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Em curso até 21 de julho, missão liderada junto à UFMG investiga a biodiversidade local e contribui para presença estratégica do Brasil na região

Professores Micheline Carvalho Silva e Paulo Câmara representam a UnB na missão inaugural do Brasil para pesquisas no Ártico. Foto: Divulgação

 

Conhecer a biodiversidade de um dos territórios mais gelados do planeta, compreender sua importância em termos ecológicos e para as mudanças climáticas globais e contribuir para sua preservação ambiental. Esses são objetivos da primeira expedição científica oficial do Brasil ao Ártico, em andamento até o dia 21 de julho. A Universidade de Brasília participa deste marco, à frente da missão junto à Universidade Federal de Minas (UFMG). A atividade integra o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelas instituições envolvidas.


Em viagem desde 8 de julho ao arquipélago Svalbard, parte do Círculo Polar Ártico pertencente à Noruega, a equipe mobilizada conta com dois professores do Instituto de Ciências Biológicas (IB) da UnB: Paulo Câmara, um dos coordenadores da expedição, e Micheline Carvalho Silva. Somam-se ao grupo os professores do Departamento de Microbiologia da UFMG Luiz Henrique Rosa, também na coordenação, e Vivian Nicolau, além do docente da Pontifícia Universidade Católica de Brasília Marcelo Ramada.

>> Acompanhe detalhes sobre a expedição no perfil do Programa InterAntar


Durante a missão, os pesquisadores irão coletar plantas, fungos, micro-organismos, sedimentos e outras amostras biológicas para gerar dados sobre a território, o que permitirá traçar um comparativo e compreender a relação entre espécies que ocorrem nos dois polos – o Ártico e a Antártica – , sem presença em áreas intermediárias do planeta. Entre elas, uma das especialidades do pesquisador Paulo Câmara: as briófitas, espécies de plantas de pequeno porte com fácil dispersão nos ambientes polares.

“Têm algumas plantas que ocorrem lá e são muito semelhantes às plantas que acontecem na Antártica – algumas delas são até das mesmas espécies. Já pegamos um raminho de algumas plantas na Antártica e sequenciamos tudo o que vive ali dentro: quais organismos precisam daquela planta para sobreviver, os que estão se alimentando ali e usando aquela planta como moradia ou como local de reprodução. Essa mesma atividade a gente quer fazer no Ártico”, explica Micheline Carvalho Silva em entrevista à UnBTV.

Equipe da expedição foi recebida por representantes da Universidade de Svalbard, na Noruega, para o pontapé das atividades. Foto: Divulgação

 

Estimado pela quantidade significativa de recursos ainda inexplorados, como petróleo e gás natural, e considerado estratégico para a investigação de impactos climáticos, ambientais e econômicos em nível mundial, o extremo norte vem sofrendo, nas últimas quatro décadas, com o derretimento acelerado de suas geleiras. Segundo Paulo Câmara, a pesquisa na região pode ser relevante para monitorar possíveis desdobramentos deste processo no Brasil e no mundo.

“Esse impacto nas regiões árticas provavelmente afetarão as regiões próximas com potencial de afetar até o litoral norte do Brasil, pois os polos (Ártico e Antártica) representam os “refrigeradores” do planeta via oceanos”, alega Paulo Câmara em reportagem publicada no site do CNPq.

O Brasil é o único país entre as dez maiores economias globais sem decisão em questões relativas à região. Por isso, a presença científica no Ártico – porção que abrange mais de 16 milhões de quilômetros quadrados – pode ser significativa para a inclusão do país como membro observador do Conselho do Ártico, organismo de cooperação internacional para tratar de estratégias de proteção ambiental ao território. O país também deve aderir ao tratado de Svalbard, que não só reconhece a soberania da Noruega sob o arquipélago, como também garante o uso de recursos da região pelas nações signatárias.

EXPERIÊNCIA VASTA – Os 40 anos de pesquisas brasileiras na Antártica, além da expertise científica acumulada pela UnB no continente gelado, foram fatores decisivos para o início das investigações no Ártico. Desde 2013, a Universidade marca presença na Antártica com estudos sobre a biodiversidade local – sobretudo, de fungos e plantas – e para monitoramento da vegetação. Além de participar do Proantar, a UnB contribuiu na montagem dos 17 laboratórios da nova Estação Antártica Comandante Ferraz, inaugurada em 2020 para pesquisas antárticas e atualmente sob coordenação científica do professor Paulo Câmara.

A expedição científica ao território antártico realizada em 2017 por pesquisadores da Universidade e de outras instituições ganhou destaque no Dossiê da edição 19 da revista Darcy. O número destrincha a importância dos investimentos brasileiros na Antártica e os interesses internacionais na região.

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Assista à matéria da UnBTV sobre a expedição brasileira ao Ártico:


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