Último evento presencial promovido pela UnB antes que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecesse a pandemia do novo coronavírus, o #InspiraUnB do primeiro semestre de 2020, ocorrido em março daquele ano, contou com palestras sobre o passado, presente e futuro da ciência no Brasil. Na ocasião, o líder indígena Ailton Krenak, na tradicional recepção diurna dos calouros, e o neurocientista Sidarta Ribeiro, na edição noturna, defenderam a coletividade, a expansão dos horizontes acadêmicos e apontaram caminhos para a valorização da ciência nacional.
Em 12 de março, dia seguinte à palestra de Sidarta, o Governo do Distrito Federal decretou medidas para enfrentamento à ameaça sanitária. A Universidade, que já havia se antecipado na identificação dos cuidados ensejados pela situação, seguiu as determinações e suspendeu as atividades presenciais.
“Mantivemos apenas as atividades essenciais nos campi, passando tudo o que fosse possível para o modo remoto. O semestre ficou interrompido por quase cinco meses, para que pudéssemos planejar a volta com responsabilidade e dar o suporte necessário a docentes, técnicos e estudantes”, relembra a reitora Márcia Abrahão.
À distância, as celebrações do aniversário da Universidade, em abril de 2020, ganharam outro significado, com desejo de dias melhores e esperança na recuperação da pandemia, para que a comunidade acadêmica pudesse vivenciar a ocasião futuramente em um encontro presencial.
Agora, em abril de 2021, a UnB celebra seus 59 anos e, pela segunda vez, tem a efeméride festejada sem estudantes, técnicos e professores presentes nos campi. Ainda assim, a instituição demonstra sua vivacidade e destaque, contribuindo com estratégias para solucionar a atual situação sanitária dentro e fora de seus muros. Relembre as ações institucionais em mais de um ano da pandemia de covid-19.
PLANEJAMENTO E VIGILÂNCIA – Antes mesmo do novo coronavírus ter chegado oficialmente ao país, a UnB já acompanhava o aparecimento dos primeiros casos da doença. Como resposta, foi instituído o Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde da Covid-19 (Coes), responsável por prestar informações relacionadas à evolução da pandemia à administração da Universidade e auxiliar no planejamento de ações para mitigar os efeitos sobre a comunidade acadêmica.
O Guia de Recomendações de Biossegurança – formulado pelo Coes –, o Plano de Contingência da UnB e o Plano de Retomada das Atividades – desenvolvido pelo Comitê de Coordenação de Acompanhamento das Ações de Recuperação (Ccar) – foram alguns dos documentos institucionais elaborados para instruir as unidades acadêmicas e administrativas na adaptação ao novo cenário.
O professor de epidemiologia da Faculdade UnB Ceilândia (FCE) e presidente do Coes, Wildo Navegantes, destaca que houve uma grande mobilização na criação do Plano de Retomada. O documento traz informações sobre cada etapa de recuperação da pandemia na UnB segundo a atualização do cenário epidemiológico.
“Para este produto, a Reitoria, junto ao restante da comunidade universitária, mobilizou diferentes atores da administração central, como também das unidades espalhadas nos diferentes campi, com participantes de diversas matrizes, para construir diferentes saídas estratégicas para a retomada”, explica.
Além disso, a instituição criou uma estrutura para auxiliar no monitoramento das condições de saúde de estudantes, docentes e técnicos. A Coordenação de Assistência e Vigilância em Saúde da Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária (Coavs/Dasu) vem desenvolvendo estratégias em inteligência epidemiológica, para contribuir com a administração superior nas tomadas de decisão.
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APOIO – As articulações administrativas e acadêmicas, neste período de pandemia, foram pensadas para possibilitar que o calendário acadêmico seguisse da maneira mais segura possível. Uma das respostas da UnB ao novo cenário foi a retomada das aulas no modo remoto emergencial, em agosto de 2020. Esforços foram concentrados para garantir que os estudantes, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica, pudessem continuar os estudos neste formato.
Um levantamento inédito, realizado pelo Subcomitê de Pesquisa Social do Ccar, traçou o perfil socioeconômico da comunidade acadêmica e identificou as condições de acesso a recursos tecnológicos e internet. Com base nos resultados, foram lançados editais de inclusão digital, que previa a disponibilização de auxílio financeiro, equipamentos eletrônicos e acesso à internet a grupos com baixa renda.
Graças à iniciativa, mais de 2.500 alunos conseguiram recursos para acompanhar as atividades acadêmicas on-line. “A Universidade teve que fazer um esforço para construir condições mínimas, por meio de editais de inclusão digital, para que os estudantes pudessem acompanhar de forma igualitária as aulas. Foi um grande esforço coletivo e solidário”, destaca o vice-reitor Enrique Huelva, que também preside o Ccar.
Cartilha com orientações para o retorno do semestre letivo foi divulgada pelo Decanato de Ensino de Graduação (DEG) e foi constituído o Núcleo de Apoio às Atividades Acadêmicas Remotas, com uma equipe de tutores para tirar dúvidas sobre a utilização dos ambientes virtuais de aprendizagem.
Professores puderam aproveitar iniciativas de formação promovidas pelo Centro de Educação a Distância (Cead) para se atualizar quanto ao uso das plataformas de ensino remoto e a adoção de metodologias inovadoras. Mais de 1.300 servidores também foram capacitados, com apoio da Coordenação de Capacitação (Procap), em cursos remotos, incluindo aqueles para o uso das ferramentas que passaram a ser adotadas no teletrabalho.
Também foram desenvolvidas ações para a promoção da saúde mental entre a comunidade acadêmica, tendo em vista os impactos da pandemia. As iniciativas foram conduzidas pela Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária do Decanato de Assuntos Comunitários (Dasu/DAC).
Para avaliar as condições psicossociais de estudantes, técnicos e docentes neste período, a Dasu também conduz uma pesquisa, com eixo quantitativo e qualitativo, cujos dados contribuirão para a formulação da Política de Saúde da Universidade de Brasília.
CIÊNCIA COMO ALIADA – A reitora Márcia Abrahão frisa que o quadro epidemiológico evidenciou a necessidade de investimento perene em ciência, tecnologia e educação. “Os países que melhor têm se saído são os que levam as recomendações da ciência a sério", afirma. "Percebemos que boa parte das soluções de enfrentamento [à pandemia] no Brasil, como pesquisas, protótipos, vacinas ou mesmo o estudo da genética do vírus ou de várias áreas do conhecimento, partem de instituições públicas como a Universidade de Brasília."
Enrique Huelva considera que as atuais dificuldades são superáveis, partindo-se, principalmente, de mecanismos básicos que constituem a essência da UnB, como o conhecimento científico e o diálogo. “Esses dois mecanismos são as peças-chave nesse processo de aprendizagem e mostram que é possível superar os efeitos da pandemia no cotidiano da Universidade”, aponta.
Não à toa, a Universidade apoiou-se na ciência para buscar soluções para a crise sanitária, atuando na pesquisa, na extensão e na inovação. Além disso, a Universidade articulou-se para emprestar equipamentos e ceder servidores ao Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF), com o intuito ampliar a realização de testes de diagnóstico da covid-19; produziu face shields e máscaras cirúrgicas para entregar aos hospitais; e firmou parceria para favorecer o acesso a informações de inteligência relacionadas à pandemia.
Para o presidente do Coes, Wildo Navegantes, a UnB tem tido papel fundamental frente à sociedade do Distrito Federal e do Brasil no combate ao novo coronavírus. A exemplo, ele menciona a participação da instituição, junto ao Hospital Universitário de Brasília (HUB), em 2020, na fase de testes da Coronavac, imunizante hoje utilizado em todo o país. “Estamos respondendo, por exemplo, às lacunas do conhecimento científico ao ajudarmos nos estudos de vacina para covid-19, além de produzirmos de álcool em gel na nossa Farmácia Escola, entre outros”, lembra.
Essas e outras ações demonstram o protagonismo da Universidade no enfrentamento à covid-19 e evidenciam a relevância da UnB ao longo de quase seis décadas.
A UnB QUEM FAZ É A GENTE – Diante do contexto de pandemia de covid-19, a UnB tem mobilizado diversas ações para acolher sua comunidade e apoiá-la no enfrentamento às adversidades impostas no atual cenário. É nesse sentido que foi idealizada a campanha institucional A UnB quem faz é a gente, estratégia de comunicação que busca reconhecer, valorizar e incentivar a atuação coletiva na superação dos desafios em curso, bem como reunir informações sobre iniciativas, programas e serviços para orientar os segmentos universitários nestes novos tempos.
*Matéria atualizada em 8 de abril, para correção e acréscimo de informações.
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