COVID-19

Crescimento na taxa de ocupação de leitos de UTI já havia sido apontado em dezembro. Pesquisadores fazem recomendações ao governo local

 

Vigilância com busca ativa, isolamento precoce de contaminados e identificação de focos de contaminação são medidas que poderiam ter sido adotadas para prevenir a atual situação vivida no DF. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

 

A pandemia de covid-19 tem sido um grande desafio para o Brasil, e no Distrito Federal, o cenário não conta com boas notícias. A unidade federativa encontra-se em lockdown, com toque de recolher entre 22 horas e 5 horas até o dia 22 de março, na tentativa de conter a alta de contaminações pelo vírus Sars-Cov-2, causador da covid-19.

 

Os dados registrados pelas autoridades públicas mostram que, assim como acontece em outras partes do país, a região nunca esteve pior. A taxa de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de covid-19 com suporte de ventilação mecânica chegou a 96,48% na manhã desta quarta-feira (10), segundo dados disponibilizados pelo Info Saúde-DF da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).

 

A equipe do Observatório de Predição e Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (PrEpidemia) vem acompanhando e desenvolvendo estudos relacionados à covid-19 no DF. Por meio de notas técnicas, boletins, informativos e painéis geográficos, a iniciativa busca prover informações que possam auxiliar na tomada de decisões dos gestores públicos. O trabalho de especialistas da UnB tenta tornar mais próxima uma realidade de contenção do avanço do Sars-Cov-2 no Distrito Federal e na Região Integrada de Desenvolvimento (Ride).

 

>> Confira também: Especialistas da UnB comentam colapso da saúde no DF em meio à pandemia

 

Além disso, o projeto tem lançado projeções relacionadas ao desdobramento da pandemia. Os pesquisadores do Observatório revelaram, em boletim publicado em dezembro de 2020, que 19 regiões administrativas (RAs) do DF apresentavam uma estimativa do número de reprodução do Sars-Cov-2 acima de 1, o que significa crescimento na taxa de transmissão e consequente aumento de casos. Um índice igual a 1 indica estabilidade na contaminação e abaixo desse número, decréscimo. No fim de dezembro, Itapoã possuía o maior índice do DF, com taxa de 1,21.

 

Edilson Bias, professor do Instituto de Geociências (IG) e coordenador do projeto, destaca que, anteriormente, as autoridades já haviam sido alertadas de que a abordagem escolhida em 2020 para enfrentamento à pandemia poderia ter como consequência o atual quadro epidemiológico.

O professor Edilson Bias destaca a necessidade das autoridades repensarem o posicionamento nas ações para enfrentar o vírus. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

“Seria necessário mais de um ano com as atividades reduzidas para conter a epidemia, aplicando no controle e acompanhamento uma abordagem de vigilância epidemiológica semelhante à adotada em alguns países da Ásia e da Oceania”, avalia.

 

O coordenador do Observatório detalha, ainda, que o crescimento de casos apresentado no boletim vem ocorrendo desde o final de novembro, momento em que as taxas de reprodução da covid-19 passaram a se manter acima de 1. De acordo com informações do Governo do Distrito Federal, a quantidade de leitos com suporte de ventilação mecânica e de leitos de UTI privados aumentou de 325, em 8 de dezembro, para 350, duas semanas depois.

 

“Isso já era um indicativo para maior cuidado dos órgãos do governo nas flexibilizações, sobretudo na fiscalização de ambientes de grande aglomeração”, opina o professor Bias.

 

RECOMENDAÇÕES – Na comparação com dados obtidos no final de dezembro, os pesquisadores do Observatório apontam crescimento de 30,6% na taxa de ocupação de leitos. Desde então, houve redução no número de leitos de UTI no DF. “Diante do atual quadro, não ocorreu a recomposição, pois caso ocorresse, estaríamos em uma situação mais confortável, relativamente à ocupação desses leitos”, diz Edilson Bias.  

 

O último boletim de 2020 trouxe, como recomendação ao governo local, a indicação de investimento em inteligência epidemiológica e geográfica e a manutenção de atividades educativas. Para os especialistas, é importante que a população continue a ser informada sobre a importância da manutenção do distanciamento, das medidas de higiene e uso de máscaras. 

Utilizar resultados de testes para determinar as regiões que demandam mais leitos de UTIs é uma das recomendações da equipe de especialistas da UnB aos gestores de políticas públicas. Foto: Lúcio Bernardo/Agência Brasília

 

No caso da inteligência epidemiológica, o objetivo é compreender os meios de contaminação que necessitam de melhor controle. Uma sugestão seria entrevistar indivíduos que tenham confirmação de infecção recente e identificar os possíveis locais de contaminação, para definir protocolos mais efetivos e adaptados a cada contexto.

 

Ao recomendar o uso da inteligência geográfica, os cientistas esperam que o governo do Distrito Federal possa vincular a disponibilidade de leitos hospitalares e prever necessidades futuras. Isso seria possível por meio da análise da contaminação em cada região do DF, tendo como base os testes positivos. Dessa forma, abre-se a possibilidade de gerar protocolos regionais que subsidiem a tomada de decisões pelos gestores públicos.

 

FUTURO – “O distanciamento social, vinculado ao processo vacinatório, representa o meio mais eficaz de controle”, destacou Edilson Bias. Segundo o pesquisador, a população ainda precisará esperar que todos sejam vacinados para que as atividades cotidianas voltem à normalidade. Caso as atuais medidas impostas pelo governo local sejam afrouxadas, o professor prevê que a população sofrerá com o avanço da covid-19 no DF, uma vez que isso irá refletir na ocupação de leitos de UTI e, por consequência, levar à maior letalidade.

 

Leia também:

>> Mais do que celebrar, um dia para fazer a diferença

>> Especialistas da UnB comentam colapso da saúde no DF em meio à pandemia

>> Mesa-redonda sobre diversidade abre o 2º Seminário Mulheres na Ciência

>> Professoras e alunas ajudam a tornar academia um ambiente mais acolhedor a outras mulheres

>> Consuni indefere nove recursos de estudantes expulsos por fraudes nas cotas

>> Mensagem da reitoria pelo Dia Internacional da Mulher

>> Hospital Universitário é referência para tratar reação grave à vacina contra covid-19

>> DPG lança editais de auxílio financeiro a estudantes dos programas de pós-graduação

>> Cepe discute proposta para calendário acadêmico de 2021

>> Matemática da UnB entra no ranking QS

>> Reintegração é o mais novo serviço disponível por peticionamento eletrônico

>> Reitora retoma diálogo com servidores das unidades administrativas

>> Em parceria, UnB e IFB promovem evento on-line sobre mulheres e educação

>> UnB e IFB realizam programação unificada em março em alusão ao Mês da Mulher

>> UnB divulga guia de recomendações para prevenção e controle da covid-19

>> Em webinário, DPI lança portfólio e painéis com dados sobre infraestrutura de pesquisa e inovação da UnB

>> Webinário apresenta à sociedade projetos de combate à covid-19

>> Copei divulga orientações para trabalho em laboratórios da UnB durante a pandemia de covid-19

>> Coes publica cartilha com orientações em caso de contágio pelo novo coronavírus

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.