REPRESENTATIVIDADE

Programação em torno do 29 de janeiro discute efetividade de ações afirmativas e reforça o caráter diverso e plural da instituição

Hasteamento da bandeira trans no mastro da Reitoria, nesta quarta (29), é uma das ações no contexto da Semana da Visibilidade Trans da UnB. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

A data de 29 de janeiro marca o Dia Nacional da Visibilidade Trans, que fortalece a diversidade e dá voz à luta diária vivenciada por esta comunidade. Tendo a pluralidade como uma de suas marcas, a Universidade de Brasília, por meio da Coordenação LGBTQIA+ da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), realiza até o dia 30 a Semana da Visibilidade Trans da UnB.

Na segunda-feira (27), a aula aberta Transicionar para pertencer abriu a programação da semana e retratou a implementação de cotas trans em universidades públicas no Brasil. Em 2024, a UnB aprovou a adoção de cotas para pessoas trans, destinando 2% das vagas de todas as formas de ingresso na graduação a essas pessoas.

Maktus da Silva, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB, ressaltou a importância do movimento estudantil para a conquista. Contou da “marcha pelas cotas trans”, realizada dentro da Universidade, e sobre reuniões acerca do tema na Câmara de Ensino de Graduação. “Os esforços foram feitos para que a gente pudesse ter a garantia de que, a cada processo seletivo da Universidade, pelo menos uma pessoa trans seria chamada”, recorda.

RETRATO – Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 72% das pessoas trans não têm o ensino médio completo e 56% não têm ensino fundamental completo no Brasil. De acordo com Lucci Laporta, ativista e assessora do deputado distrital Fábio Félix (PSOL), da falta de acesso à educação decorrem outros problemas: “A gente não tem oportunidade, inclusive, de ter acesso ao mercado de trabalho. Noventa por cento de nós, então, precisamos recorrer à prostituição”.

Esses fatores geram marginalização e exclusão da comunidade trans. Para Laporta, políticas afirmativas como as cotas são necessárias “para que a gente comece a fazer com que pessoas trans deixem de ser seres exóticos”. Desde 2017, a UnB garante o uso do nome social às pessoas trans e travestis. Além disso, cumpre, desde 2021, reserva de vagas de estágio para esse público.

A aula aberta foi mediada pelo estudante de pós João Vitor Gonçalves e contou com a presença de Lucci Laporta, da professora Jaqueline Gomes de Jesus e do professor Renato Dias. Imagem: Reprodução

 

PASSO ALÉM – Em 2022, a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) aprovou o sistema de cotas para pessoas trans. Um dos convidados da aula aberta, o professor Renato Dias, ex-vice-reitor da FURG, destacou a importância de garantir não apenas o ingresso, mas a permanência deste público nas universidades, até a conquista do sonhado diploma.

“Ações afirmativas não são só cotas”, acrescentou a primeira gestora do sistema de cotas da UnB, professora Jaqueline Gomes de Jesus. Ela sugeriu como ação possível o desconto em impostos a empresas que contratem pessoas trans.

PROGRAMAÇÃO – Em continuidade à Semana de Visibilidade Trans, nesta quarta-feira (29) acontece o hasteamento da bandeira do movimento no mastro na Reitoria da UnB, às 8h. Na quinta-feira (30), no ICC Sul, ocorre a mostra cultural Xica Manicongo, às 13h.

Em 5 de fevereiro, a reitora Rozana Naves estará presente em audiência pública da Câmara Legislativa do Distrito Federal para debater cotas trans em universidades. A sessão no Plenário da CLDF, às 10h, será presidida pelo deputado distrital Fábio Félix e terá a presença de autoridades.

 

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB. 

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.