Há quem torça o nariz para a integração dos jogos eletrônicos às competições esportivas. O que não se pode negar, entretanto, é que os eSports mobilizam uma legião de fãs e jogadores mundo afora. Uma mostra disso é a concorrida presença das modalidades eletrônicas nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) de 2024. O espaço destinado aos eSports no principal palco dos JUBs está sempre cheio e as transmissões das partidas acumulam milhares de acessos. Atletas da Universidade de Brasília marcam presença em todos os seis games em disputa.
Os eSports ocupam uma ala inteira na entrada do Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), o centro de comando dos JUBs disputados em Brasília. Um telão separa os adversários e seus equipamentos nas disputas virtuais. Em frente à brilhosa estrutura, estão distribuídos bancos e pufes, quase sempre ocupados, e está instalada a parafernália da transmissão, que conta com narração, comentários e entrevistas ao vivo. As modalidades em prova este ano são Clash Royale, Counter Strike 2, Free Fire, futebol eletrônico, League of Legends (LoL) e Valorant.
“Está em nível muito alto. Várias equipes deste ano, pelo menos de League of Legends, tinham ex-jogadores profissionais”, afirma Arthur Lopes, estudante de Computação e medalha de prata com a equipe de LoL da UnB. Na avaliação dele, as competições tendem a ficar mais acirradas com a crescente organização das modalidades em ambiente universitário. “Essa medalha de prata já mostra que nosso esforço gerou resultados significativos. Para o ano que vem, pretendemos manter o time e trazer o ouro”, projeta.
Medalhista de prata no individual Clash Royale, Daniele Vieira também elogia o nível dos jogos e cobra mais participação feminina. “O nível é bastante competitivo, refletindo o crescimento do interesse e das habilidades dos jogadores”, diz a estudante de Enfermagem. “As competições atraem talentos diversos, promovendo um ambiente vibrante e dinâmico, embora ainda haja espaço para melhorar a inclusão e a diversidade, especialmente em termos de representação feminina”, pondera.
Para Pedro Lima, da equipe de Free Fire, os JUBs ainda estão um degrau abaixo dos campeonatos profissionais, mas têm nível avançado e contam com “times e jogadores com potencial para chegar nas ligas nacionais”. O aluno de Geofísica considera que o apelo dos eSports não é um fenômeno de momento. “Isso já é antigo. Há alguns bons anos, o mundo dos eletrônicos vem batendo recordes financeiros e de admiradores. Jogos eletrônicos não têm data de validade e nem limite de idade”, observa.
UNIVERSO GAMER – A Pesquisa Game Brasil divulgada este ano indica que 73,9% da população brasileira tem a prática de jogos eletrônicos nas diversas plataformas digitais como hábito. Segundo o levantamento, pelo menos do ponto de vista recreativo, os jogos têm diversidade de público. A maioria dos jogadores é mulher (50,9%), e negros e pardos somam 52,3% dos praticantes. As classes B e C concentram mais de três quartos dos jogadores.
Pedro Lima avalia que a popularização dos jogos se deve ao acesso às tecnologias. “A maioria das pessoas que conheço tem celular e poderia jogar Free Fire, se apaixonar pelo jogo e passar a assistir campeonatos”, diz. “Isso pode não ser verdade para jogos de computadores ainda, mas acredito que é uma tendência que só vai crescer conforme as tecnologias fiquem mais acessíveis.”
Representante do time de Counter Strike 2 da UnB, Pedro Venzi entende a popularização da internet como divisor de águas no crescimento dos eSports. “Os eSports se destacam como um fenômeno depois que a internet realmente se tornou parte das nossas vidas”, diz o estudante de Engenharia da Computação. Ele aponta o período recente de pandemia global como outro fator de massificação dos jogos. “Houve um boom de popularidade com as pessoas em casa jogando”, avalia.
“Os esportes eletrônicos nada mais são do que uma extensão do que a gente já conhece [dos esportes convencionais], só que em outro formato. Talvez mais em tom com os tempos atuais. Os princípios, os comportamentos e o jeito com que se constroem as histórias são extremamente similares”, analisa Venzi.
CORUJAS VERDES – A presença organizada da UnB nos eSports tem o apoio do Green Owls, o clube de modalidades eletrônicas registrado na Coordenação de Esporte e Lazer (CEL/Deac/DAC). Para a medalhista Daniele Vieira, os “Corujas Verdes” são um dos clubes mais estruturados da Universidade e se destacam pela assistência psicológica e pelo estímulo à participação. “Essa abordagem não apenas melhora o desempenho individual, mas também eleva o nível do Clash Royale, criando um ambiente competitivo e colaborativo que impulsiona o crescimento de todos os jogadores”, diz.
“Sempre estão disponíveis para resolver qualquer problema que venhamos a ter em relação a nossos jogos e campeonatos. E o maior diferencial deles é a preocupação com o jogador; o fato de proporcionarem psicólogos para nós é a prova de como se preocupam”, acrescenta Pedro Lima.
Acompanhe a cobertura da participação da UnB nos eSports e nas demais modalidades dos JUBs 2024 pelos canais da Secretaria de Comunicação e pela UnBTV. Confira o calendário dos jogos.
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