A pandemia de covid-19 afetou a vida de milhões de pessoas em diversas dimensões, entre elas na formação educacional e profissional. Essas mudanças também repercutem nas leituras de mundo e quanto às trajetórias individuais e coletivas.
O interesse de pesquisadores do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de Brasília pelo estudo das inter-relações, com foco no enfrentamento pessoal neste momento de crise sanitária, motivou o desenvolvimento da pesquisa Mudanças em crenças e valores no enfrentamento de situações emergenciais – A continuidade da educação e do trabalho.
A proposta é analisar as ressignificações de mundo entre a comunidade acadêmica da UnB, durante e após a pandemia, com relação à continuidade dos estudos e da carreira profissional. Coordenado pela professora do IP Silviane Barbato, o projeto é vinculado ao Laboratório de Psicologia no Espaço Público e suas Interdisciplinaridades (Ágora Psyché) e conta com a participação de docentes e discentes da Universidade, além de parceria com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
O estudo começou a ser realizado no princípio da pandemia, para que o impacto inicial nos indivíduos avaliados pudesse ser percebido. É de interesse entender a relação das pessoas neste período, como as mudanças trazidas por este contexto são entendidas e como serão produzidas interpretações no futuro. Relatos de voluntários serão colhidos ao longo de três anos por meio do WhatsApp, enviados por áudios, podendo ser acompanhados de imagens, desenhos e, até mesmo, hipertextos.
Para Silviane Barbato, é preciso compreender as consequências da pandemia na educação e nas atividades laborais das pessoas, para que possam ser criados mecanismos e protocolos que as auxiliem a continuar estudando, independente do momento, idade e motivos que possam vir a ser obstáculos.
“Isso é importante para que possamos entender como as pessoas estão lidando com isso. São possibilidades de interpretação que servem, inclusive, para alimentar informações de futuras intervenções e para podermos criar protocolos de apoio para o planejamento de atividades escolares, de formação profissional inicial e continuada e permanência na graduação”, afirma a docente.
ANDAMENTO – Atualmente, o projeto está no sexto mês de coleta de relatos. A proposta é que sejam realizados três tipos de estudo de caso: um com a participação de estudantes de graduação em fóruns de discussão na internet, em diferentes momentos, durante e após o isolamento social; outro, também nesses dois contextos, envolvendo a elaboração de semanários e de diários de bordo em que professores e estudantes de graduação e pós-graduação relatem suas experiências; e um último de recorte longitudinal – método que analisa, ao longo de um período, as mudanças nas características do objeto pesquisado –, com adesão de docentes e discentes voluntário e duração de dois anos.
Para que os participantes possam ser analisados nas atividades, serão aplicados métodos distintos: análise do discurso (pragmática e dialógica), da conversação, microgenética – que envolve o acompanhamento minucioso da formação de um processo em determinado período – e, por fim, de interações.
No que diz respeito aos processos educacionais e profissionais, questões como formação, trabalho, permanência na escola e na educação superior, entre outras, serão avaliadas, para que seja possível entender como esses aspectos estão sendo interpretados.
A coordenadora do projeto aponta que a ideia é saber dos participantes “como estão interpretando a si, o outro, o mundo e as situações que enfrentam nesse momento de distanciamento social, e como isso vai reverberar no futuro, quando sairmos do distanciamento e for passando o tempo em relação a este contexto”.
A expectativa é que, com esse estudo, seja produzido conhecimento sobre os processos de continuidade dos estudos e do trabalho em períodos atípicos, como o atual, ou até mesmo em momentos de desastre. Assim, poderão ser elaboradas políticas públicas eficientes com enfoque nessas questões.
FINANCIAMENTO – O projeto foi contemplado com financiamento em edital do Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à covid-19 (Copei) e dos decanatos de Pesquisa e Inovação (DPI) e de Extensão (DEX) para viabilizar apoio às ações da UnB de enfrentamento à pandemia. A verba já foi repassada à equipe.
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Outra ação da UnB visa viabilizar o apoio a projetos de pesquisa, extensão e inovação da instituição com foco no combate à covid-19 que não foram selecionados no edital. Trata-se de um fundo de arrecadação de doações, criado pelo Copei, em convênio com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).
Pessoas e empresas do Brasil e exterior podem contribuir com recursos para as iniciativas pelo link: https://www.finatec.org.br/doacaoprojetos/form. É possível doar por meio de depósito bancário, boleto, cartão de crédito ou PayPal. Para doações em serviços, materiais ou equipamentos, é preciso, primeiro, articular a ação junto ao DPI, por meio do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
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