A vacina contra o novo coronavírus é algo que muitas pessoas anseiam, entretanto, há quem se mostre resistente em relação a nacionalidade da provável imunização. É o que aponta o estudo Brasileiros resistem a vacinas da China e da Rússia realizado pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública (CPS/UnB). A pesquisa mostra a relação de interesse de 2.771 brasileiros quando a vacina foi associada a outros países.
“Queríamos investigar a intenção de vacinação dos brasileiros contra a covid-19 e entender melhor os fatores associados à maior ou menor disposição em tomar a vacina, quando ela estiver disponível. Testamos alguns argumentos e também a associação da vacina à nacionalidade de alguns fabricantes cujas pesquisas já estão em fase adiantada de testes. É o caso da China, da Rússia, dos Estados Unidos e da Inglaterra”, informou Wladimir Gramacho, coordenador do estudo e do CPS.
O estudo é uma parceria entre a Universidade de Brasília, a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Western University, do Canadá. Para a pesquisa, foram realizadas entrevistas, de 23 de setembro a 2 de outubro, com brasileiros de diferentes regiões, classes sociais e idades.
Para analisar a questão da nacionalidade da vacina, cinco versões de uma mesma pergunta foram utilizadas. Uma das versões serviu como “grupo de controle” e não contou com a indicação sobre a origem do antivírus, em outras versões foram indicadas a origem de produção. Os entrevistados foram sorteados de forma aleatória para responder uma das cinco versões da pergunta.
Quando a vacina foi relacionada à China a intenção de vacinação reduziu em 16,4%; à Rússia, -14,1%; aos Estados Unidos, -7,9%; e à Inglaterra, -7,4%. A pesquisa ainda destaca que 78,1% dos entrevistados dizem ter alguma ou muita chance de serem vacinados, enquanto 21,9% afirmam ter nenhuma ou pouca chance.
POLITIZAÇÃO – “Entre os mais propensos a se vacinarem estão pessoas com mais de 60 anos de idade, homens, e brasileiros com maior escolaridade e de classe social mais alta. Entretanto, os resultados também mostram que há uma associação muito forte com as preferências políticas”, destacou Wladimir.
Segundo o estudo, a divergência ideológica ligada à política pode ter impacto nos padrões comportamentais da população brasileira, em especial quando a vacina vira pauta. Foi identificado com o estudo que 27% das pessoas que apoiam o presidente Bolsonaro estariam dispostas a se vacinarem no caso de uma produção chinesa, já entre os opositores a porcentagem quase dobra (54%), levando em consideração a origem da vacina.
O coordenador do estudo ainda destaca a importância de uma maior unidade no discurso de autoridades políticas e sanitárias. Ele acredita que isso trará melhores informações e mais segurança em relação ao processo de vacinação.
“Infelizmente, no Brasil, como em alguns outros países, a pandemia foi partidarizada e essa divisão entre as elites políticas parece ter aprofundado uma divisão social também sobre o que fazer. Está passando da hora de um pacto político a favor da segurança sanitária no país.”
RESPOSTA ESTÁ NOS TESTES – Para especialistas não envolvidos com o estudo, os testes da vacina devem ser levados em consideração antes de qualquer outra característica. “A vacina, quando for aprovada, tem de ser aprovada porque passou por vários testes. Então, se os testes forem positivos, não tem por que as pessoas não se vacinarem. Não tem por que ficar com medo da vacina, até mesmo porque elas estão passando pelos testes aqui no Brasil. A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] vai avaliar esses resultados e, se considerar que o resultado é positivo, não tem por que não tomar. O problema maior está sendo essa desinformação”, observa Bergmann Ribeiro, professor do departamento de Biologia Celular da UnB.
“As vacinas hoje em dia são muito seguras: para liberar uma vacina, existem muitos processos. Acho que isso não é claro para as pessoas. Essa classificação das vacinas quanto a sua origem e a transformação disso num palco político-partidário é muito ruim. Pelo contrário, o que devemos fazer, neste momento, é fortalecer a ciência. Temos que começar a educar para a vacina. Agora é um momento importante para as pessoas entenderem as etapas e os critérios de liberação de vacinas para garantem que sejam seguras”, destacou Jonas Brant, professor no departamento de Saúde Coletiva da UnB.
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