A Universidade de Brasília dá mais um passo para fortalecer a inserção das práticas integrativas (PIS) na atenção à saúde no Distrito Federal e no Brasil. Em parceria com a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) e a Câmara dos Deputados, a instituição lançou, nesta segunda-feira (6), o Observatório de Práticas Integrativas em Saúde (BrasíliaPIS).
Instalada na Faculdade UnB Ceilândia (FCE), a iniciativa de extensão atuará no mapeamento de ações públicas com esta abordagem terapêutica no DF; na capacitação de profissionais da saúde e da educação; na oferta de atendimento com práticas integrativas; e também na produção de conhecimento relacionado à área.
Autoridades públicas da saúde e educação, representantes de movimentos sociais, usuários e profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), além da comunidade acadêmica, prestigiaram a solenidade de inauguração no auditório Clélia Parreira da FCE.
“A ideia do observatório vai para além da produção acadêmica, para além da capacitação: vai para o acolher, para o amar, para o afeto, para o encontro, para a felicidade, para estar com vocês”, agradeceu, emocionada, à toda comunidade presente, a coordenadora do BrasíliaPIS pela UnB, Josenaide Engracia.
Além de Josenaide, também coordenam a iniciativa a professora da FCE Daniela Rodrigues, o gerente de Práticas Integrativas em Saúde da SES-DF, Cristian da Cruz Silva, e a referência técnica distrital de Terapia Comunitária Integrativa Doralice Gomes.
NOVO HORIZONTE EM SAÚDE – O subsecretário de Atenção Integral à Saúde do DF, Maurício Fiorenza, lembrou o impacto transversal das práticas integrativas nos diversos níveis de atenção à saúde e destacou a necessidade de fortalecê-las para além da atenção primária.
“Temos também de pensar novas dinâmicas para a nossa atenção secundária, especializada, e, é claro, o Observatório vai trazer experiências exitosas no Brasil e no mundo. Essa parceria com a academia é muito importante para a Secretaria de Saúde”, reforçou.
Diretor do Departamento de Gestão do Cuidado Integral da Secretaria da Atenção Primária do Ministério da Saúde, Marcos Pedrosa enfatizou o desejo do órgão em construir parcerias junto ao Observatório.
“Enquanto Ministério da Saúde, a gente tem uma clareza em relação a esse observatório e do papel que a UnB pode desempenhar junto a essa cartografia das boas práticas nos territórios, que hoje tem tudo a ver com os principais dilemas que se vive no SUS e no mundo em geral.”
Na avaliação do diretor da Faculdade UnB Ceilândia, João Paulo Chieregato, a iniciativa irá promover um novo horizonte para a abordagem de cuidados em saúde no DF, com a valorização do bem-estar pleno dos indivíduos.
“Com o BrasíliaPIS, a Faculdade de Ceilândia reafirma o seu compromisso com a comunidade, com a inovação e com a excelência acadêmica, assumindo a vanguarda na promoção das práticas de saúde mais inclusivas e sensíveis às diversas culturas e necessidades da nossa comunidade”, disse.
“Ao valorizarmos a autonomia do indivíduo e reconhecermos a importância do ambiente social e cultural em seu processo de cura e de cuidado, estamos construindo uma base cada vez mais sólida para uma saúde verdadeiramente abrangente e centrada no ser humano”, apontou.
A expectativa é que as ações do Observatório dialoguem com o trabalho a ser desempenhado pelo futuro Centro Integrado de Saúde (CIS), ainda em fase de projeto. Trata-se de uma clínica-escola que aliará ensino, pesquisa e extensão na oferta de assistência e atendimento à população em diversas especialidades.
HISTÓRICO – A UnB já mantinha interlocução mais consolidada com a SES-DF para a oferta de práticas integrativas com foco em saúde mental à comunidade acadêmicas desde 2019, a partir de diálogo com a referência técnica distrital em práticas integrativas Doralice Gomes.
A atuação no campo se fortaleceu com a criação, em 2022, do Polo de Cuidado UnB, iniciativa de extensão da FCE voltada à implementação de políticas e diretrizes para formação em saúde e bem-estar da comunidade acadêmica, de profissionais da educação, da saúde, da assistência social, da segurança pública, além de lideranças comunitárias.
Ainda em 2022, avançou-se nas tratativas para institucionalizar a interlocução entre UnB e Secretaria por meio do Observatório, com a valorização da destacada atuação em práticas integrativas dos cursos de saúde da FCE e da trajetória de 40 anos da SES-DF na implementação da abordagem.
Josenaide Engracia relata que a construção do projeto é fruto de diálogo permanente e colaborativo com a Secretaria. “A Universidade não tem a função de assistência, mas tem como premissa ensino, pesquisa e extensão, e foi nesse caminho que a gente acabou fazendo essa parceria mais colaborativa, no sentido de a Universidade produzir conhecimento e também atendimento à comunidade e no sentido de fazer capacitações que a assistência demandasse da Universidade”, pontua.
Esta consolidação dá-se, ainda, em aproximação à deputada federal Erika Kokay, que capitaneou emenda parlamentar de bancada do DF para a execução do projeto e atuou na articulação da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Saberes Tradicionais e das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde no SUS, lançada em setembro.
NO DF E ALÉM – O Observatório já está em atividade, com ações executadas ao longo do ano, como a oferta dos cursos de ventosaterapia e de automassagem para profissionais da atenção primária em saúde, além da capacitação em terapia comunitária em educação, atividade que formará em novembro 26 profissionais para atuação nas escolas com a prática integrativa.
Ainda este ano, outros cursos estão previstos para ocorrer na FCE, sendo abertos à comunidade acadêmica e externa: de Terapia Comunitária para Atenção Primária; auriculoterapia; ventosaterapia; automassagem; e reiki.
“Num primeiro momento, a gente vai fazer a capacitação só da região Oeste, porque é onde nós estamos. Vai ser um projeto piloto. Aí a gente faz a avaliação e depois começamos alinhar o que foi legal e reproduz em todas as regionais de saúde do Distrito Federal”, almeja Josenaide Engracia.
“Nosso pontapé é o observatório, que as pessoas conheçam e que a gente possa atender essa função que é primordial para a comunidade: um conceito ampliado de saúde, um modelo mais de felicidade, voltado para o acolhimento, para a escuta e para o cuidado”, destaca o gerente de Práticas Integrativas em Saúde da SES-DF e coordenador do BrasíliaPIS, Cristian da Cruz Silva.
Ele aponta que a perspectiva é, ainda, ampliar a presença do Observatório em outros estados e avançar em outras tratativas para expansão do projeto. No momento, está em discussão entre UnB e SES-DF a assinatura de um convênio com vigência de cinco anos e previsão de recurso orçamentário ordinário ao projeto, para além das emendas parlamentares.
Também está em avaliação uma cooperação técnica para constituir, no âmbito do Observatório, uma rede de Unidades Básicas de Saúde Escola (UBS Escola), um espaço de assistência para a população em geral e de formação para a comunidade acadêmica.