavam a Mostra de cursos de graduação, no Pavilhão João Calmon (PJC). No PAT, eles conheceram projetos através da mostra de banners e das comunicações orais, além da exposição de produtos de extensão e das apresentações artísticas e culturais.

Alunos de ensino médio também passaram pelo Encontro de Extensionistas para conhecer alguns projetos de extensão da UnB. Foto: Luis Henrique/DEX

 

Desse jeito, foi possível ter um gostinho do que é estudar na UnB. Durante a roda de conversa A extensão universitária ontem, hoje e sempre, os estudantes puderam perceber a importância da extensão para a formação cidadã.

 

O ex-reitor da UnB José Geraldo de Sousa Junior resumiu: “Não há ensino sem pesquisa e extensão”. Segundo o professor, a pesquisa não pode acontecer sem o campo, lugar de trocas e interações. O seu principal projeto, Direito Achado na Rua, é prova disso. “A rua é espaço urbano, político, retórico, de enunciação de valores e ideias, de construção dos direitos. Por isso Paulo Freire, patrono da extensão, dizia que era mais adequado chamar de comunicação, ir e vir”, disse.

 

Coordenadora do projeto Meninas.comp, que busca aumentar a participação de meninas e mulheres nas áreas profissionais relacionadas à Computação, a professora Carla Koike falou sobre a interdisciplinaridade e a prática da extensão: “Eu não consigo visualizar a extensão com menos de uma disciplina. No trabalho com a comunidade, você não pode levar algo muito específico. Para trabalhar qualquer conceito, precisa abrir para a prática, em termos de como aquilo melhora a qualidade de vida das pessoas ou empodera para que possam causar essa mudança”, explicou.

 

Liderado pelo Decanato de Extensão (DEX) e pelo Decanato de Ensino de Graduação (DEG), o processo de inserção curricular está próximo de ser completado: todos os departamentos têm até 9 de outubro para envio dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) com 10% dos créditos obrigatórios reservados para extensão.

 

Diversas atividades formalizadas junto ao DEX e cadastradas no Sigaa poderão dar créditos aos estudantes: participação em programas e projetos de extensão, além de cursos, oficinas e eventos, desde que vinculados a projetos. Disciplinas novas ou já existentes também podem ser integral ou parcialmente dedicadas à extensão.

 

“Para a extensão ser parte do currículo, precisa envolver o protagonismo dos estudantes, dar ao estudante a possibilidade de formar seu próprio currículo, inclusive de desafiar o oficialismo”, instigou o professor José Geraldo.

Laboratório de Teatro de Formas Animadas atua com performances de bonecos, sombras, lambe-lambe e com máscaras. Foto: Luis Henrique/DEX

 

EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS – Além da apresentação de banners e das comunicações orais, a exposição de produtos foi um dos principais destaques do encontro. A coordenadora da iniciativa Outras Brasílias, Cristiane Portela, do curso de História, falou sobre o projeto e suas quatro ações de extensão vinculadas. Uma das participações do projeto foi a exposição de fotografias sobre o trabalho do Centro de Memórias do Elefante Branco, que é uma escola pública e uma das primeiras do DF. Em outra sala ocorreu a exposição de dossiês produzidos no âmbito do curso de formação continuada, que também se chama Outras Brasílias. Na sequência, foi realizada a apresentação sobre um projeto vinculado ao edital das casas universitárias de cultura, onde está sendo lançado um podcast chamado Papo de Orelhão. O podcast trata de episódios pouco conhecidos na história do DF. A primeira temporada vai tratar sobre a história de mulheres na construção de Brasília. O projeto tem editais regulares que acolhem estudantes com interesse em participar, com a seleção dos novos integrantes feita de maneira interna. Saiba mais sobre o projeto em suas contas no Instagram: @outrasbrasiliasunb e @papodeorelhao.

 

O projeto Cuidados com a infância no ensino remoto foi desenvolvido em 2021 e continuado em 2022. A aluna Andressa Rios, de Psicologia, contou mais detalhes. O foco do projeto é a transição do ensino remoto no período de isolamento da pandemia de covid-19, com destaque para os cuidados na primeira infância. Os extensionistas produziram um estudo sobre cyberbullying, utilizando-se de formulários aplicados em escolas e respondidos por pais, professores e alunos. O resultado foi a descoberta de poucas intervenções, e estas eram mais voltadas para a punição do agressor e raramente para investigar o motivo por trás do ato. O material coletado foi divulgado de forma digital e impressa e tem como objetivo apresentar a diferença do cyber para o bullying tradicional.

 

Conversamos com Pedro Ivo, estudante do curso de Artes Cênicas e bolsista do Laboratório de Teatro de Formas Animadas (Lata). O projeto Lata tem como foco abordar os teatros de máscaras, de sombras, de bonecos, e lambe-lambe. O núcleo de estudos é aberto à comunidade interna e externa da UnB, o acolhimento é feito para quem deseja estudar tanto a parte teórica quanto a prática dessas vertentes de teatro, e apresenta vários resultados. O projeto começou em 2020 e já produziu três edições de diálogos com artistas, encontros poéticos e do inanimado, entre outros. Estudantes de todos os cursos podem participar do grupo de estudos do Lata, incluindo pessoas já formadas. Além da extensão, outra forma de ter contato com o projeto é através da disciplina de Laboratório de Teatro de Formas Animadas. No Instagram @lata.unb é possível ter informações não só desse projeto como de outros que envolvem as artes cênicas.

Estudantes apresentam iniciativas integradas ao projeto Jardim de Sequeiro, que resultou na implantação de um jardim cíclico com plantas do Cerrado no ICC. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

A extensionista Brenda Cristina, aluna de Ciências Ambientais, apresentou o projeto Jardim de Sequeiro. As atividades são compostas por estudantes de diversos cursos podendo ser voluntários ou bolsistas, graduandos ou graduados. O projeto ocorre no ICC Norte e ICC Central, sendo um jardim cíclico e naturalista, portanto não está presente sempre, apenas na época das chuvas, quando semeado novamente. Em respeito ao ciclo fenológico, as flores secam e suas sementes são recolhidas e plantadas novamente. A Casa de Chás, um projeto integrado ao Jardim de Sequeiro, tem como objetivo difundir conhecimentos de plantas medicinais. Lais Rocha Melo, estudante de Engenharia Florestal, nos contou mais sobre o projeto. A Casa de Chás abrange tanto a parte do cultivo como a parte do consumo, sendo localizada em um viveiro na Escola da PCR, onde está a estufa com as plantas medicinais. Estudantes, servidores e a comunidade externa podem fazer visitação, que acontece das 13 às 17 horas, às quintas-feiras. Para isso, é necessário fazer um agendamento pelo Google Forms. A visitação é guiada e os alunos explicam um pouco sobre as plantas e ervas, além de seus usos e contra indicações. Para conhecer mais sobre ambos os projetos, siga o Instagram @jardinsunb.

 

O projeto Primatas do Cerrado, iniciado em abril, é dividido em dois grupos de trabalho, sendo o grupo de divulgação científica e o grupo de educação ambiental, que no momento está trabalhando na produção de materiais teóricos para auxiliar professores. O extensionista Arthur Alves Brito, de Biologia, nos contou mais sobre o projeto. O foco são os primatas do nosso bioma, mas também são estudados primatas do mundo inteiro, além de discussões acerca de mitos e estereótipos. O projeto atua em sala de aula introduzindo a primatologia, e no futuro pretende atuar em escolas. Os extensionistas preparam posts e cartilhas para professores utilizarem com alunos do ensino médio. Para participar da equipe é preciso ser aluno de áreas relacionadas à biologia, porém não precisa ser da UnB. Para saber mais sobre o Primatas do Cerrado siga no Instagram @primatasdocerrado.

 

Os alunos Priscila Barroso Lima e Marcelo Luiz Rodrigues, da Geografia, apresentaram o projeto sobre Metodologias Ativas Associadas às TDICs (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação). O projeto tem como objetivo o fortalecimento da formação e da atuação de professores da Geografia da rede pública do Distrito Federal e Entorno. Foi exposta uma de suas metodologias ativas, uma maquete que apresenta a rotação por estações, onde os alunos foram convidados a analisá-la. Os alunos também utilizam da parte virtual e preparam aulas não tradicionais em escolas públicas. Os extensionistas conversam e trabalham junto com os professores, além de acompanhar todas as aulas de Geografia em dias específicos para poder ter uma conexão com os alunos. Para participar desse projeto é preciso ser aluno da licenciatura em Geografia na UnB, no entanto as metodologias ativas podem ser aplicadas a outras áreas.

 

Confira vídeo da UnBTV sobre o Encontro de Extensionistas e a Mostra de Cursos:

 

*Bolsista do Programa Extensão e Comunicação em Rede.

 

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