O que antes já era ofertado aos docentes e discentes da Universidade de Brasília como forma de diversificarem atividades de ensino-aprendizagem, virou uma das prioridades do momento. Oficinas organizadas pelo Centro de Educação a Distância (Cead/UnB) apresentam diversas ferramentas on-line que permitem ao professor criar uma sala de aula virtual. Já os estudantes são apresentados às possibilidades de aprender também de forma remota. A ideia é, em 20 horas/aula, dar condições para que todos possam atuar nesse novo ambiente de maneira autônoma, criativa e dinâmica.
“No ano passado, tivemos uma oficina com a mesma carga horária, sendo que um encontro foi presencial. Com o isolamento social que temos neste ano, não foi possível, então tivemos de repensar toda a nossa prática para que a oficina fosse completamente trabalhada a distância. Este também é mais ou menos o esforço que os professores estão tendo que fazer nas suas disciplinas, que antes eram presenciais e agora vão contar com atividades não presenciais”, conta Leticia Lopes Leite, diretora do Cead e professora Departamento de Ciência da Computação.
Ela ressalta que esse processo inclui não só a produção de novo material, mas também um repensar de toda a dinâmica efetivamente.
“Pensamos atividades que promovam maior colaboração entre os pares, que estabeleçam uma rede de ajuda mútua em que os professores participantes possam contribuir com os colegas. As dinâmicas têm o apoio fortalecido de tutores, que ajudam na construção das áreas de disciplina. E a ideia, assim como no ano passado – e que é muito importante –, é de que ao final do curso os professores tenham uma área de disciplina modelada, ou seja, que eles já podem usar nas suas disciplinas presenciais e, agora, nas atividades não presenciais”, explica.
Todo o conteúdo integra a plataforma Moodle – software livre e gratuito desenvolvido especificamente para o uso educacional –, que atualmente está na versão 3.9. Durante os 15 dias da oficina, os docentes veem ferramentas básicas do ambiente virtual e aprendem, por exemplo, a disponibilizar um arquivo na plataforma, como criar uma página ou uma tarefa, ou como inserir uma sala de bate-papo.
“São ferramentas básicas do Moodle, mas que dão condições para que o professor possa construir sua sala de aula virtual”, comenta a diretora Leticia.
A única atividade que todos têm ao mesmo tempo é um encontro live que dura entre uma hora e uma hora e meia. O restante, os participantes fazem conforme a disponibilidade deles dentro dos 15 dias.
A professora de Física da UnB Letícia Coelho participou da turma de 2019. Ela, que já tinha conhecimentos sobre o Moodle, sempre acompanha cursos e atualizações sobre educação a distância oferecidos pelo Cead e, no momento, aguarda a abertura da oficina na modalidade intermediária ou avançada. Ela conta que a experiência do ano passado abriu portas para que fizesse outras capacitações on-line.
“Gostei da metodologia de ensino e achei o curso muito bem elaborado. A distribuição de horários e a atenção dada pelo conteudista e pelos tutores foram muito boas. Eles respondiam em um prazo muito curto. Foi uma ótima experiência. Depois disso já fiz vários cursos a distância e toda vez que faço aprendo coisas”, declara Letícia Coelho.
A docente do Instituto de Física explica que os professores usam o Moodle constantemente e não só para dar aulas. “Também usamos para a gestão dos laboratórios de ensino (interação com colaboradores e troca de mensagens). Acho excelente: tudo o que é feito fica registrado, com muita transparência, quem quiser ter acesso aos dados consegue, e há backup das turmas, caso seja necessário recuperar algo. Acho que o Moodle, como ferramenta de gestão, é muito boa e como ferramenta de aula é excelente”, opina.
Letícia avalia que hoje toda a sociedade deveria se despir de preconceitos e aprender a ter disciplina para participar de cursos a distância. “É ter a autodisciplina para conseguir organizar por si mesmos seus horários e conseguir, por si só, gerir o tempo e manter o compromisso com o aprendizado ali, sem ter contato físico diário com os colegas. É desafiador, mas é importante que se estude, que se pense em como manter essa autodisciplina, o foco e ainda a vontade de aprender e o interesse na disciplina.”
OFERTA X DEMANDA – Em 2019, a oficina Moodle do Cead para docentes ofereceu 20 vagas e houve 11 participantes. Na primeira turma de 2020, que encerrou nesta segunda-feira (8 de junho), havia 160 vagas, preenchidas por 143 professores. E, já nesta terça-feira (9), a segunda turma deste ano contará com 200 inscritos.
“Precisamos formar mais docentes e em menos tempo”, afirma a diretora do Cead, Leticia Lopes Leite. “Acredito que iremos superar as quatro turmas previstas para dar conta da demanda. Fizemos uma previsão inicial, mas que precisará ser ampliada para dar condições para que os docentes possam ter uma formação mínima no que diz respeito ao uso do [ambiente] Aprender.”
A segunda turma encerrará em 23 de junho e, na mesma semana, terá início a terceira, também com 200 vagas. A partir de 15 de junho, o Cead também pretende começar a ofertar um curso de planejamento de aulas para o ensino on-line. Neste primeiro momento, o objetivo é dar a formação básica para todos os professores. Depois, a diretora garante que é possível ofertar uma oficina Moodle mais avançada, com o uso de recursos mais elaborados da plataforma, como H5P, elaboração de avaliações, de pesquisas, formulários e outras ferramentas.
INOVAÇÃO UNIVERSITÁRIA – As oficinas Moodle integram um projeto maior, iniciado em 2019, chamado Rotas de Inovação Universitária. Voltada para a formação de docentes, discentes, técnicos administrativos e colaboradores no uso de inovação educacional para a modalidade de educação a distância, a iniciativa contempla atividades como palestras, cursos, minicursos, oficinas e diversificadas atividades de formação, como lives, redes de colaboração e rodas de conversa.
Exemplos de ações já realizadas nesse sentido foram a formação para tutores e coordenadores da Universidade Aberta do Brasil, o curso sobre neurociência aplicada ao ensino, e ainda cursos de ambientação e nivelamento para discentes, como o de escrita científica, recursos educacionais abertos e informática básica.
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“O Rotas tem atuação em diferentes frentes, mas sempre pensando na inovação educacional. E neste ano se fortalece mais com oficina Moodle, as várias edições, esses cursos de nivelamento para os estudantes”, pontua Leticia Lopes Leite.
Vale lembrar que em 2019 também foram ofertadas seis oficinas para discentes da UnB, que somaram, ao todo, 1.500 estudantes capacitados.
Segundo a diretora, nos próximos dias haverá a divulgação da página do Rotas de Inovação Universitária, com materiais e cursos, tutoriais para uso de ferramentas, entre outros, com foco sempre no apoio tecnológico para a implementação de uma proposta pedagógica.
A diretora do Cead aproveita para reforçar: “Nunca é um curso técnico. O centro das nossas atividades de formação é sempre a proposta pedagógica fortalecida. A oficina não é um lugar em que o professor simplesmente aprende a inserir ferramentas do ambiente virtual, mas ele trabalha com a criação de atividades a distância, para o ensino remoto, e é uma forma de criar essas redes entre os alunos. Fortalecer essa frente pedagógica”, encerra Leticia.
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