A reitora Márcia Abrahão, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), participou de atividades do XXXIII Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), realizado na última semana de junho, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na terça-feira (25), a gestora mediou a sessão Educação para o Desenvolvimento Sustentável e, no dia anterior, compôs a mesa de abertura.
Ao lado do reitor da UFRJ, Roberto Medronho, da vice-reitora da UFRJ, Cássia Turci, do presidente da AULP, João Calvão, e do diretor de Relações Internacionais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Rui Oppermann, Márcia Abrahão falou sobre o compromisso com a integração de refugiados e com o desenvolvimento sustentável.
“Nossa associação tem atuado para receber melhor os refugiados e as pessoas com visto humanitário, juntamente com a Organização das Nações Unidas. E nossas universidades têm proporcionado que essas pessoas ingressem na graduação e na pós-graduação de uma forma simples. A Andifes tem estimulado isso para todas as universidades federais, que estão comprometidas com uma relação mais solidária”, disse Márcia Abrahão.
Em maio, a UnB passou a isentar pessoas refugiadas no Brasil e/ou com visto humanitário de todas as taxas acadêmicas – como a de revalidação de diploma. A reitora parabenizou a organização do evento pela escolha do tema, que está em consonância com as proposições feitas pelo Brasil na presidência do G20.
O diretor de Relações Internacionais da Capes, Rui Oppermann, reiterou o posicionamento de Márcia Abrahão sobre o combate a todas as dimensões da desigualdade. Ele explicou que, dentro do espectro do Ministério da Educação (MEC) e da Capes, os desafios são diversos para o processo de reconhecimento dos diplomas de imigrantes.
“Hoje, temos mais de 162 diplomas reconhecidos e 160 em andamento, dos mais de 500 que estão sendo considerados. É uma tarefa bastante difícil, mas para a qual temos a parceria das universidades, que resgatam a cidadania para aqueles que estão chegando no nosso país”, afirmou Oppermann.
O presidente da AULP, João Calvão, reforçou a necessidade de manter o compromisso com a integração de pessoas refugiadas de maneira humanizada e manifestou preocupação frente ao aumento desenfreado da pobreza extrema. Segundo ele, é preciso deixar de lado radicalizações e fanatismos para combater a miséria e alcançar um desenvolvimento sustentável.
“As universidades, em especial neste mundo de guerras, têm que continuar a ser pontes de diálogo. Prolonguemos sempre o diálogo em nome da ciência e da cultura, porque, só assim, conseguiremos ter responsabilidade sobre a nossa história, honrar a nossa memória e construir um presente e um futuro de paz para a humanidade.”
DEBATE – Na tarde da terça-feira (25), durante a sessão Educação para o Desenvolvimento Sustentável, a docente e secretária de Relações Internacionais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Caroline Oliveira falou sobre o português como língua estrangeira e a estratégia para internacionalização da UFMT. “Oferecemos cursos para os alunos internacionais e para atendermos a demandas da região e de imigrantes. É ofertado em diferentes níveis, desde o básico até o avançado. A iniciativa é um projeto de extensão. Gostaria de agradecer pelo apoio financeiro da Andifes. Se não fosse esse suporte, a gente não conseguiria financiar os projetos de extensão”, disse.
O papel da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau e o desafio de contribuir para o desenvolvimento sustentável e a produção de conhecimento foram os assuntos abordados pela professora do Instituto Superior de Gestão de Portugal Teresa Damásio. Da mesma universidade, o docente Luis Manuel de Miranda Colaço analisou as perspectivas para o futuro com a palestra Educação para o desenvolvimento sustentável: um plano de ação para a educação 5.0.
O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Petrilson Pinheiro apresentou o programa formativo intercultural para ingressante pelo vestibular indígena da Unicamp como forma de combater as desigualdades do mundo global. “Buscamos aprimorar o conhecimento técnico e científico que potencializa o domínio das habilidades de comunicação e metodológicas que fazem parte da vida acadêmica.”
A docente Lourdes Silva, da Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique, fez uma reflexão sobre a contribuição da Política Cultural de 1997 para a sociedade moçambicana. Ela explicou que a política surgiu para solucionar vários problemas do país, especialmente no sistema educacional.
A professora da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) Denise Henriques defendeu a importância de as Instituições de Ensino Superior (IES) de língua portuguesa adotarem estratégias para se projetarem como lugares cuja educação tem foco na sustentabilidade.
Também de Portugal, a professora da Universidade Lusófona de Portugal Isabel Babo discutiu a relação das naturezas e das culturas por meio dos pluralismos ontológico e ecológico. A integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU no ensino na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra foi abordada pela docente da instituição Maria Ferreira. Ela citou que em mais de 50% das disciplinas ofertadas na Escola de Enfermagem são tratados conteúdos relacionados aos ODS. Por fim, Gionara Tauchen, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), destacou as políticas nacionais para a formação doutoral.
SOBRE – A AULP é uma Organização Não Governamental (ONG) internacional que promove a cooperação e troca de informações entre universidades e instituições de ensino superior. São mais de 130 membros dos oito países de língua oficial portuguesa – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor – e a região administrativa chinesa Macau. A ONG busca facilitar a comunicação entre os membros em prol do desenvolvimento coletivo do ensino e da língua portuguesa no mundo, por meio da investigação e do intercâmbio de estudantes e docentes.