LETRAS

Mais de 2 mil alunos já passaram pela iniciativa, que preza pelo acolhimento e intenção de amenizar o conflito inicial entre o estudante e o idioma

Aulas remotas são oportunidade para que imigrantes em vulnerabilidade e refugiados possam participar do projeto de qualquer lugar do país. Imagem: Reprodução

 

O idioma pode ser um obstáculo para aqueles que precisam, por alguma razão, sair de seu país e adaptar-se à rotina de um novo território. Para refugiados e imigrantes em vulnerabilidade, isso tende a se agravar. Tendo essa questão em vista, a professora da Universidade de Brasília Lúcia Barbosa, vinculada ao Departamento de Línguas estrangeiras e Tradução do Instituto de Letras (LET/IL), desenvolveu, em 2013, o projeto ProAcolher: Português Língua de Acolhimento, que ensina gratuitamente português a refugiados e imigrantes em Brasília. 

 

Com o avanço da pandemia de covid-19 em 2020, as aulas, antes presenciais, passaram a ser remotas e abriu-se a possibilidade de alcançar estudantes em outras localidades. No semestre passado, o projeto contou com mais de 500 inscrições, do Brasil e de outros países. Lúcia Barbosa destaca que o tempo e a experiência são excelentes professores e que a equipe tem levado a sério as lições dadas pelos alunos. Ela acrescenta: “O futuro nos mostrará a melhor direção ou a direção possível”.

 

A ideia do projeto veio quando Lúcia foi procurada por um refugiado africano que queria aprender português. “Embora o Neppe  [Núcleo de Ensino e Pesquisa em Português para Estrangeiros] possua uma estrutura fortemente qualificada para a oferta de cursos de português para estrangeiros, eles são pagos. Percebi que essa necessidade estava vindo de pessoas que não tinham meios para frequentar um curso pago”, explica a coordenadora. 

 

“A criação do projeto foi motivada pela demanda que chegou ao meu conhecimento quando estava dando meus primeiros passos como coordenadora do Neppe”, destaca Lúcia Barbosa. Na visão da docente, era necessária uma ação imediata no campo de ensino de português para estrangeiros. Isso porque havia uma urgência do público-alvo, que precisava do idioma para que pudesse executar tarefas relacionadas à sobrevivência da família em sociedade no novo país. Com isso, um grupo se dispôs a atuar em atenção à questão.

 

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A denominação usada no nome do projeto, “língua de acolhimento”, vem de Portugal. A definição, no entanto, foi idealizada na UnB, e de forma resumida, significa receber o indivíduo de modo acolhedor. O verbete foi, inclusive, publicado no Dicionário Crítico de Migrações Internacionais, como parte de uma colaboração com o Observatório de Migrações Internacionais da UnB (OBMigra).

Para a professora Lúcia Barbosa, a experiência do projeto tem sido gratificante e acolhedora. A docente tem boas expectativas quanto ao futuro da iniciativa. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

AMPLIAÇÃO – Uma das surpresas encontradas pela equipe ao longo do projeto foi a presença de pessoas analfabetas. “Essa outra nova e forte realidade exigiu que o grupo criasse formatos pedagógicos que atendessem às expectativas e especificidades que identificamos”, lembra Lúcia Barbosa.

 

Desde 2013, o projeto vem sendo ampliado, e a equipe foi aumentando. Juntaram-se ao time estudantes de graduação de Letras, Design e Relações Internacionais, além de pós-graduandos. O reforço também se deu com duas professoras da rede pública de ensino do Distrito Federal, o que possibilitou ofertas sistemáticas de turmas em uma escola de Ceilândia e no Centro Integrado de Línguas (CIL) do Guará, antes da pandemia de covid-19.

 

O aumento da oferta mostrou a necessidade de estudos sobre essa nova construção na formação linguístico-cultural de grupos em situação de vulnerabilidade. “Graças aos voluntários que se dispõem a manter essa chama de acolhimento linguístico-cultural, temos conseguido estudar com afinco”, afirma a coordenadora.

 

O projeto já atendeu mais de 2 mil pessoas e serviu de inspiração para iniciativas semelhantes na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems). “Nessas duas universidades, o atendimento linguístico-cultural ganhou força e cresceu. Estivemos também na Universidade do Piauí (UFPI), onde estabelecemos uma parceria e inauguramos o primeiro Projeto de Extensão de Português para Imigrantes”, recorda.

 

Na esfera da UnB, a parceria com o curso de Design resultou na elaboração de material didático básico, que atende aos dois primeiros níveis – Acolher 1 e 2 – oferecidos nesse tipo de formação. A professora Fátima dos Santos, que ministra a disciplina Programação Visual 1, é a responsável pela articulação dessa iniciativa. 

 

AJUDA E CONTATO – O ProAcolher é um projeto sem fins lucrativos, que funciona com base em apoiadores e trabalho voluntário. A iniciativa necessita de colaboradores e doações para continuar seu trabalho e precisa, sobretudo, de materiais escolares e itens para impressão do conteúdo didático.

 

É possível entrar em contato com o projeto pelo endereço eletrônico Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. A iniciativa também pode ser acompanhada no Instagram e Facebook.

 

*Matéria atualizada em 9 de abril para correção de informações 

 

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